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Vice-reitor da UCP lança livro na Unicap

O vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), o poeta e biblista José Tolentino Mendonça, lançou no início da noite desta quarta-feira (6), na Universidade Católica de Pernambuco, o livro “Libertar o tempo”. O evento contou com as presenças do Reitor da Unicap, Padre Pedro Rubens, e do jurista e imortal da Academia Pernambucana de Letras, José Paulo Cavalcanti Filho, que fez a apresentação da obra. O evento fez parte da programação da Semana de Estudos Bíblicos, promovida pelo Programa de Pós-Graduação e pela Graduação em Teologia da Unicap.

Na abertura do evento, Padre Pedro destacou que o livro é um convite para que vivamos o presente, para que reaprendamos a viver. “Com leveza poética, ele nos leva a uma reflexão sobre como concebemos o nosso presente, sobre essa maneira agitada de levarmos a vida”. Segundo o Reitor, a primeira parte pode ser considerada um exercício de desaceleração, que vai desconstruindo conceitos e atitudes. “Cada capítulo vai desmontando a gente, mas desmontando poeticamente, levando a gente a se perguntar: que vida é essa que estou levando?”, frisou, observando que o livro de Tolentino é para ser lido sem pressa. “Não é um livro para ler, é para ruminar”, concluiu.

Na sua apresentação, José Paulo Cavalcanti Filho fez referência a três dimensões do Padre Tolentino. Na primeira, chamou atenção para o grande escritor e um dos filósofos mais prestigiados da Igreja Católica. “Ele não é apenas um grande personagem, é um autor monumental”, ressaltou. Na segunda, para despertar o desejo dos presentes em ler o livro, José Paulo escolheu frases do autor que melhor definissem cada uma das 17 artes da primeira parte da publicação.

E, por último, destacou a dimensão inspiradora do escritor português. “A prova de que o senhor nos inspira é que eu resolvi reescrever o Pai Nosso de Mateus a partir de como eu vejo as coisas. Diz assim:

Pai nosso

que estais no sal da terra, no coração do fogo,

na doçura das águas e na incerteza dos ventos nos céus.

Santificadas sejam nossas vidas e Vosso exemplo.

Venha o Vosso Reino aos homens bons.

Seja feita a Vossa piedade, para além da Vossa vontade,

Na terra mais do que no céu.

A paz nossa de cada dia nos dai hoje e sempre.

Perdoai as nossas ofensas, se forem injustas,

Porque não perdoaremos as injustiças que nos fizerem.

Se a tentação acontecer, nos mostre outros caminhos

E livrai-nos do peso da vida, por fim, quando a hora vier. Amém”.

Foi aplaudidíssimo pelo público presente, formado por gestores, professores, alunos, funcionários e convidados, incluindo a sua esposa, a também acadêmica Maria Lectícia Monteiro Cavalcanti.

Padre Tolentino agradeceu a Padre Pedro e José Paulo pelas apresentações que fizeram. “Os amigos têm sempre a arte de tocar os nossos corações e, para mim, é uma honra muito grande ter aqui nesta mesa o Padre Pedro Rubens e o escritor José Paulo Cavalcanti Filho “, frisou, explicando porque fez questão da presença dos dois no lançamento do seu livro. “O desejo de ter os dois nesta mesa, representando a teologia e a literatura, foi porque ambas nesta aliança refletem a natureza do próprio objeto, a natureza do próprio livro. É um livro escrito por um teólogo, mas onde a dimensão literária está presente”, ressaltou.

O escritor português explicou que o livro é uma tentativa de construir um caminho de antropologia cristã. “Houve um desejo muito grande de reconstruir uma gramática do humano. Não é que a antropologia tenha um prazo de validade, mas a linguagem antropológica tem. E como precisamos encontrar um projeto de espiritualidade para cada tempo, precisamos também encontrar um projeto antropológico para o nosso tempo, porque a grande crise do nosso tempo é também uma crise antropológica  e é uma crise de linguagem”, enfatizou.

Complementando, destacou  que “nos falta reflexão e pensamento sobre a pessoa humana e sobre a nossa própria existência. Às vezes nós investimos muito na investigação científica de ponta e queremos pesquisar as galáxias distantes, mas esquecemos que aquela vida pequenina, minúscula, a vida cotidiana, a vida de cada dia,  pode ser matéria onde está tudo. O infinito está ali. E, por isso, a missão deste livro é ajudar, no fundo, a pensar uma antropologia para o presente. Mas ao mesmo tempo é um livro no qual a dimensão literária está muito presente”

Concluindo, Padre Tolentino  disse que o livro tem uma missão de tornar o cristianismo sal da terra, luz do mundo na pequenina escala das nossas vivências humanas e num diálogo com os problemas  contemporâneos.

 

 

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