Boletim Unicap

Começa no Recife o Congresso Franco-Brasileiro de Adoção

Fotos por Larissa Alves

Teve início quarta-feira (18) o 1º Congresso Franco-Brasileiro sobre Psicanálise, Filiação e Sociedade.  O evento pretende discutir a temática da adoção a partir dos eixos biológico, jurídico e afetivo através de simpósios, conferências e mesas-redondas, que acontecem até o próximo dia 21 de agosto.

As adoções internacionais ou por pessoas solteiras são algumas das realidades a serem debatidas no congresso, que também analisa o trabalho dos órgãos envolvidos nesse processo. Outro ponto de destaque é a preparação dos pais e das crianças para a adoção, a fim de minimizar falhas que possam trazer prejuízo para ambos. A iniciativa é uma parceria entre o Laboratório de Psicopatologia Fundamental e Psicanálise e o Serviço de Filiação Adotiva (Sofia) da Unicap e o Centro de Estudos em Psicopatologia e Psicanálise da Universidade Denis Diderot, da França.

A ligação histórica entre brasileiros e franceses foi bastante lembrada durante  abertura do congresso, que acontece no Hotel Recife Palace Golden Tulip. Entre os componentes da mesa estavam o Reitor da Unicap, Padre Pedro Rubens, a professora Edilene Queiroz, que organiza o evento no Brasil, e o Dr. Pierre Levy-Sousan, autoridade do governo francês para assuntos de adoção, que organiza o evento na França. O prefeito do Recife, João da Costa, esteve representado pela coordenadora municipal de atenção à saúde do adolescente, Flávia Veras.

Durante o pronunciamento de abertura,  a professora Edilene Queiroz lembrou que as descrições  de viagem por franceses que estiveram no Brasil no período colonial ajudaram a cunhar a ideia do bom selvagem, entre outros fatos que atestam o vínculo entre os dois países.  Ela apresentou também estatísticas sobre adoção no Brasil. O país tem cerce de 28 mil candidatos no cadastro nacional e 4 mil crianças aptas a serem adotadas. Ao final,  a professora alertou sobre os riscos que envolvem esse procedimento. “Muitos preconceitos que permeiam a  adoção se baseiam em experiências mal-sucedidas.

Padre Pedro Rubens destacou os 50 anos do curso de Psicologia da Unicap, a serem comemorados no próximo ano. Outro ponto lembrado foi a cooperação frequente entre o Brasil, França, e também Espanha na formação de profissionais desta área. O Reitor ainda realizou uma análise a partir da Teologia, sua área de atuação, e declarou que a temática da adoção faz parte do vocabulário bíblico. “Em Cristo, nos tornamos filhos e filhas de Deus”, disse.

Antes de encerrar seu discurso, Padre Pedro ofereceu aos congressistas a leitura do poema No sonho a mão de alguém me apoia e guia . O texto, do poeta alagoano Jaci Bezerra, está no livro Recife-Nantes: um olhar transatlântico, que traz composições ao mesmo tempo em português e francês. Outro nome da cultura nordestina que foi citado é o da artista plástica Marianne Peretti, lembrada pelo cônsul geral da França para o Nordeste, Yves Lo Pinto.

Em sua primeira conferência no congresso, o Dr. Pierre Levy-Sousan traçou uma retrospectiva histórica dos fatores que levam as pessoas a adotarem ao longo dos séculos. Em seguida, ele falou sobre as falhas durante a adoção e as consequências que elas podem trazer. Segundo o professor, muitos casais veem na figura dos filhos, um antídoto contra a rotina da vida conjugal. Em outros casos, adotam uma criança para suprir a lacuna deixada por um filho que já morreu, o que é uma forma errada de se administrar o problema.

Os efeitos desses riscos são resumidos numa frase do pediatra inglês Donald Winicott. “Uma adoção fracassada é tão desastrosa para a criança, que melhor seria para ela que a tentativa não tivesse sido feita”, dizia.

Ao final da cerimônia, os congressistas participaram de um coquetel ao som do grupo de choros da Unicap, Flor do Maracujá.

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