Cinema latino-americano em debate
|Texto: Milenna Gomes / Foto: Raphael Oliveira
A produção do cinema latino-americano já foi mais politizada. Enquanto, nos anos 60, os realizadores tinham preocupações de cunho social e costumavam problematizar questões, hoje, o audiovisual como meio de contestação está desvalorizado. Essa é a opinião do doutor em Imagem e Som Sebastião Guilherme Albano da Costa, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Foi incumbida a ele a função de ministrar o minicurso Panorâmica do Cinema Latino-Americano Contemporâneo, que aconteceu na manhã deste sábado (3), no Intercom.
Para o acadêmico, o caminho do cinema no continente latino é mostrar, nos filmes, a situação social de cada país, “não como se reflete, mas como meio de reflexão”. O que é feito, atualmente, é copiar a estética americana, sem valorizar particularidades da identidade local. A globalização e homogeneização da imagem, no entanto, não são completamente maléficas. Para ilustrar, o palestrante exibiu trechos de filmes que prezam pela qualidade de som, imagem, luz, direção de arte, mas são repletos de referência da pátria onde foram gravados. Entre eles, A Febre de Louco, do Chile, o documentário argentino Los Rubios e A Mulher Sem Cabeça, também da Argentina.
No Brasil, o professor explicou que o incentivo do governo para a realização de filmes com identidade local forte é maior do que em outros países. A Lei Rouanet e do Audiovisual estão ajudando o Estado a tomar as rédeas da produção nacional. O conteúdo da palestra ajudou a professora Ana Lúcia Gomes a entender a influência da indústria sobre o cinema. “Esclareceu a posição da América Latina no mundo em relação a isso”, afirmou.