Boletim Unicap

17ª Semana de Integração recebe o artista Luiz Benício

Em sua primeira participação na Semana de Integração da Unicap, o artista Luiz Benício concedeu uma entrevista ao Boletim Unicap. As obras dele fazem parte de uma exposição montada no stand da Fundação Antônio dos Santos Abranches (Fasa), que está celebrando 40 anos. O artesão contou um pouco sobre sua vida, a relação com a arte e a sua ligação com o Vale do Catimbau, no Sertão de Pernambuco.

Boletim Unicap – Como você entrou para o mundo da arte?

Luiz Benício – Eu costumo dizer que toda criança pobre do Sertão já nasce artista por confeccionar seus próprios brinquedos na falta de condições financeiras dos pais. Nessa situação, muitas vezes, quando chega a adolescência, a gente se direciona pra um trabalho qualquer e acaba deixando esse mundo da arte adormecido por um certo período. Foi o que aconteceu comigo, mas sempre fui um amante da arte. Sendo um amante da arte e não tendo a oportunidade de estudar por conta das dificuldades da época, precisando sobreviver, me fez optar por esse trabalho, juntando o útil ao agradável.

Por ter oportunidade de nascer e crescer no Vale do Catimbau, eu já vivo num ambiente inspirador, por esse motivo eu iniciei esse trabalho, há 20 anos, como artista. Quando filho de pobre aparece nas páginas de jornal, geralmente, é triste dizer isso, mas aparece numa situação lamentável. Eu apareço numa situação, graças a Deus, boa, gratificante, que serve de orgulho pra mim, pra minha família e para o meu município. O meu trabalho já cruzou fronteiras, em mais de 100 países, em todos os recantos do país, com participações em novelas da globo, desde 2016. Isso me honra, minha arte, ela faz com que a sociedade me olhe de uma forma diferente, um olhar bom, que muito me orgulha. 

E a arte, em si, ela salva vidas. Eu por exemplo, posso dizer que, quando entrei no mundo das artes, eu era um dependente, um alcoólatra. Eu bebia muito e tive que escolher entre a bebida e a arte. Eu vi que não poderia misturar os dois. Minha arte me levava em um lugar bom, saudável, que me fez conhecer pessoas boas, enquanto a bebida me levaria para o caminho do desespero. E aqui estou (risos).

B.U – Como surgiu a relação com a Católica?

L.B – Eu sempre visitei a Unicap e fui guia no Vale do Catimbau. Quando alguns professores fizeram uma pesquisa por lá, eu participei como guia. Foi feita uma exposição de fotografia na Universidade, onde estava, de certa forma meu trabalho, mas como guia. Com o tempo, eu me tornei artista e através da arte, o pró-reitor Márcio (Waked), me convidou para participar desse evento.

É a primeira vez que participo e está sendo uma experiência maravilhosa. É uma experiência incrível e nova, de estar voltando aqui como expositor, como artista. Fico feliz que os jovens que vêm aqui estão com um olhar mais clínico para a arte, admirando e se envolvendo mais. Como eu disse, a arte salva vidas, esses jovens, com certeza, devem trilhar um caminho muito maravilhoso quanto à arte.

B.U – Qual foi a sua inspiração para produção das obras?

L.B – Moro no Vale do Catimbau, que é um lugar inspirador. O local foi agraciado com uma formação geológica muito interessante, que lembra animais pré-históricos. Eu trabalho baseado em todas essas formações rochosas do Vale, que lembram rostos, animais e o nosso cotidiano, retratando mais a nossa rotina por lá.

B.U – E por quê utilizar madeira?  

L.B – A madeira é matéria-prima principal de onde eu moro. Eu faço um trabalho com esse material, que é sustentável. Eu trabalho com reaproveitamento, por esse motivo o Atelier Luiz Benício é conhecido como Projeto Madeira Viva.

Confira um pouco da sua da sua exposição na galeria abaixo:

 

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