Colóquio Inaciano discute o discernimento em tempos de mudança
|Uma análise em torno do poder de discernimento em tempos de mudança marcou a programação desta tarde (15) dos Colóquios Inacianos realizada no auditório G1. Quem explorou o tema foi o Padre Adelson Araújo, SJ.
A explanação girou em torno dos escritos e pensamentos do fundador da Companhia de Jesus, Santo Inácio de Loyola. Entre os aspectos abordados, estava a presença do bom e do mau espírito no agir do homem.
“Não confundam esse raciocínio com a doutrina espírita. Para Loyola, o bom espírito significa a ação do Espírito Santo, a ação de Deus junto ao homem. Já o mau espírito está ligado à reação egoísta do ser humano consciente e inconscientemente ao proposto por Deus. É o se fechar ao que Deus propõe”.
Para o jesuíta, o discernimento vira um estilo de vida, uma busca contínua dessa reflexão. Deve ser uma atitude e uma atenção constantes a Deus, ao Espírito Santo.
Na explicação sobre a importância do discernimento para os dias de hoje, Padre Adelson citou o livro A Cultura do Mundo Líquido Moderno, escrito por um dos pensadores mais influentes da atualidade Zygmunt Bauman. “Uma frase dele diz que ‘nada é feito para durar’. As relações estão cada vez mais frágeis. Tudo muda”.
Padre Adelson estabeleceu uma correspondência entre o raciocínio do intelectual polonês e a filosofia inaciana que pode ser aplicada aos dias de hoje. “Nada de cálculo, lógica ou consenso, mas trata-se de uma oração para trabalhar a capacidade de renunciar o próprio querer”. O jesuíta elencou quatro eixos dessa capacidade: Desejo de Deus; Confiança em Deus; Ordenamento da liberdade; e Transformação da minha sensibilidade.
Por fim, ele concluiu citando o Superior Geral Jesuíta, Padre Adolfo Nicolás. “Temos que continuar a discernir porque o processo nunca termina. É um trabalho permanente. O discernimento é a maneira de viver no meio de um mundo em mudança”.