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Desafios marcam a 24ª Assembleia Geral da Fiuc

Com informações da Companhia de Imprensa

A 24ª Assembleia Geral da Federação Internacional das Universidades Católicas (Fiuc), que reuniu de 23 a 27 de julho reitores e gestores de diversas partes do mundo no campus São Bernardo do Centro Universitário da FEI, terminou com muitos desafios para o futuro da educação superior, principalmente em relação às novas práticas de ensino e aprendizagem. Na visão dos palestrantes, a tecnologia da informação traz mudanças no perfil dos alunos e retira os professores de sua posição tradicional como fonte única do conhecimento e do saber. Nesse contexto, ainda novo e incerto, as instituições de ensino questionam suas práticas pedagógicas e metodológicas.

Para o professor francês Jean-Bosco Matand, que foi encarregado de apresentar a síntese do evento, a sociedade atual é marcada pela tecnologia, rapidez e busca do sucesso. “Temos o desafio de formar bons profissionais, com valores éticos e evangélicos nesse contexto”, disse. A internet precisa estar no centro dos projetos pedagógicos para que possamos nos comunicar com essa geração. “Não adianta condenar os estudantes, precisamos compreendê-los”, ressaltou.

Matand afirmou que os profissionais formados pelas universidades católicas devem se preocupar com o serviço à comunidade. “Temos de estimular a generosidade com os pobres e os necessitados. Devemos dizer não à intolerância e à dogmatização. Nossa tarefa é a construção de seres autônomos e conscientes”, acrescentou.

Conhecer os alunos é fundamental para que as universidades católicas consigam cumprir sua missão. A pesquisa realizada pela Fiuc e apresentada pela professora Rosa Aparicio Gómez, do espanhol Instituto Universitário Ortega y Gasset, dia 26, pode ser usada como base para que as instituições de ensino reflitam sobre seus projetos pedagógicos. O trabalho abrangeu os cinco continentes, 34 países, e investigou diversos aspectos da vida de mais de 17 mil universitários (de até 30 anos) que frequentam universidades católicas.

Os dados preliminares indicam que, embora individualistas, os universitários são muito otimistas quanto ao futuro (70%) e que estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a vida (91%). “Os jovens de hoje me parecem muito seguros de si mesmos e de suas vidas. Noto também um traço de individualismo e falta de confiança nas instituições”, explicou a socióloga.

Tecnologia – Britt-Mari Barth, professora emérita do Instituto Superior de Pedagogia do Institut Catholique de Paris, França, enfatizou que os estudantes da atualidade são profundamente marcados pelas novas tecnologias e pelo rápido acesso à informação. “Houve uma revolução na sociedade, causada pela internet, redes sociais e o Google. Isto nos faz perguntar quem é o novo estudante? E também como é novo professor e a universidade?”, questionou.

Para Britt-Mari Barth, é necessário dar mais importância ao modo como os jovens aprendem. Isto traz alguns desafios aos educadores, que precisam estimular nos alunos a vontade de aprender e questionar, além de fornecer-lhes as ferramentas adequadas para fazê-lo. “Tenho observado que a pedagogia universitária está ganhando terreno e os professores estão percebendo a importância de acompanhar os estudantes em seu aprendizado”, afirmou a professora francesa.

Um dos grandes nomes da educação brasileira, o professor Mário Sérgio Cortella, da PUC-SP, falou sobre “Qual é o professor adequado para cada universidade?” Para ele, os professores precisam ter insatisfação positiva, ou seja, serem movidos a fazer mais e melhor, sempre atentos e propícios às mudanças. Cortella ressaltou que como, atualmente, os alunos vivenciam no século 21, os professores são do século passado e alguns métodos são do século 19 não é permitido colisão dentro do espaço universitário.

Eucaristia – Na abertura do evento, a Cerimônia de Eucaristia foi presidida pelo cardeal Zenon Grocholewski, prefeito da Congregação para a Educação Católica (CCE), na Capela Santo Inácio de Loyola, no campus São Bernardo. A CCE é do Vaticano. A missa foi concelebrada por dom Odilo Pedro Scherer; dom Raimundo Damaceno Assis, presidente da CNBB; dom Nélson Westrupp, bispo de Santo André; e por dom Edgard Madi, arcebispo da Igreja Maronita do Brasil.

Na quinta-feira, dia 26, dom Odilo Pedro Scherer, cardeal-arcebispo de São Paulo, celebrou a Eucaristia no Pateo do Collegio, em São Paulo, com a participação do prefeito Gilberto Kassab.

Na sexta-feira, o ponto alto foi a indicação do Pe. Pedro Rubens Ferreira Oliveira, Reitor da Universidade Católica de Pernambuco, para a presidência da Fiuc.

Tradição – Em todo planeta, existem 1.358 entidades católicas dedicadas ao ensino superior, de acordo com os dados do Vaticano. No Brasil, são 152 instituições filiadas à Anec (Associação Nacional de Educação Católica do Brasil), que atuam com cerca de um milhão de vagas, com formação integral e humanística.

A Fiuc realiza Assembleia a cada três anos em diferentes países. A última ocorreu em Roma. É a terceira vez que o Brasil sedia a Assembleia: em 1960 foi na PUC-RJ e em 1978, na PUC-RS.
Os resultados iniciais da pesquisa internacional realizada pela Fiuc nos dá um panorama da cultura do jovem de hoje em 34 países.

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