Apresentações de trabalhos marcam segundo dia do 3º Colóquio de Ética e Filosofia Política
|A programação do 3º Colóquio de Ética e Filosofia teve sequência na tarde desta sexta-feira (20) com a apresentação de trabalhos acadêmicos. Houve uma sessão destinada à produção dos alunos do curso de especialização em Ciência Política da Católica. Ítalo Azevedo abordou o tema Análise crítica do Contratualismo: um Dever-Ser para o Estado em Rousseau e um Ser do Estado em Hegel. Jairo Cabral falou sobre O sentido político da Filosofia.
Em sua análise, Ítalo destacou a predominância do aspecto histórico sobre o filosófico do Estado enfatizado por Rousseau e criticado pelo seu ‘herdeiro’ Hegel. O aluno também fez uma breve explanação sobre o conceito de Contratualismo de Thomas Hobbes, bem como o ‘Estado de Natureza’ no qual “todos os homens têm direito a todas as coisas e guerra é um estado permanente”.
Ainda de acordo com Ítalo, Rousseau argumenta que a vontade geral é o que representa as forças do Estado para o bem comum. “Hegel critica o Contratualismo. Sociedade civil e Estado precedem o indivíduo. Você já nasce inserido numa sociedade, sob as amarrações do Estado. Teorias não levadas em consideração pelo Contratualismo”, explicou Ítalo.
O tom crítico-filosófico também foi ponto de partida da explanação do aluno Jairo Cabral, que falou sobre as considerações de Karl Marx. “A décima primeira tese de Marx é uma crítica aos próprios filósofos que só tinham feito, até então, interpretar o mundo e Marx defendia a tese de que cabe transformá-lo”.
Para reafirmar este raciocínio, Jairo se utilizou da dialética pensar x agir como elemento para transformar a vida e a sociedade. “Filosofia não é apenas algo meramente contemplativo. É um robusto lastro teórico para a transformação”, falou ele com a propriedade de quem é bacharel em Filosofia pela Unicap.
Jairo recorreu a dois momentos históricos do Brasil para ilustrar o empoderamento crítico que a Filosofia é capaz de ofertar a uma sociedade. Durante o regime militar, as disciplinas de Filosofia e Sociologia foram substituídas no 1º grau do ensino médio por Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política do Brasil (OSPB). Já no ensino superior, a disciplina correspondente era Estudos dos Problemas Brasileiros. “Eram conteúdos que faziam apologia ao regime militar”, disse Jairo.
Ainda segundo Jairo, essa mudança na grade curricular feita em 1971 “tinha o claro objetivo de restringir, diminuir e cercear a consciência crítica a partir de estímulos que a Sociologia e a Filosofia poderiam dar. Isso impediu que as pessoas tivessem capacidade de ter uma leitura crítica da realidade”. Jairo destacou ainda que algo semelhante está por trás do projeto de lei 867/2015 do deputado federal Izalci Lucas Ferreira(PSDB-DF). A chamada Lei da Escola sem Partido na qual os professores ficam proibidos de emitir opinião sobre política em sala de aula.
“A sala de aula deve ser um laboratório de ideias para o confronto de opiniões e de pensamentos. O quadro atual é complexo e difícil. A Filosofia tem muito a contribuir para o exercício e o despertar da consciência crítica”, disse Jairo ao finalizar a sua comunicação.