Boletim Unicap

O lugar dos coletivos no enfrentamento ao genocídio da juventude negra é debatido na 10º Semana da Consciência Negra

 

O último dia da 10ª Semana da Consciência Negra da Unicap deu espaço para a mesa Resistência demanda posicionamento: O lugar dos coletivos no enfrentamento ao genocídio da juventude negra, na qual estiveram presentes vários coletivos pernambucanos para discutir o tema. “Eu entendo os coletivos, principalmente, como espaço de resistência e, por isso, a importância da presença deles nesse debate”, disse a Profª Drª Valdenice Raimundo, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Unicap.

A fala inicial de cada integrante dos coletivos esteve focada em como ele é e qual sua atuação frente ao genocídio. “O Afronte surgiu na UFPE como um espaço de acolhimento para os estudantes negros. A gente pensa esse enfrentamento em dois caminhos. O primeiro é o que a gente leva, as nossas conversas, debates e como ajudar. E o segundo é o acolhimento que a gente tem com nossos membros, porque todos nós temos conhecimento do racismo, mas nem todo mundo sabe como enfrentar”, colocou Sheyla Xavier, pedagoga e mestranda em educação, do Coletivo Afronte.

Já o Coletivo Filhas do Vento é focado na mulher negra e seu posicionamento. “A mulher sempre é o centro ou está ao lado. Ou é a vítima desse extermínio ou é a mãe, mulher e filha que cuida dos seus”, explicou Waneska Viana, mestre em Educação e graduada em Ciências Sociais. A atuação do grupo está em o que fazer pelo próximo. “Eu já me valorizo, sei que sou bonita e capaz, o que posso fazer pelo outro? Nosso critério de ação é a educação informal. Levar o conhecimento que a gente tem através de rodas de diálogo e momentos de vivência visando trazer suas experiências para outras pessoas”.

Jardel Araújo, representante do coletivo Cara Preta e estudante de Serviço Social, trouxe o trabalho do seu grupo, que foca nos pré-adolescentes e adolescentes que ainda não são empoderados, uma juventude que não se enxerga como potencialmente capaz. “A gente acredita que o genocídio não é só essa “morte morrida”, é impedir que esse jovem tenha acesso ao conhecimento, cultura, lazer. Vendo o silenciamento como uma forma de morte”, acrescentou.

O Coletivo das Acadêmicas Negras, representado por Natalia Diógenes, professora e doutoranda na área de psicologia, trouxe as dificuldades que as mulheres negras enfrentam dentro da academia. “Ser professora e pesquisadora é ouvir todo dia que aquele não é seu lugar. O compartilhamento das experiências e a certeza de que o que a gente vive é racismo e não falta de capacidade é muito importante”, disse.  A atuação do CAN é voltada para o fortalecimento dessas mulheres e para trazer em seus estudos o negro, mas não como objeto, e sim com a sua perspectiva.

As falas foram seguidas por um debate com todos os presentes, em sua maioria estudantes e profissionais de cursos como Serviço Social, Ciências Sociais e Psicologia. A roda foi muito rica tanto em conhecimento quanto para união de forças desses coletivos que, mesmo com caminhos diferentes, buscam os mesmos resultados.

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