Boletim Unicap

Desigualdade e pobreza na América Latina são tema de seminário

A Cátedra Adenauer Unicap viveu um momento histórico na noite desta quinta-feira (17) com o lançamento do livro Inversión en Infraestructura Pública y Reducción de la Pobreza en América Latina. O evento, organizado pelo assessor de Relações Internacionais da Universidade, professor Thales Castro, foi marcado por um seminário temático que contou com as presenças de representantes da Fundação Konrad Adenauer: Juan Luis Bour (Argentina); Thompson Andrade (Brasil); e Julio Ramirez (Paraguai).

Antes do seminário, o livro foi apresentado ao Pró-reitor Comunitário da Unicap, Padre Lúcio Flávio. “Esta é a quinta edição do livro. Este ano tratamos da questão da infraestrutura e ano que vem discutiremos o meio ambiente”, disse um dos diretores da Fundação, Olaf Jacob. A obra reune pesquisas de treze autores dos principais institutos econômicos de países latinoamericanos. “Vamos construindo os estudos de forma coletiva. Cada pesquisador analisa um colega. É um diálogo franco, aberto”. Segundo a comitiva, as pesquisas vão além dos diagnósticos e já trazem propostas concretas de políticas públicas a serem sugeridas aos governos.

Obra reune estudos de pesquisadores latinoamericanos

E essa foi justamente a dinâmica do seminário. O primeiro a falar foi Juan Luis Bour. Ele abordou o déficit habitacional argentino em consequência do difícil acesso ao crédito imobiliário. “Os argentinos chegam a gastar 30% do orçamento com habitação. Nossa proposta é que seja criado um fundo soberano que financie novas habitações com participação do setor financeiro privado”, explicou ele reassaltando a importância de se construir habitações com qualidade na infraestrutura.

Julio Ramirez explorou os indicadores paraguaios nos serviços de água, eletricidade e telecomunicações. De acordo com dados apresentados por ele, somente 48,9% da população têm acesso à água tratada. O indicador melhora quando se trata de energia: 96,9% possuem eletricidade. Mas na telefonia a situação do Paraguai é pior que a média latina. A cada mil habitantes, 197 têm serviços de telecomunicações. Na A.L são 353 a cada mil. E na zona rural paraguaia a situação é crítica. O índice despenca para três a cada mil habitantes. “Lembro que metade da população vive em áreas rurais”, enfatizou. A solução apontada por Ramirez seria a captação de investimento privado aliada à descentralização dos serviços prestados pelo governo.

O Brasil também foi ponto de discussão. Quem ficou a cargo da abordagem foi o professor Thompson Andrade, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e colaborador da Fundação Getúlio Vargas. Segundo ele, a expansão dos serviços públicos brasileiros não acompanhou o ritmo do crescimento econômico e da queda da desigualdade social na última década. “A situação mais vergonhosa está no saneamento, coleta de lixo e tratamento de esgoto. A nossa proposta é usar o cadastro do bolsa família para identificar e quantificar os mais pobres para, a partir daí, sugerir ao governo a concessão da bolsa saneamento. Seria uma maneira de os mais necessitados poderem arcar com esses custos. Não fazem isso com o gás e com a energia, por que não com a água?”, indagou.

Presenças – o evento foi prestigiado pelo consul do Panamá no Recife, Saulo farias, e pelo representante do Itamaraty, ministro César Leite.

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