Confira o discurso do diretor da Asces no evento de instalação da Cátedra Chiara Lubich
|Confira o pronunciamento do diretor da Asces, Paulo Muniz, no evento de lançamento da Cátedra Chiara Lubich, realizado nesta terça-feira (25), no auditório G2
CÁTEDRA CHIARA LUBICH DE FRATERNIDADE E HUMANISMO
(UNICAP/ASCES)
25/03/14 – Auditório G2
Magnífico Reitor da Universidade Católica de Pernambuco, Pe. Pedro Rubens Ferreira Oliveira, Eminência Reverendíssima, o Arcebispo de Olinda e Recife, D. Fernando Saburido; Ilustríssima Dra. Maria Voce, Presidente do Movimento dos Focolares; Ilustres professores, pesquisadores e estudantes. Senhoras e Senhores.
O estudo e o aprofundamento do argumento da fraternidade vêm atraindo, nos últimos anos, o interesse de inúmeros pesquisadores. Em diversos espaços acadêmicos, ocupam-se da tarefa de responder, pensar, conceitualizar ou categorizar o estudo da fraternidade desde diferentes disciplinas, a exemplo da historia, filosofia, sociologia, economia, geografia, ciência política, direito, psicologia, teologia e antropologia; da mesma forma, a partir de diversas visões interdisciplinares e profissionais, tais como políticas públicas, estudos urbanos e planejamento, administração pública, saúde pública, comunicação, pedagogia, trabalho social, etc.
Neste contexto, a Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP e a Associação Caruaruense de Ensino Superior e Técnico – Faculdade ASCES, que mantém, desde vários anos, uma profícua e estreita ação colaborativa no campo acadêmico, realizaram, em outubro de 2012, o V Seminário Internacional da Rede Universitária para o Estudo da Fraternidade – RUEF, que teve como tema “Fraternidade, Política e Cultura: uma relação possível”. A RUEF, por outro lado, é uma iniciativa internacional de diálogo acadêmico que promove o estudo e a pesquisa da fraternidade como categoria política, com particular atuação na América Latina. Assim, já promoveu cinco seminários internacionais – realizados na Argentina, Chile e Brasil – e fez publicar uma dezena de livros, em língua espanhola e portuguesa, onde a participação de autores do nosso continente ganha cada vez mais espaço e profundidade.
O êxito que obteve aquele evento – que reuniu cerca de duzentos pesquisadores de doze países, com mais de sessenta trabalhos apresentados – estimulou a Católica e a ASCES em aprofundar tais estudos, agora voltando-se para o pensamento de Chiara Lubich – fundadora do Movimento dos Focolares – a qual, transcendendo a condição de líder espiritual de milhares de pessoas em todo o mundo, constitui-se, também, como inspiradora de novas luzes lançadas em diversas áreas do conhecimento humano, inclusive por meio da fraternidade, que tanto difundiu. Desta forma, a criação da Cátedra Chiara Lubich de Fraternidade e Humanismo, como prosseguimento e consolidação da ação colaborativa entre nossas universidades, visará, dentre outros objetivos, aprofundar a potencialidade inovadora do valor cultural do pensamento de Chiara e do humanismo dele originado.
Para a Faculdade Asces, em particular, a criação desta Cátedra é a afirmação da sua missão institucional, caracterizada por uma formação que vai além do tecnicismo e do desenvolvimento de habilidades, para atingir uma formação integral e humanista dos seus estudantes e para toda a sua comunidade acadêmica. Confirma, por outro lado, aquele que era o desejo expresso pelo seu fundador, o Dr. Tabosa de Almeida. Finalmente, confirma a decisão de fazer da fraternidade um princípio pedagógico e orientador da nossa instituição, sendo esta Cátedra elemento indispensável para atingirmos este objetivo.
Por este motivo, nesta Cátedra, defenderemos a necessidade de discutirmos as políticas públicas à luz da contribuição que a fraternidade – enquanto princípio político – possa agregar às suas definições, passando a ser vista como um novo elemento a ser considerado. Seria a fraternidade, efetivamente apreciada, capaz de provocar um impacto positivo nas iniciativas públicas de atendimento às principais demandas da população, sobretudo aquelas voltadas ao atendimento de suas primeiras necessidades, tais como moradia, educação, saúde, segurança e meio ambiente? Em que aspectos pode a fraternidade influenciar nas políticas públicas, de modo a que as hierarquias sociais sejam cada vez mais aproximadas em seu distanciamento, que hoje se constata?
Por outro lado, não se pode desprezar a importância de movimentos e ações que, explicitamente, defendem que a fraternidade vai muito além do que simplesmente estabelecer padrões de comportamento no âmbito das relações pessoais e privadas. Entendem estes, assim como nós, que, pelo contrário, a fraternidade possui, de fato, uma dimensão pública a ser aprofundada e exercida neste espaço, os quais, se existentes, necessitam ser ampliados. Afinal, diante do quadro de desigualdades em que vivemos, em particular na América Latina, de que maneira a economia e o direito, por exemplo, podem ser vistos e considerados sobre o prisma da fraternidade? Propostas atuais, tais como a Economia Solidária, assim como a Economia de Comunhão, seriam pistas ou sinais que, por destacarem o elemento fraterno, evidenciam alternativas a serem consideradas?
Como se pode observar, o tema da fraternidade já encontra abrigo nos ideais e no imaginário modernos e, cada vez mais, distintos enfoques e perspectivas são revelados pelo debate acadêmico. Sendo assim, iniciativas como essas são indispensáveis ao esforço conjunto para tornar o estudo da fraternidade apto a subsidiar com argumentos poderosos as mais diversas áreas do conhecimento da vida humana. Afinal, o bem-estar e a justiça estão conectados essencialmente ao modo como as pessoas vivem e não apenas à natureza das instituições que as cercam. Entendemos que a temática “Fraternidade e Humanismo”, por meio de argumentos fundamentados, pode resistir ao exame crítico e contribuir para a pluralidade de visões e de ações. Por isso, pretendemos que esta Cátedra possa contribuir com a racionalidade argumentativa, com a análise imparcial e com o esforço teórico e empírico em prol dos estudos sobre a fraternidade.
Concluo este pronunciamento de instalação desta Cátedra, recordando D. Helder Câmara, com quem Chiara Lubich manteve rico relacionamento.
“Dar tudo o que se tem;
Dar tudo o que se é;
Dar-se sempre,
Sem jamais acabar de dar-se”
Que suas palavras nos estimulem neste trabalho que hoje iniciamos e que acompanhe-nos na caminhada. Que todos nós possamos dar o melhor de nós mesmos em favor daqueles que esperam uma sociedade livre, justa e fraterna.
Obrigado.