Boletim Unicap

Documentário Olhares Anistia foi lançado na Católica

O documentário “Olhares Anistia” foi lançado segunda-feira (28), no Auditório G2 da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), durante a celebração dos 38 anos da promulgação da Lei da Anistia. O evento, intitulado “O golpe de ontem e de hoje”, foi promovido pelo Comitê Memória, Verdade e Justiça; movimentos sociais; sindicais, e entidades de Direitos Humanos.

O filme, patrocinado pela Chesf, por meio da Lei Rouanet, tem 70 minutos de duração e é dirigido pelo historiador e cineasta Cleonildo Cruz, com roteiro assinado pela jornalista Micheline Américo e produção executiva da Tempus Comunicação.

Segundo o diretor, Cleonildo Cruz, o ineditismo do longa-metragem Olhares Anistia deve-se “ao fato de captar as múltiplas e opostas opiniões sobre o assunto. Entre os entrevistados figuram não apenas aqueles que lutaram pela anistia, mas também os agentes do Estado. Entre eles, os coronéis Carlos Brilhante Ustra e Aluísio Moura, os generais Carlos Chagas, Sylvio Ferreira, Rocha Paiva e o jurista Ives Gandra, bem como a ativista política e sobrevivente da Guerrilha do Araguaia, Crimeia Almeida; o ativista político e condenado à prisão perpétua, Theodomiro dos Santos; o jurista e advogado de presos políticos, Fábio Konder Comparato, e outros da mesma importância histórica”, explica.

No início, o documentário mostra o veredicto do Supremo Tribunal Federal sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 153, posição que, segundo Cleonildo, vem gerando grandes polêmicas jurídicas, políticas e históricas entre diversos setores, apresentadas no filme. Também é abordado o atentado no Aeroporto Internacional dos Guararapes, com a explosão de uma bomba no dia 25 de julho de 1966. O audiovisual relata desde a luta armada até o processo de redemocratização do país.

“Descortinar os olhares de ambos os lados foi nosso objetivo e junto com a Micheline Américo mergulhamos no debate das circunstâncias da aprovação da Lei da Anistia, em 28 agosto de 1979. O debate atual sobre revisão ou reinterpretação da referida legislação é ambientado na sujeição aos tratados internacionais de Direitos Humanos, dos quais o Brasil é signatário”, destaca Cleonildo Cruz.

A metodologia usada na pesquisa para realização do documento audiovisual, segundo Cleonildo Cruz, foi a “ferramenta weberiana da neutralidade axiológica das ciências sociais e políticas”, que permite o contraditório. Apesar de sua formação de esquerda, Cleonildo fez questão de ouvir o lado dos agentes do Estado. “Não poderia me furta de ouvir os militares. Pretendo revelar as perspectivas de ambos os lados, extrair de cada fato o contraditório, desvelando segredos de cada personagem e entrevistados”, conta.

Para a roteirista do filme, a jornalista Micheline Américo, o documentário ganha relevância na filmografia sobre o tema por ser o único a possibilitar a escuta dos agentes do Estado. “Trata-se de um filme polêmico, numa conjuntura política atual bastante polarizada, cujas reações do público podem variar da náusea à empatia”, revela.

O filme traz, dentre outros, os depoimentos de:
Dilma Roussef – ex-presidente;
José Paulo Cavalcanti Filho – Membro da Comissão Nacional da Verdade;
Crimeia Almeida – Torturada e sobrevivente da Guerrilha do Araguaia;
Theodomiro dos Santos – Preso político e condenado à prisão perpétua;
Adriano Diogo – Membro da Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo;
Marlon Weichert – Procurador do Ministério Público Federal;
Eugênia Gonzaga – Procuradora Federal e membro da Comissão dos Desaparecidos e organizadora da Missão ao Araguaia;
Fábio Konder Comparato – Jurista e advogado de presos políticos;
Ives Gandra – Jurista e advogado;
Rocha Paiva – General e jurista;
Carlos Chagas – General;
Paulo Chaves- General;
Sylvio Ferreira – General;
Carlos Brilhante Ustra – Coronel;
Aluísio de Moura – Coronel.

“Olhares Anistia” termina expondo a multiplicidade de opiniões sobre a anistia e o caminho para obter uma justiça de transição que, ainda hoje, torna a a questão inconclusiva.

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