Alunos de Arquitetura desenvolvem projeto na comunidade do Chié
|Alunos do quarto período de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco, sob orientação dos professores Lula Marcondes, Múcio Jucá, Albérico Paes Barreto e Diego Inglês, desenvolveram ao longo do semestre projetos que visam melhorias na Escola Comunitária do Chié, que atende crianças de 2 a 5 anos da própria comunidade. O trabalho começou em agosto e o resultado pôde ser visto na segunda-feira (21), na sala 202 do bloco D. A comunidade deverá escolher um ou mais projetos e apresentar a possíveis investidores para que os mesmos possam executar as propostas dos estudantes.
O professor Múcio Jucá contou como surgiu a chance de desenvolver o projeto em uma das poucas escolas comunitárias que ainda existem na cidade. “No meio do ano apareceu essa oportunidade de desenvolver um projeto real dos alunos com uma escola comunitária e com a metodologia elaborada por Paulo Freire. Havia cerca de 200 escolas desse tipo no Recife e sobraram apenas 80. Uma delas é justamente esta do Chié e nós fizemos contato com a comunidade, que é articulada com o Tacaruna Social e outras empresas da região”, frisou.
Os estudantes visitaram a localidade e entrevistaram moradores antes de fazer o projeto. A partir das conversas, os alunos puderam perceber que a comunidade tinha também outras necessidades. “Eles têm uma casa que funciona como uma escola adaptada e a ideia foi pegar o terreno e um outro terreno vizinho para que os estudantes desenvolvessem essa escola. A partir de conversas com moradores da localidade, percebemos que havia necessidade de se fazer uma creche e incorporamos isso ao projeto. Eles começaram com uma análise do contexto urbano e depois partiram para o desenvolvimento do projeto”, pontuou Jucá.
Ele ainda falou sobre como os alunos se envolveram com a comunidade. “Os estudantes se envolveram muito com o tema e foi a primeira vez que eles trabalharam com um projeto real, com um cliente real e alguns alunos chegaram a ir na comunidade e ficaram como voluntários na escola. Alguns deles chegaram a fazer documentários. Então, houve um envolvimento muito grande”, acentuou o professor Múcio Jucá.
Maria da Conceição Duarte, presidente da Associação Comunitária dos Moradores da Ilha do Chié, ressaltou a importância do trabalho dos estudantes na comunidade. “Recebi a proposta com muito carinho e alegria. Eles foram muito bem-vindos na comunidade. Puderam conhecer um pouco da nossa realidade. No nosso território, uma das questões mais fortes é a da educação. A gente ainda tem muita criança fora da escola, fora de atividades culturais. Sentimos que esta falta está levando essas crianças para um caminho que não deveriam ir”, avaliou.
Confira o depoimento de alguns alunos que participaram do projeto.
“O trabalho começou com várias visitas na comunidade para tentar entender como era o local, como funcionava, conhecer os moradores, saber das necessidades deles. Durante o processo ficamos sabendo que eles queriam muito essa escola, que era bastante importante para eles e que queriam abrir uma creche, que ainda não tinha na escola”, Eduardo Correia.
“Entrevistamos pessoas de várias idades e percebemos que, apesar de alguns não possuírem filhos, sentiam a necessidade de ver uma escola que funciona, de ter uma creche para auxiliar os pais que trabalham. Percebemos também que o caminho que eles percorreram criou um sentimento de união muito forte e que precisavam de um espaço onde todos pudessem compartilhar, discutir, conversar. Então, tentamos fazer uma escola que fosse também um espaço público”, Enora Le Meciner.
“Nossa busca era encontrar um conceito, conhecer a comunidade, formar grupos para ir em dias diferentes para fazer trabalhos voluntários. Então, ficamos lá vendo a situação na qual a comunidade vivia, como as crianças ficavam na escola, se elas brincavam, se o que elas tinham eram o suficiente. Com isso, conseguimos aprimorar o nosso projeto”, Amanda Coêlho.
“A ideia da gente é propor uma nova escola que realmente seja um edifício feito para ser escola. O que existe lá é uma adaptação de uma casa. Então, a gente passou por um processo de ir na comunidade, conhecê-la e entender também”, Hugo Travassos.