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6º Encontro Internacional das Águas debate os impactos das mudanças climáticas sobre os estuários e manguezais

Fotos: Paulo Maia

O 6º Encontro Internacional das Águas promoveu, na noite de quinta-feira (12), no auditório G2, a conferência “Impacto das mudanças climáticas sobre estuários e manguezais”, proferida pelo Prof. Dr. Clemente Coelho Júnior, da UPE. Em sua apresentação, o pesquisador abordou as seguintes questões:

“Os manguezais são extremamente importantes para a sociedade, apresentando serviços ambientais importantes que são bons bioindicadores do aquecimento global e da mudança climática, pois eles acabam respondendo tanto pelo aumento da temperatura quanto pela elevação do nível médio relativo dos mares. Essa pressão antrópica (relação à ação do homem) das atividades socioeconômicas tem colocado em risco a manutenção desse ecossistema.”

“Os manguezais vão responder a essa elevação do mar, assim como eu falei sobre o aumento da temperatura, mas tem que haver área para que eles migrem. Então, geralmente a parte de trás do manguezal, onde se encontra o apicuns e salgados, são planícies que normalmente já recebem as marés mais altas. Então, aos poucos, se a maré for elevando, atenuando o efeito da salinidade dessas áreas, são as melhores áreas para que o manguezal colonize e venham formar florestas e mangues.”

“Eu acho que as causas, pela elevação do nível médio relativo dos mares, estão relacionadas ao efeito estufa. Eu confesso que são 2.500 cientistas que aceitam essa teoria contra, claro, algumas dezenas deles que são cientistas céticos, que não acreditam. Eu acredito nos 2.500, mas torço pelos poucos que são céticos.”

“Sem dúvida nenhuma a alternativa para mudar essa situação de degradação do meio ambiente é a educação. Educação, melhoria de infraestrutura, saneamento básico nas cidades e, principalmente, recuperação das áreas degradadas.”

“A importância do Encontro Internacional das Águas é a formação, formação das pessoas, formação e informação. É passar aquilo que nós cientistas, educadores, temos para passar. Quando ficamos presos dentro dos nossos laboratórios, a gente não está contribuindo tanto quanto em um evento como este, que acaba reunindo muitos estudantes e profissionais.”

A diretora do Centro de Ciências e Tecnologia da Unicap e presidente do comitê organizador do 6º EIA, falou sobre a conferência. “A conferência do professor Clemente foi muito interessante porque o mangue é um ecossistema que não é muito olhado pelas pessoas. Mas que vem ocasionar essas mudanças climáticas. A gente só fica pensando em rios e oceanos e esquece que o mangue é um ambiente até controlador desses problemas que podem acontecer pela influência dessas mudanças climáticas no recurso hídrico. Então, ele mostrou que a gente tem que olhar para esse ecossistema, não como ambiente negativo que possa ser impactado, mas como ambiente controlador dos problemas que possam acontecer: elevação de água, ou de rio, ou de oceano para o meio urbano. Então, é como se fosse um filtro, como se fosse uma barreira que impacta o mangue e ele dá a resposta. Eu acho que foi primordial o assunto que ele enfocou em sua palestra.”

Saiba mais

O professor Clemente Coelho Júnior possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1992), mestrado e doutorado em Oceanografia Biológica pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (1998 e 2003). É pesquisador associado do Laboratório Bioma do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo. Associado fundador e presidente voluntário da entidade sem fins lucrativos Instituto BiomaBrasil Gestão e Conservação de Zonas Úmidas Costeiras Tropicais. Foi professor substituto de Ecologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (2004-2006) e Universidade de Pernambuco (2002). Professor de Gestão Ambiental, Planejamento Ambiental e Ecologia de Manguezais na Universidade de Pernambuco (desde 2008). Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase em Ecologia de Ecossistemas. Atua principalmente nos seguintes temas: ecologia, conservação e gestão da Zona Costeira com ênfase no ecossistema manguezal; avaliação de impacto ambiental; e programas de educação ambiental na Zona Costeira.

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