1ª Mostra de Vídeo Universitário da Unicap premia 10 filmes de todo o país
|Quando o termo “cinema” é pronunciado, o primeiro pensamento remete àquela grande sala com cadeiras e uma enorme tela branca ao fundo. Mas, a sociedade conhece muito pouco sobre a Sétima Arte. Visando a inovação da arte cinematográfica, a assessoria cultural da Universidade Católica de Pernambuco, coordenada pelo jornalista e cineasta, Léo Tabosa, promoveu a “I Mostra de Vídeo Universitário da Unicap: Minha Universidade dava um curta-metragem!”, que teve como finalidade exibir documentários, desde animações até ficções de diversas instituições de todo o país. A Mostra foi realizada no auditório da Livraria Cultura entre os dias 19 e 22 de outubro, com documentários de no máximo 20 minutos.
A mostra fez parte da programação de comemoração dos 60 anos da Unicap. “A intenção da mostra é criar novos espaços para exibição de filmes universitários. Pernambuco já tem grandes mostras e festivais consolidados, mas não tem uma específica para filmes universitários. O que chamou mais atenção foi a faixa etária dos participantes. Um pessoal bem jovem que está produzindo bons filmes”, comentou Léo Tabosa. O júri foi composto por Aurora Miranda Leão, jornalista, atriz, produtora cultural, cineasta e presidente do júri; e os produtores culturais, Jorge Sardo Júnior, Júlio Reis e Naara Santos.
“Primeiramente, eu adoro cinema. Já fica meio que um gosto pessoal aí e não posso ter um olhar apenas daquilo que eu entendo. Na verdade, quando se pensa em cinema temos que pensar em vídeos do Brasil inteiro. Então, a expectativa é encontrar produções bem feitas e bastante responsáveis, além de sensíveis.” comentou Naara Santos, sobre sua expectativa, antes de assistir à exibiação dos filmes.
Além do público que compareceu para prestigiar as obras exibidas ali, uma das figuras importantes foi a do coordenador do curso de Jornalismo da Unicap, Alexandre Figueirôa. Ele, que contribuiu para o curta “Quarteto simbólico”, de Josias Teófilo, conta sobre sua participação no filme e sobre a sua visão a respeito da Mostra. “O ponto de partida do curta foi um projeto experimental de conclusão de curso, mas depois o autor reformulou e fez outra versão. Achei a Mostra bastante interessante, principalmente essa produção de estudantes universitários fora do circuito comercial. Acho que é um espaço rico, pois podemos ver imagens que ainda não estão ‘contaminadas’ pelo comércio… São mais para experimentos”, frisou Figueirôa.
O que mais enriqueceu o evento não foi a presença de pessoas importantes no mundo acadêmico, e sim de autores dos documentários ali exibidos. O estudante de audiovisual e novas mídias da Universidade de Fortaleza, Arthur Leite, esteve presente para prestigiar sua obra, “Mato Alto: pedra por pedra”, que já esteve em 15 grandes festivais e, pela primeira vez, participou de um universitário. Seu curta foi vencedor da categoria de melhor curta-metragem. “O espaço que a Mostra está trazendo é ótimo. Estamos vendo coisas na organização que não pude ver em muitos festivais maiores”, elogiou Leite.
Pernambuco ganha duas categorias
Para representar bem o Estado de Pernambuco, estiveram presentes as estudantes Júlia Araújo e Nathália D`Emery, ganhadoras das categorias de melhor curta-metragem de animação e melhor direção, com o curta “Brecha”, filme que fala de um executivo entediado que é atormentado por uma brecha de luz, que o convida a mudar de vida para sempre.
Não foram somente os pernambucanos que puderam prestigiar as películas. O professor de Teologia da Unicap, Padre Jacques Trudel, que é canadense, esteve presente na Mostra e conta o que achou: “Eu estava muito interessado por essa mostra. Gostei bastante e acredito que é importante para a sociedade, hoje, explorar cada vez mais cedo essa arte. Na minha época, há muitos anos, meu pai já filmava em super 8. Não era nada de especial, era somente de interesse familiar, mas naquela época era raro. Hoje em dia está se tornando muito mais fácil, e é notável que aos poucos os filmes vão aparecendo. É uma forma de desenvolver a personalidade de cada um”, ressaltou Padre Jaime, como é mais conhecido.
O técnico de som e produtor musical, Denis Antonio Pinto, ressalta o que achou da I Mostra de Vídeo da Unicap: “Pelo trabalho que está sendo desenvolvido, eu achei excelente. Acredito que a população deveria dar mais atenção a esta área, para divulgar o trabalho de profissionais que estão no começo de sua carreira; diretores e atores; gente promissora, que deveria estar recebendo mais atenção do povo.”.
No último dia da Mostra, foram exibidos oito curtas, todos de ficção. Um deles foi “Darluz”, de Leandro Goddinho – São Paulo, vencedor de diversos prêmios. A protagonista do filme ganhou na categoria de melhor atriz. O filme conta a história de mulheres que alugam seus corpos para poder sobreviver. Ventres, seios e crianças são vendidos, trocados, alugados por essas mulheres, que não têm sensibilidade.
Outro curta-metragem bastante prestigiado foi “Confinado”, de Rafael Lobo (Brasília), que mostrou até que estado o ser humano é capaz de chegar quando sua mente é provocada. O protagonista do curta se prende em seu apartamento para poder terminar de escrever sua obra literária e acaba virando refém de sua própria mente, delirando e duplicando sua personalidade. Sua vida acaba, quando ele decide se matar depois de mais de cem dias de confinamento e após descobrir que assassinou sua namorada em um ato de delírio.
“Foram curtas de nível maravilhoso, que não deixaram a desejar de forma alguma. A qualidade foi extremamente boa, além de serem bem feitos e uma produção de alto nível. Uma menção a se fazer é a respeito do filme de animação pernambucano que ganhou o melhor curta de animação; foi maravilhoso. Ideias muito bem estruturadas e trabalhadas”, lembrou Jorge Sardo Júnior, produtor musical e jurado.
“O que mais me chamou atenção foi a capacidade de a Unicap reunir tanta gente boa e em tantas áreas. Temos desde o criador das logomarcas, o pavão que é um dos símbolos da Universidade; temos a forma como o Léo Tabosa ambientou toda a mostra dentro do campus, com cartazes, pavões e até as claquetes. Foi emocionante entrar numa instituição com tantos detalhes referentes à mostra e ao cinema. Então, só não viu quem não quis. O zelo da Assessoria de Cultura com tudo, o troféu muito bem idealizado. Tudo foi bem feito e de muito bom gosto”, elogiou a cineasta e presidente do júri, Aurora Miranda Leão.
Ao final das apresentações dos filmes, foi realizado um show do grupo MPB Unicap, formado por funcionários e alunos da instituição, que cantaram e tocaram músicas do repertório cinematográfico, relembrando sucessos do cinema como “Você não me ensinou a te esquecer” do filme “Lisbela e o Prisioneiro” e “Bete Balança” , do filme “Cazuza”.
Após a apresentação musical, foi feita a premiação dos curtas. Dez filmes foram premiados, divididos nas categorias: melhor curta-metragem, melhor direção, melhor roteiro, melhor ator e atriz.
CURTAS PREMIADOS
FICÇÃO |
Melhor curta-metragem: Rocco (Felipe Matzembacher / RS) |
Melhor direção: Pâmela Hauber e Stefânia Curti (Ela Só / RS) |
Melhor roteiro: Mute (Adolfo Sarkis / RJ) |
Ator – Antonio Aurrera (Amor de Thanatos / SP) |
Atriz – Mawusi Tulani – (Darluz / SP) |
DOCUMENTÁRIO |
Melhor curta-metragem: Mato Alto: pedra por pedra (Arthur Leite / CE) |
Melhor direção: Filipe Matzembacher (Silêncio, por favor / RS) |
Melhor roteiro: A céu aberto (Alexandre Kumpinski / RS) |
ANIMAÇÃO |
Melhor curta-metragem: Brecha (Júlia Araújo e Nathália D`Emery / PE) |
Melhor direção: Júlia Araújo e Nathália D`Emery (Brecha / PE) |
Melhor roteiro: Abner, o papa zumbis (Marcus Guio e Thiago Trevisan / SP) |