Boletim Unicap

Ancestralidade, negritude, coletividade e inclusão foram tema da 3ª noite da Semana dos Calouros do DCE Unicap

Professoras Liana Lewis e Valdenice Raimundo e a estudante Lílian Alves

A terceira noite, 16/08, da Semana dos Calouros do DCE Unicap, que acontece no Auditório G1, de 14 a 18 de agosto de 2017, trouxe para o debate o tema: “Negros – O conhecimento de todos que é esquecido por muitos: ancestralidade, negritude, coletividade, inclusão, dentre outros”. Participaram da mesa a coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígena Unicap – Neabi, coordenadora Pedagógica do Espaço Criança Esperança de Jaboatão dos Guararapes e coordenadora do grupo de estudos Raça, Gênero e Políticas Públicas da Católica, professora Valdenice Raimundo; a professora de Sociologia da UFPE e coordenadora do Núcleo de Pesquisas de Relações Raciais Frantz Fanon, Liana Lewis; e a estudante de Psicologia da Estácio de Sá e membro da Diretoria de Combate ao Racismo, da União dos Estudantes de Pernambuco – UEP, Lílian Alves.

Em sua fala, a professora Valdenice Raimundo provocou algumas reflexões sobre a temática de genocídio da juventude negra. Ela abordou a morte da juventude negra, não como um fenômeno do momento, e sim como um fenômeno histórico. A professora apontou como causa da morte de jovens negros, como uma questão estrutural e não como resultado da crise do estado brasileiro. A palestrante finalizou falando sobre “a não-reação da sociedade em relação às mortes de jovens negros. Só em Pernambuco, no mês de junho (2017), foram mortas, aproximadamente, 2.900 pessoas, das quais, mais de 95% eram jovens negros e homens. Aí a sociedade não reage, naturaliza esses processos e eles não podem ser naturalizados. Provoco vocês a investigar, a se espantar e tentar entender essa realidade, para além do que ela representa e, assim, vocês poderem se posicionar diante dessa realidade”, provocou.

A professora da UFPE Liana Lewis abordou a Teoria de Fanon (Frantz Fanon), psiquiatra martinicano, que mostra como a violência racial, como a violência colonial destitui a humanidade, destitui o negro “do lugar do humano”. “Para se afirmar como dominador, como plenamente humano, o branco não vê o negro como humano, de fato. Para o branco ver o negro como humano, o negro precisa se identificar como branco. Na perspectiva dele, tem que existir um processo, ele vai utilizar a violência, não necessariamente concreta, e sim como dispositivo de luta contra essa violência colonial, porque o negro acaba internalizando essa violência colonial e ele acaba jogando essa violência contra si e contra o seu semelhante, contra outro negro. Fenon coloca que tem uma organização, onde exista uma luta de fato contra o sistema colonial, que é o sistema global e hoje em dia a gente vê se perpetuando ainda”, explica, professora Liana.

A estudante Lílian Alves abordou a temática do racismo institucional e acadêmico. Ela focou no racismo dentro das universidades. “A gente teve um grande um aumento do número dos estudantes negros tendo acesso às universidades, mas as universidades ainda não estão prontas para receber as pessoas negras. Existe uma diferença no olhar, existe pessoas que estão sempre colocar agente num lugar de que aquele não é o nosso espaço. Tirar o mérito da nossa estada dentro das universidades. A UEP vem fazendo um trabalho dentro das universidades para denunciar a questão do racismo, que parece uma coisa velada, mas para quem sente na pele, literalmente, é uma coisa bem escancarada. Outra questão, são as dificuldades que a gente tem no mercado de trabalho é que ele não está pronto para absolver essa mão-de-obra negra, na questão do ensino superior, porque nas outras profissões a gente é o maior número, como empregada doméstica, esses espaços de subserviência. O mercado de trabalho para quem fez o ensino superior é uma coisa muito nova e o mercado não está pronto para absolver as pessoas negras, porque dentro do perfil para ocupar uma vaga de ensino superior, sempre são as pessoas de perfil branco, mesmo a pessoa negra tendo toda a capacidade técnica e cognitiva para ocupar a vaga, ela não ocupa por causa da cor da pele”, afirma Lílian Alves.

A Semana do Calouros do DCE Unicap continua até a próxima sexta-feira, dia 18/08. Acompanhe a programação abaixo:

17/08/17
Tema: LGBT’s – Liberdade, liberdade. O direito de existir e ser o que se quer: Expectativa x Realidade.

18/08/17
Tema: Religiões – Basta à intolerância: religiosidade, violência, diversidade, respeito, dentre outros.

 

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