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Tese de professor da Católica vence o XVII Prêmio Brasil de Economia

Foto: Marina Maranhão

O professor do curso de Ciências Econômicas da Universidade Católica de Pernambuco Valdeci Monteiro dos Santos venceu o XVII Prêmio Brasil de Economia 2011, com sua tese de doutorado A Economia do Sudeste Paraense: Fronteira de Expansão na Periferia Brasileira. A premiação, concedida pelo Conselho Federal de Economia, com o apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, foi entregue durante o XIX Congresso Brasileiro de Economia, em Bonito, Mato Grosso do Sul, realizado no período de 7 a 10 de setembro.

Segundo o professor Valdeci dos Santos, a tese defendida na Universidade de Campinas (Unicamp), em São Paulo, orientada pelo professor Wilson Cano, aborda a questão do desenvolvimento do sudeste paraense, espaço integrante da Amazônia Brasileira, que tem chamado a atenção pelo grande dinamismo econômico e pelas profundas transformações da sua base socioprodutiva, nas últimas quatro décadas. De uma economia extrativista, voltada predominantemente para o autoconsumo, com tênues vínculos extra-regionais, passou-se a vivenciar aí uma nova fase, a partir da década de 1960: de um lado, a região tornou-se objeto de uma forte expansão agropecuária, com o avanço de grandes projetos financiados pela Sudam e o deslocamento concomitante de frentes de expansão camponesa, compondo, gradativamente, um mosaico rural, a que se agregaram agentes locais mercantis e produtores tradicionais de madeira e de castanha-do-pará, e, do outro lado, assistiu, a partir da década de 1980, à emergência da economia da mineração, com a saga dos garimpos, como Serra Pelada, e, em especial, a presença da Companha Vale do Rio Doce (atual Vale), atuando na exploração mineral em larga escala, voltada basicamente para o exterior. Ao tempo em que se acelerou o crescimento populacional, expandiu-se o processo de urbanização, criaram-se diversos municípios, implantou-se uma complexa e moderna infraestrutura (viária, de energia, de comunicação etc.) e acentuaram-se as tensões pela propriedade e uso da terra. O estudo objetiva entender melhor essa experiência, dialogando com a literatura contemporânea sobre esse tipo de desenvolvimento regional e refletir sobre os processos, que conduziram às mudanças ocorridas e, sobretudo, acerca dos seus efeitos econômicos, sociais e territoriais.

 O professor Valdeci destaca a contribuição e a relevância do trabalho: “O estudo procurou investigar a lógica da dinâmica econômica, com foco nas frentes de expansão agropecuária e de mineração. Neste sentido, oferece uma contribuição importante para a academia (abrindo uma agenda de diversas possibilidades de pesquisa) e para a sociedade do sudeste paraense – governos municipais, entidades empresariais, ONGs, empresários, academia. Em termos mais amplos de um lado, se insere no debate maior sobre a dinâmica socioeconômica recente da Amazônia e de seu futuro; e, de outro, contribui para a discussão de temas econômicos, sociais; espaciais, institucionais e políticos relevantes, como por exemplo: a questão fundiária, a dinâmica da pequena e da grande produção agropecuária, o significado da indústria extrativista mineral, o de uma grande empresa como a CVRD no desenvolvimento regional, questão ambiental (desmatamento), lógica da integração produtiva nacional, o papel da infraestrutura no desenvolvimento regional, o novo urbano no interior da Amazônia etc”.

Saiba mais sobre o sudeste paraense:

  • 39 municípios (o território que corresponde ao atual tinha quatro municípios nos anos 60), destacando-se Marabá, Paragominas, Tucuruí, Conceição do Araguaia, Parauapebas, Curionópolis, Eldorado dos Carajás, Canaã dos Carajás, São Félix do Xingu e Redenção,
  • Sua área de mais de 297 mil Km² é maior do que o estado de SP que tem 248,2mil Km²,
  • Tem uma população de 1,5 milhões (2008) (20,6% do Pará), sendo os municípios mais populosos – Marabá 200 mil, Parauapebas 145 mil,
  • Seu PIB de R$ 15 bilhões (2007) é 30,4% do PIB Pará (era 12,3% em 1980); é 0,6% do PIB Brasil (um percentual semelhante ao % do PIB de SE e superior aos PIBs de  RO, PI, TO, AP, AC e RR.
  • Responde atualmente por 59,4% das exportações do PA, sendo o município de Parauapebas onde situa o principal núcleo de Carajás um dos principais municípios exportadores do BR.
  • Contempla a segunda maior hidrelétrica do Brasil: Tucuruí
  • Tem um dos maiores rebanhos de bovinos do BR, sendo São Félix do Xingu o 2º maior rebanho e Marabá o 9º do Brasil
  • A região detém uma das maiores jazidas de ferro, manganês, cobre e níquel do mundo. Destaque para o minério de ferro. Além dos projetos existentes a VALE esta ampliando o número de minas e implantando uma siderúrgica de aço plano. A estrada de ferro Carajás liga Parauapebas a São Luís.
  • O sudeste paraense é também palco de uma das principais áreas de tensão e conflito fundiário do País, tendo ocorrido nele o famoso massacre de Eldorado dos Carajás.
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