Aos 75 anos, ex-aluna laureada da Unicap é destaque em Simpósio Internacional
|A ex-aluna da especialização em Gerontologia da Católica Juraci Vieira Gutierres, 75 anos, apresentou seu Trabalho de Conclusão de Curso no Simpósio Internacional Família: Olhares Interdisciplinares sobre o Envelhecimento. O evento aconteceu em março na Universidade Católica do Salvador – UCSal. Para a sua surpresa, ganhou o prêmio de um dos melhores trabalhos apresentados no Simpósio, com o tema “Aprender a Envelhecer: um novo paradigma”.
Segundo Juraci, “o Simpósio dá espaço para gente apresentar um resumo do nosso trabalho e ele passa por uma análise muito rígida. A ideia do meu trabalho, da minha proposta, é o aprender a envelhecer no sentido de que desde criança, entre a família, a gente precisa aprender a envelhecer. É lá que a gente vai eliminar todos os preconceitos e coisas que a gente cria em torno da velhice, do respeito, de tudo. Na família, no início. Quem são os principais autores dessa história? As universidades, que são as formadoras dos educadores. Dessas universidades que saem os pedagogos e os professores. São eles que terão acesso ao público infantil. É lá que precisamos tratar do processo do envelhecimento. Cheguei nessa conclusão porque o material do meu trabalho foram os livros didáticos da 1ª a 8ª série, nos quais não estão presentes o tema do envelhecimento. Mesmo nas aulas de biologia se fala no tema de forma superficial. Na geografia, só se fala da pirâmide populacional, mais nenhuma informação, e quando tem figuras que ilustram o envelhecimento humano, não passa de um senhor empurrando um carrinho de picolé ou um grupo de pessoas fazendo exercícios em uma academia pública. Logo, é muito simplificante e quase inexistente a informação para a formação sobre o processo de envelhecimento. Isso que eu defendi”.
Laureada
Juraci foi a aluna laureada por mérito da primeira turma da especialização em Gerontologia da Unicap, se tornou uma referência sobre o tema e o orgulho do curso, mostrando que a velhice é um mundo de possibilidades. “Resolvi fazer a especialização em Gerontologia porque a gente tem que dar um sentido à vida. Velhice não é doença, é apenas um processo, é a consequência do processo de envelhecimento. Ninguém pode parar e ficar pensando que está velho, tem que ir para frente. Estudar e aprender é uma das formas da gente dar sentido à vida”, diz.
A ex-aluna é natural do Rio Grande do Sul, e se graduou em 1973 no curso de Serviço Social. Trabalhou durante 23 anos no serviço público do Governo do Estado de Mato Grosso. Após esse período, trabalhou na área de turismo na Secretaria de Turismo do Governo do Estado do Ceará. Depois, atendeu a um chamado de um edital do Programa das Nações Unidas para trabalhar no Recife. Foi chamada e mora na cidade até hoje. “Foi um trabalho que fiz com muito prazer. Conheci o Nordeste por causa disso e depois, consequentemente, trabalhei junto ao Governo do Estado de Pernambuco, e conheci muito o estado. Trabalhei também no Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura, com sede em Brasília, mas com foco no Nordeste. Foram muitos anos nisso. A partir daí encerrou-se minha carreira. O mercado de trabalho rejeita as pessoas a partir dos 40, 45. Eu tive a felicidade de trabalhar até os 60 e poucos mas, a partir daí, o mercado, sinceramente ou cinicamente, me diz: você perdeu a utilidade. Ponto”, comenta.
Reviravoltas
Juraci, por ter ficado fora do mercado de trabalho se dedicou a entender porque o trabalho de mercado rejeita as pessoas que envelhecem. Na busca dessa resposta, começou a ler e a pesquisar muita coisa, e assim, decidiu fazer um blog: o Viva Velhice, que já tem cinco anos. Ele é bem anterior a sua opção de se voltar à área gerontológica. “Eu comecei a participar dos Fóruns do Envelhecimento da Católica, comecei a conhecer os professores e sempre cobrava quando ia ter uma especialização da área. De repente, a Católica ofereceu, e para mim foi ótimo. Pude ver o que a academia me diz a respeito do processo de envelhecimento. Eu já sabia o que o mercado me dizia, ele rejeita. E a academia? Fui em busca disso”, diz. “Eu tenho certeza que, ao estudar, eu abri uma janela de oportunidades. O envelhecer é uma janela de oportunidades. A gente tem que saber para qual lado essa janela nos conduz. Para mim, ao abrir a janela, de puxar a especialização em Gerontologia da Unicap, surgiu uma série de oportunidades, em que eu posso fazer trabalhos voluntários, participar de fóruns, dos momentos gerontológicos da Universidade, e de auxiliar idosos, além de fazer palestras quando sou convidada”, concluiu. Juraci tem três filhos. Um mora em Cuiabá, outro em Juazeiro do Norte e o terceiro em Brasília. Tem quatro netos. Segue colaborando com os eventos de sua área na Universidade e aborda diversos assuntos sobre o tema em seu blog que, além de passar conhecimento ao público em geral e trazer mais alegria os idosos, celebra esse momento único e especial da vida: a velhice.
Link de acesso ao blog Viva a Velhice: http://www.vivaavelhice.com.br/
Link de acesso ao TCC: http://www.vivaavelhice.com.br/2019/01/a-revista-que-mudou-de-nome-e-eu.html