Boletim Unicap

Biopirataria, diversidade e bioprospecção são tema de debate na 1ª Semea

img_2540A manhã desta quinta-feira (27) reuniu pesquisadores e estudantes num debate sobre a diversidade, biopirataria e bioprospecção no auditório G1. O encontro fez parte da programação do penúltimo dia da 1ª Semana de Estudos Amazônicos da Universidade Católica de Pernambuco (Semea).  A mesa foi coordenada pelo coordenador dos cursos de bacharelado e licenciatura de Ciências Biológicas da Unicap, Prof. Dr. Luiz Costa.

O doutorando em Biologia Vegetal pela Universidade Federal de Pernambuco, professor José Ricardo Barbosa, foi o primeiro a falar. Ele abordou a questão da biopirataria na região amazônica. “Isso acontece desde o Brasil colônia, começou com o pau-brasil. A magnitude do nosso território e nossa diversidade fazem com que a gente nem conheça todos os alvos da biopirataria”. O pesquisador em Botânica Aplicada chamou a atenção para o fato de “nenhum dos nove países que abrigam a Amazônia possuírem autonomia tecnológica e científica para pesquisar satisfatoriamente”.

Ele citou ainda um outro caso clássico de biopirataria envolvendo uma árvore símbolo da Amazônia: a seringueira. Em 1876, o botânico inglês Henry Wickham traficou sementes da planta para o Reino Unido que tratou de plantar a espécie em colônias asiáticas, a exemplo da Malásia. O contrabando fez as colônias britânicas crescerem na produção de borracha, provocando o fim do ciclo do produto aqui no Brasil. Wickham recebeu da Rainha Victoria título de nobreza como reconhecimento pelo ‘trabalho’.

img_2532Já a bioprospecção foi o tema abordado pelo professor Antônio Fernando Morais Oliveira. Doutor em Botânica pela Universidade de São Paulo, ele explicou que a biopirataria consiste na pesquisa, identificação, extração e separação de substâncias naturais que possam ser usadas na fabricação de remédios. Morais deu como exemplo o taxol. O produto serve para o tratamento de câncer de ovário e tem o princípio ativo extraído da casca de uma árvore. “Para tratar uma mulher por um ano, são necessárias quatro árvores de 100 anos cada”, disse ele ao mostrar números que contextualizam os interesses econômicos da indústria farmacêutica.

A outra convidada da mesa, Profª Drª Roberta Richard Pinto, falou sobre a diversidade da Amazônia. Ela destacou que, ao contrário do que muita gente pensa, a floresta é um ambiente heterogêneo com diversos biomas específicos. São áreas densas, semiabertas, secas, inundadas e abertas. As chamadas caatingas amazônicas são espaço com areias brancas próximas ao Rio Negro. “Tudo isso forma um imenso mosaico e é impressionante como nós conhecemos pouco. É necessário mais estudos taxonômicos e inventários”, disse a pós-doutora em Zoologia pela UFPE.

A programação na parte da manhã foi encerrada por uma roda de diálogo que abordou o projeto Pan Amazônico. O tema foi discutido pelo padre jesuíta Valério Sartor. Ele é formado em Filosofia pela Faje (BH) e tem pós-graduação em Cooperativismo e Administração em Tecnologia da Informação, além de fazer parte do projeto Pan Amazônico da Conferência das Províncias Jesuítas na América Latina. A conversa, realizada na sala 102 do bloco G, foi mediada pelo Padre Marcos Augusto Brito Mendes.

print

Compartilhe:

Deixe um comentário