Boletim Unicap

Emoção e saudade marcam missa de despedida de Padre Ferdinando

Fotos: Úrsula Neumann

O clima de comoção e perplexidade tomou conta da comunidade universitária da Católica na tarde desta terça-feira (18) durante a missa de corpo presente do Padre Ferdinand Azevedo. Amigos, alunos, professores, funcionários e ex-funcionários da Unicap lotaram a Capela da Universidade para dar o último adeus ao Padre Ferdinando, como era mais conhecido. Era tanta gente que muitos ouviram o sermão do lado de fora, no estacionamento do campus. Também marcaram presença o Reitor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, professor Valmar Correia de Andrad,  e a desembargadora federal do TRF 5ª Região Margarida Cantarelli. A cerimônia foi presidida pelo Arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, e co-celebrada pelo Reitor da Unicap, Padre Pedro Rubens Ferreira Oliveira, pelo Pró-reitor Comunitário e futuro Provincial dos Jesuítas no Nordeste, Padre Miguel Martins; pelo coordenador da Pastoral da Unicap, Padre Antônio Motta; além dos jesuítas que fazem parte da comunidade. 

Logo após as saudações iniciais, o primeiro a falar foi o Padre Miguel Martins. Visivelmente emocionado, ele agradeceu a presença de todos: “Nós pedimos apoio aos amigos que acreditam na ressurreição. Esta perda atinge a todos. Obrigado por estarem aqui”, disse. Em seguida, a solenidade foi marcada por cânticos religiosos ao som do instrumento que Padre Ferdinando mais gostava: a flauta.

“Apesar da tragédia, queremos celebrar a vida! Que a morte não atinja nossa esperança. Padre Ferdinando era uma pessoa justa. Nós não saberemos o que aconteceu, como e porque aconteceu. Mas ele merece nosso respeito pela vida digna que teve. A tradição bíblica diz que cabe somente a Deus julgar, a nós testemunhar”. Essas foram as primeiras palavras do Reitor da Unicap, Padre Pedro Rubens.

Com um semblante abatido, Padre Pedro não conseguiu conter a emoção com a perda do amigo. Ele embargou a voz ao falar da última oração de Padre Ferdinando. Ele parou de falar em alguns momentos. ” Não sabemos como foi a última oração dele. Não havia nada escrito. O testamento de quem parte, por mais enigmático que seja, é um recado de cuidado com a vida, com a saúde, com a segurança e com os outros. Que nossas perdas se traduzam em esperança”, disse Padre Pedro com os olhos marejados.

Um outro momento de bastante emoção foi quando o Reitor leu uma oração composta por Padre Ferdinando: “Santo/ Ó Deus Santo pelo Pai/Ó Deus Santo pelo Cristo Jesus/Ó Deus Santo pelo Espírito Santo/ Ó Deus por meio de vossa glória/ Dais ao mundo todo bem toda graça/Santo, Santo, Santo. Amém”. Padre Ferdinando compôs esta oração por ocasião dos seus 50 anos de sacerdócio, celebrados em 2007.

Aos 72 anos, o futuro para o Padre Ferdinando era promissor. O nome dele havia sido aprovado para fazer parte da Academia Pernambucana de Ciências e do Instituto de Arqueologia, História e Geografia de Pernambuco. “Os trabalhos comunitários desenvolvidos por ele eram discretos mas muito efetivos”, contou o amigo Leonardo Sampaio em meio a um saudoso choro ao recordar a participação de Padre Ferdinando no Comitê Pernambuco-Geórgia e no Fórum Ama Recife. As lágrimas não impediram o Sr. Leonardo de lembrar que o amigo havia sido ordenado padre no mesmo dia em que ele casou, em 20 de junho de 1970.   

Depois da missa, que durou pouco menos de uma hora, o caixão foi colocado no veículo da funerária que o levaria ao cemitário de Santo Amaro na área central do Recife. Ao dar saída, mais uma cena comovente. O carro deixou a Universidade, à qual Padre Ferdinando dedicou 35 anos de sua vida, sob aplausos.

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