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Católica promove 1ª Feira de Direitos Humanos

Tortura, a mulher muçulmana, prostituição infantil, intolerância religiosa, mendicância, a situação atual do idoso, preconceito relacionado a tatuagens e piercings, guerras e manipulação genética. Os tópicos listados marcaram o início da 1ª Feira de Direitos Humanos da Universidade Católica de Pernambuco, que aconteceu na terça-feira (25), no bloco G da instituição. Coordenado pela professora do curso de Direito Karina Nogueira Vasconcelos, o evento consiste na realização de sucessivas apresentações, ao longo da semana, de alunos do 1º período da graduação.

Segundo a educadora, a ideia de promover a Feira surgiu como um reflexo do nível dos trabalhos ministrados em sala de aula. A iniciativa tem como principal objetivo fazer com que os estudantes obtenham uma noção do direito vinculado à realidade, a partir de contatos com vítimas de violação dos direitos humanos. “Todos os conteúdos foram sugestões do grupo, assim como a forma de abordagem. Procurei fazer com que eles optassem por assuntos que os sensibilizassem”, explica Karina, salientando que os grupos tiveram total liberdade para produzir as apresentações.

Explorando temas diversificados e sustentados por vertentes dogmáticas, os trabalhos foram caracterizados por dinâmicas formas de abordagem, como exibição de reportagens, trechos de filmes e entrevistas, além de análise de livros. A equipe responsável pelo tema Intolerância Religiosa se apropriou de casos reais para exemplificar o preconceito que rodeia as crenças teológicas. Partindo de princípios doutrinários, elas defenderam o respeito à liberdade religiosa.

As alunas tomaram como exemplo a discriminação sofrida por religiões africanas. Além de leituras e comentários críticos de trechos extraídos do livro Orixás, Caboclos e Guias – Deuses ou Demônios?, de autoria do bispo Edir Macedo, o filme Ó Pai Ó também foi ilustrado durante apresentação.

Preconceito em várias expressões

O tópico Mendicância foi abordado em um contexto histórico sobre o surgimento de moradores de rua e a lei de mendicância, durante a Idade Média e Moderna. Alcoolismo, envolvimento com drogas, desemprego e desavença familiar foram destacados como os motivos mais frequentes para uma pessoa residir nas ruas, cujo perfil mais comum se define por homens analfabetos, de 25 a 40 anos.

Durante elaboração do trabalho, os alunos visitaram a entidade filantrópica Toca de Assis, localizada no bairro de Boa Vista. No espaço, onde é concedido auxílio a pessoas desamparadas,  eles conheceram o morador de rua Severino, nascido em Carpina e que reside na cidade do Recife desde a morte de sua mãe. Em entrevista,  Severino falou sobre a diferença entre o tratamento dado às crianças nas ruas e aos homens de sua faixa etária. “As crianças e mulheres recebem mais ajuda”, desabafa.

A trajetória do idoso na sociedade também foi avaliada por uma das equipes. Apesar da existência do Estatuto do Idoso, implantado em 2003, a realidade da terceira idade ainda é bastante delicada, visto que pessoas dessa geração são vítimas constantes da violação dos direitos humanos. Segundo a apresentação, casos de abandono, negligência, exploração financeira e maus-tratos acontecem, principalmente, na família.

Alunas também dissertaram sobre o preconceito relacionado à imagem. Durante apresentação do tema Preconceito: piercings e tatuagens, foi comprovada que a aparência interfere diretamente no mercado profissional, durante processos seletivos, credibilidade do funcionário ou, até mesmo, em ocasiões quando se é aprovado em concursos públicos.

Em um diálogo informal, as estudantes ilustraram a discriminação sofrida por pessoas que possuem artes corporais. Segundo elas, a sociedade ainda costuma atribuir os conceitos de marginalidade e criminalidade à população tatuada.

“Todos são iguais perante a lei.” Relembravam as estudantes, ao discordarem do fato de, durante entrevistas do emprego, a capacitação de um profissional ser avaliada a partir de sua imagem.

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