Professor Thales Castro analisa governo Trump em palestra na Assembleia Legislativa
|Com informações da Assessoria de Comunicação Social da Assembleia Legislativa de Pernambuco
O governo do atual presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, e os impactos desta gestão para o Brasil e para o mundo foram analisados, nesta quinta (1°), no Grande Expediente Especial da Assembleia, a partir de um requerimento da Comissão de Assuntos Internacionais da Casa. O Assessor de Relações Internacionais e Interinstitucionais da Católica, Prof. Dr. Thales Castro, foi o especialista convidado para fazer uma palestra sobre o assunto. Thales Castro é presidente da Sociedade Consular de Pernambuco e cônsul da República de Malta no Recife.
Presidente do colegiado, o deputado Bispo Ossesio Silva (PRB) justificou a importância de trazer o debate para o Parlamento Estadual. “As metas de Trump são protecionistas e contrárias ao livre comércio. Além disso, sua vitória fortalece discursos conservadores, populistas, racistas, xenófobos e misóginos”, observou o parlamentar. “Por tudo isso, é necessário conhecer, debater e antecipar medidas que minimizem os impactos negativos dessa gestão em todo o mundo”, acrescentou.
Thales Castro iniciou sua apresentação explicando o perfil do novo presidente americano. “Trump é o primeiro homem fora dos meandros da vida público-partidária a chegar à Casa Branca. É, ainda, o primeiro twitter president, ou seja, alguém cujos pensamentos têm grande capilaridade graças à atividade intensa no microblog”, elencou Castro, destacando, ainda, outras características do gestor, como o pensamento conservador e a postura de oposição ao establishment (status quo).
O professor prosseguiu analisando como este perfil teve sucesso no pleito estadunidense. “Trump é a materialização do anticandidato. Ele representa uma silenciosa maioria de eleitores que, em razão das várias crises internacionais, tem incerteza do futuro. E, por meio da manipulação do medo desses indivíduos, chegou à vitória”, observou. O estudioso lembrou que o país norte-americano viveu, principalmente à época das campanhas, um forte processo de “pós-verdade”, que teria sido determinante para o resultado das urnas. O termo foi explicado por Castro como “uma maneira manipulada de se construir versões da realidade”.
A apresentação seguiu listando as primeiras ações de governo do presidente republicano, algumas delas ainda em litígio com o Judiciário ou em análise no Congresso. Castro citou a saída do país da Parceria Transpacífica, a iniciativa de barrar a entrada de cidadãos de sete países muçulmanos nos EUA, a assinatura da ordem executiva da construção de um muro na fronteira com o México e a autorização de um oleoduto em uma grande reserva indígena. “Passados cem dias de gestão, observamos, no entanto, uma postura um pouco diferente da retórica de palanque. É que na política existem amarras institucionais, legais e orçamentárias que impedem a implementação de muitas promessas”, explicou.
O cônsul passou, então, para uma leitura da atual conjuntura política e econômica mundial. “O mundo enfrenta hoje uma problemática, que é a aliança do nacionalismo, com o populismo e o protecionismo. Essas três fórmulas juntas geram um grande desafio para os atores políticos e agentes econômicos, e o Brexit é o grande exemplo disso”, comentou, referindo-se à decisão do Reino Unido de se desvincular da União Europeia.
Por fim, Castro apresentou alguns possíveis cenários futuros. “Devem surgir movimentos antiglobalização cada vez mais fortes, além de novas lideranças na Europa e ataques terroristas com maior frequência. Esses últimos são mecânicas para demonstrar reações às mudanças nas placas tectônicas do poder internacional”, finalizou.