Aula pública aborda o respeito à diversidade religiosa

A tenda montada nos jardins da Universidade se transformou num ambiente perfeito para um show acústico. Essa foi a proposta da apresentação do professor Newton Darwin e do músico Percy Marques na abertura da aula pública O canto e o sagrado pelo respeito à diversidade religiosa. A atividade desta quinta-feira à tarde (22) fez parte da Semana de Integração da Católica e Sociedade e foi promovida pelo Instituto Humanitas Unicap (IHU). A mesa foi composta pelo pastor evangélico Paulo César; pela mãe de santo Elza; e pelo coordenador do Núcleo Unicap de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (Neabi), padre Clóvis Cabral.

O professor do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião, Gilbraz Aragão, fez a introdução relevando dados preocupantes sobre o crescimento da intolerância religiosa no Brasil. “Nos últimos três anos, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos registrou 600 ocorrências entre crimes e atentados contra santos e terreiros”.

Para explicar o preconceito contra as religiões de matriz africana, mãe Elza abordou o contexto histórico da escravidão dos negros. “Não conseguiram tirar do negro a sua pertença religiosa. Nossa concepção não é diferente da do cristão. Acreditamos em um único deus”. Ela também defendeu que o diálogo deva ir além da tolerância, buscando o respeito. “A luta contra o preconceito se dá pelo conhecimento do outro”, completou.

A construção de um relacionamento interreligioso também foi o tom da fala do pastor Paulo César. “Tenho o privilégio de aprender muito com uma mãe de santo lá de Olinda e de ter amizades com padres e irmãs católicas. Ser ecumênico e dialogar com outras religiões é um privilégio de Deus”.

Ele também falou das dificuldades apontadas pela comunidade dos Bultrins, onde o pastor lidera a Igreja Evangélica Batista, em conviver com outras crenças. O pastor aplicou um questionário para saber a opinião dos que fazem parte do grupo. De acordo com o levantamento,  a competição, o sentimento de superioridade, o preconceito, problemas de liderança e a falta de amor são algumas das causas que impedem um convício harmônico entre as religiões da localidade.

No encerramento, padre Clóvis Cabral destacou a contribuição social das religiões e o quanto a harmonia entre elas pode ser benéfica para a sociedade. “Toda religião tem uma dimensão subjetiva, singular, mas também pública e social. Portanto, discutir publicamente o relacionamento interreligioso pode trazer um bem muito grande para a sociedade”.