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Católica lamenta morte de Dom Paulo Evaristo Arns

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Com informações do G1

A Universidade Católica de Pernambuco lamenta o falecimento do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo e símbolo de resistência à ditadura militar no Brasil.

Ele morreu, na manhã desta quarta-feira (14), aos 95 anos. Estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Catarina desde 28 de novembro com um quadro de broncopneumonia e nos últimos dias apresentou piora do sistema renal.

O comunicado da morte do cardeal foi feito em nota divulgada pela Arquidiocese de São Paulo. O arcebispo metropolitano, Dom Odilo Scherer, afirmou que Arns “entregou sua vida a Deus, depois de tê-la dedicado generosamente aos irmãos neste mundo”.

O velório será na Catedral da Sé, no Centro de São Paulo, e deve durar 48 horas. Ele deve ser sepultado na cripta da catedral.

Trajetória em defesa dos direitos humanos

Dom Paulo Evaristo Arns nasceu no dia 14 de setembro de 1921 em Forquilhinha, na região de Criciúma, antiga colônia de imigrantes alemães em Santa Catarina.

Ingressou na Ordem Franciscana em 1939 e iniciou seus trabalhos como líder religioso em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Formou-se em teologia e filosofia em universidades brasileiras. Ordenado sacerdote em 1945, foi estudar na Sorbonne, em Paris, onde cursou letras, pedagogia e também defendeu seu doutorado.

Foi bispo e arcebispo de São Paulo entre os anos 1960 e 1970. Teve uma atuação marcante na Zona Norte da cidade, região em que desenvolveu inúmeros projetos para a população de baixa renda.

Ao longo de sua trajetória, trabalhou ainda como jornalista, professor e escritor, tendo publicado 57 livros. Torcedor fanático do Corinthians, ele sempre exaltou seu amor pelo clube paulista e escreveu o livro “Corintiano Graças a Deus”.

Durante a ditadura militar, destacou-se por sua luta política, em defesa dos direitos humanos, contra as torturas e a favor do voto nas Diretas Já. Ganhou projeção na militância em janeiro de 1971, logo após tornar-se arcebispo de São Paulo e denunciar a prisão e tortura de dois agentes de pastoral, o padre Giulio Vicini e a assistente social Yara Spadini. No mesmo ano, apoiou Dom Helder Camara e Dom Waldyr Calheiros, que estavam sendo pressionados pelo regime militar.

Em 1972, criou a Comissão Justiça e Paz de São Paulo e, como presidente regional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), liderou a publicação do “Testemunho de paz”, documento com fortes críticas ao regime militar, que ganhou ampla repercussão à época.

Presidiu celebrações históricas na Catedral da Sé, no Centro de São Paulo, em memória de vítimas da ditadura militar. Dentre elas, a do estudante universitário Alexandre Vannucchi Leme, assassinado em 1973, e o ato ecumênico em honra do jornalista Vladimir Herzog, assassinado no DOI-CODI, em São Paulo, em 1975.

Atuou ainda contra a invasão da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em 1977, comandada pelo coronel Erasmo Dias, à época secretário de Segurança. Também teve papel importante em favor das vítimas da ditadura na Argentina, em 1976. O ativista de direitos humanos argentino Adolfo Perez Esquivel, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1980, disse que foi “salvo duas vezes” por Dom Paulo Evaristo Arns durante a ditadura no Brasil.

Em 1985, criou a Pastoral da Infância, com o apoio de sua irmã, Zilda Arns, que morreu no terremoto de 2010 no Haiti, onde realizava trabalhos humanitários. Assim como o irmão, Zilda teve trabalho destacado na igreja e foi também fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Por seus feitos, recebeu inúmeros prêmios e homenagens no Brasil e no exterior. Entre eles, o Prêmio Nansen do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), o Prêmio Niwano da Paz (Japão) e o Prêmio Internacional Letelier-Moffitt de Direitos Humanos (EUA), além de 38 títulos de cidadania.

Em 28 anos de arcebispado, criou 43 paróquias, construiu 1.200 centros comunitários, incentivou e apoiou o surgimento de mais de 2.000 comunidades eclesiais de base (CEBs) na capital paulista.

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