Boletim Unicap

Parceria entre artista português e maestro da Católica rende maior prêmio da música em Portugal

 

Uma parceria entre o maestro, músico, arranjador, diretor musical e coordenador do grupo cultural MBP Unicap, Percy Marques, e um dos grandes artistas em atividade de Portugal, Fernando Tordo, resultou no disco “Outro Canto”, vencedor do maior prêmio da  música portuguesa, o Prêmio Pedro Osório. Os artistas viajarão a Lisboa no dia 21 de março e, no dia 23, se apresentarão na cerimônia de entrega do prêmio. O inusitado é que será a primeira vez que um CD gravado fora de Portugal receberá a premiação.

Fernando Tordo é um artista português, com 52 anos de carreira. Além de cantor e compositor, ele é escritor e pintor. Segundo Percy Marques, ele é o maior artista popular português vivo. Fernando, que compõe fados, canções típicas portuguesas, é um dos artistas que defendem que a música de Portugal não se resume só aos fados, sendo muito mais que isso.

Morando em Pernambuco há três anos, Fernando Tordo começou a compor canções autorais e a musicar poemas brasileiros e, dessa atividade, surgiu a necessidade de conhecer músicos locais para fazer a produção musical, entrar em estúdio e gravar seus projetos, aqui no Recife.

O renomado artista português conheceu Percy Marques no Sarau de Zé Renato, do Grupo Manifesto, sobre Bossa Nova, no Pátio Café, há quatro anos. “Lá, ele me viu tocando e, como ele toca violão também, ficou olhando fixamente para minha mão esquerda dedilhando as cordas do instrumento. No fim da apresentação, um colega nos apresentou e ele disse: Percy eu preciso de você para me ajudar em um trabalho, eu quero gravar minhas canções. Começamos a conversar e fizemos uma amizade e nisso, nós já gravamos 29 músicas inéditas. Dessas 29, tem um trabalho com os poetas brasileiros, onde ele musicou Carlos Drummond de Andrade, Castro Alves, Cacaso (Antônio Carlos Ferreira de Brito), Manuel Bandeira, Mauro Mota, enfim, grandes poetas brasileiros foram musicados. Mas aí, a gente precisa das autorizações das famílias e dos detentores dos direitos autorais desses poetas para lançar esse disco”, contou o funcionário da Católica.

O tempo foi passando e Percy deu uma ideia para Fernando gravar só músicas autorais, porque assim ele poderia lançar um disco, com selo próprio, sem ter que pedir autorização de ninguém. Assim foi feito. Das 29 canções gravadas, ele catalogou algumas, montando um CD chamado “Outro Canto”, simbolizando o outro lugar fora de Portugal e o outro sotaque cantado. O disco foi lançado aqui em Pernambuco, no Teatro de Santa Isabel, em julho de 2016, com um grande show.

Em seguida, o disco migrou para Portugal, sendo distribuído para diversos meios de comunicação. A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), da qual Fernando Tordo é associado, concede três prêmios anuais nas áreas de literatura e de música, sendo dois de música, nas categorias CD do Ano, na votação dos críticos e na votação popular. É considerado o maior prêmio musical de Portugal.

O Álbum “Outro Canto”, de Fernando Tordo, com direção musical e arranjos de Percy Marques, foi escolhido o Melhor CD do Ano, pela votação dos críticos da SPA. O prêmio será entregue no dia 23 de março, em Lisboa, onde os artistas vencedores se apresentarão.

“Eu estou muito feliz, porque é a primeira vez que eu ganho um prêmio! É claro que eu já tenho reconhecimento como artista, na região. Eu estou experimentando um pouquinho desse gosto porque, alguns artistas com os quais eu trabalho sempre falam isso: ‘A gente faz a música e não tem ideia se isso vai dar alguma coisa. A gente faz sem nenhuma pretensão e de repente estoura’. E foi o que aconteceu com o trabalho do Fernando.”

“Este prêmio, com que a Sociedade Portuguesa de Autores me honra, tem a ver com a grande satisfação minha ao fim de 52 anos de profissão. Ao contrário, por exemplo, aqui no Brasil que tem várias entidades, sociedades de autores, em Portugal temos apenas uma, que é a SPA, e, portanto, tem um critério, de longa experiência, de décadas, pois a Sociedade Portuguesa de Autores existe há aproximadamente 90 anos. Receber um prêmio, qualquer que seja, dentro da SPA é sempre ter em conta. Eu sou membro da Sociedade há 50 anos, e conheço relativamente bem a orgânica, embora não faça parte da estrutura diretiva da entidade.

É interessante neste prêmio, o fato de ele ser atribuído a um compositor, autor e cantor português, mas que não está há três anos no seu país. Eu vivo aqui no Brasil, no Recife, há exatamente três anos e, portanto, aqui encontrei, através do meu diretor musical e querido amigo Percy Marques, uma maneira de trabalhar a minha música, que entretanto, fui fazendo, não nego, positivamente afetado pelo ambiente que me rodeia. Não faço canções aqui, como faria em Lisboa ou não faço canções em Lisboa, como faria em Roma. O ambiente mexe conosco. Portanto, aqui o que encontrei foi uma facilidade muito grande de entendimento com os músicos, isso pela mão do Percy. Depois, na parte técnica, verificando pela prática, a cidade do Recife tem, independentemente, um dos melhores músicos do Brasil, eventualmente até do mundo. O Recife está munido de pequenos grandes estúdios de gravação e de grandes técnicos de gravação, portanto, a música tornou-se para mim um fator de maior prazer ainda porque, de fato, as coisas aqui estão muito simplificadas.

Não há quem não queira o Prêmio Pedro Osório, que foi um grande músico, um grande arranjador, orquestrador e compositor português, já falecido, e que tem este prêmio com o nome dele. Conseguir o Prêmio Pedro Osório é um sinal, de fato, que alguém tem uma carreira consolidada e que terá feito, por certo, um trabalho com qualidade suficiente para merecer esse prêmio.

‘Outro Canto’ é um disco que irá fazer parte da minha história enquanto compositor e enquanto cantor, porque não faço parte de uma nova geração de cantores. Eu vou fazer 69 anos de idade e, isto que acontece aqui, tem muito a ver com o Brasil, tem a ver com os brasileiros, tem a ver com os meus amigos brasileiros, tem a ver com os músicos do Brasil, que eu felizmente aqui encontrei, e tem, naturalmente, a ver com a companhia permanente, com o talento permanente deste querido amigo Percy Marques, que me acompanhou a cada minuto da fabricação, digamos, deste disco. Esse prêmio que vou receber, em Lisboa, é um prêmio que se deve muito, especialmente, a ele e aos queridos músicos brasileiros que quiseram fazer essa festa. Eu farei, quando regressar de Lisboa, a grande festa de celebração deste prêmio que é, seguramente, a primeira vez que acontece em Portugal, de um disco gravado no estrangeiro obter um prêmio tão importante”, concluiu Fernando Tordo.

print
Compartilhe:

Deixe um comentário