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Curso de Fotografia recebe a visita de repórter-fotográfico

Um fotógrafo com muita experiência a compartilhar. Essa frase pode traduzir de maneira breve como foi o encontro de Pedro Luiz com alunos da Universidade Católica de Pernambuco, em sua maioria, estudantes de Fotografia e Publicidade. Com mais de 50 anos de carreira como repórter-fotográfico, Pedro relembrou a trajetória de sua vida e contou histórias que divertiram os que estavam presentes. A palestra aconteceu  no Laboratório de Fotografia, térreo do bloco G.

Pedro Luiz nasceu em João Pessoa, numa família pobre de cortadores de cana. A situação era tão difícil que, aos 10 anos, chegou a pedir esmolas nas ruas. Depois de ficar órfão de pai, a mãe de Pedro criou o Abrigo Jesus de Nazaré para menores de 18 anos. Foi nesse lugar que o fotógrafo começou a estudar.

Trabalhou como cobrador de ônibus e foi nessa fase que adquiriu sua primeira câmera fotográfica. Pouco tempo depois, trocou-a por uma mais atualizada: uma Rolleiflex. “Eu tinha um vizinho que era agiota. Estava querendo comprar uma câmera mais moderna. Então troquei uma espingarda velha por ela. Apesar de não ser a melhor que tinha no mercado, essa câmera me ajudou bastante.”

Foi com a Rolleiflex em mãos que Pedro Luiz começou a exercer a profissão de fotógrafo. Em 1967 foi trabalhar na revista ilustrada “O Cruzeiro”, onde tirava fotos para matérias pagas. A revista fez parte dos Diários Associados de Assis Chateaubriand e foi considerada a principal do século XX.

Pouco tempo depois, Pedro teve vontade de trabalhar em jornal impresso. Apesar de não haver nenhuma seleção para fotógrafos, ele – ousado como sempre – foi até o vespertino Diário da Noite e disse que gostaria de trabalhar lá. “O chefe percebeu minha disposição em fotografar. Depois de fazer um teste improvisado, ele acabou me contratando.”

Foi no Diário da Noite que Pedro relembrou uma das histórias mais engraçadas da palestra. Ele confessou que andava se sentindo um pouco ofuscado, sem fotos muito interessantes para publicar. “Um dia cheguei em casa e percebi que tirar fotos no eixo óptico de uma boca de fogão acesa daria ótimas imagens. Quando cheguei no trabalho, disse a meu chefe o seguinte: “Parece que essas fotos são de um disco voador”.

O chefe acreditou na história de Pedro e as fotos acabaram sendo publicadas na manchete do dia seguinte. Ele foi o primeiro a registrar fotos de um “disco voador”. “Fiquei famoso com isso e mantive a história por muito tempo. Ninguém descobria. Cerca de seis a sete meses depois, um grande amigo meu, me falou para eu nunca mais fotografar bocas de fogão como se fossem discos voadores.”

Apesar desse caso arriscado do disco voador, Pedro Luiz impulsionou a carreira como repórter-fotográfico registrando fatos importantes e reais da sociedade. Entre eles, cenas do período da Ditadura Militar de 69, do desespero da população com a especulação de que a represa de Tapacurá estouraria e da violência urbana – que lhe renderam muitas homenagens e prêmios. O Cristina Tavares foi um deles. Ele recebeu esse prêmio graças a uma sequência de fotos: “Violência toma as ruas do Recife.”

Outra história que marcou a carreira de Pedro foi o registro de um assassinato em frente ao quartel. “A princípio a gente achava que os carros estavam parando por causa de blitz. Mas homens armados começaram a sair de um carro e executaram um homem a tiros”, contou. As fotos do crime foram tiradas de dentro do veículo no qual o fotógrafo se encontrava e foram publicadas sem crédito, para segurança de Pedro.

Ainda assim, capatazes procuraram o fotógrafo no jornal por causa dessas fotos. Depois disso, Pedro Luiz optou por passar um tempo fora do Estado, viajando. Além de ter contado a história que estava por trás de cada registro, Pedro Luiz também deu dicas aos interessados pela fotografia. “Se você for um bom fotógrafo e tiver bom relacionamento com os colegas, não ficará desempregado. Fotógrafo tem que ser dinâmico e se arriscar para se dar bem.”

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