Ser nobre na capitania do Rio Grande: Formação de uma conhecida nobreza da terra (1660 – 1760)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25247/hu.2020.v7n13.p124-141

Palavras-chave:

Capitania do Rio Grande. Câmaras Municipais. Governança local.

Resumo

O que era ser nobre nas conquistas portuguesas da América? Existiam aqueles que de fato eram nobres titulados pelo rei e, aqueles que se portavam e se entendiam enquanto nobres, forjando-se como uma nobreza da terra. Estudos sobre Olinda, Rio de Janeiro e São Luís do Maranhão demonstram a vinculação entre a ocupação de cargos camarários, obtenção de
mercês e postos militares, bem como um discurso de antiguidade, tradição e esforço “à custa de vida, sangue e fazenda” para a composição das chamadas nobrezas da terra. Neste artigo, buscou-se compreender, a partir do contexto político e social da capitania do Rio Grande, sobre como um poder local desta espacialidade também se assemelhava em seu
modo de agir observado para outras governanças locais. Dessa forma, questiona-se sobre o que era ser nobre ou as possibilidades de viver ao modo nobre na capitania do Rio Grande, assim como se analisa a formação de uma “conhecida nobreza da terra”, radicada nos postos camarários e de ordenanças e gestada durante os conflitos da Guerra dos Bárbaros, entre a segunda metade do século XVII e a primeira metade do século XVIII. Para isso, realizou-se um trabalho de análise bibliográfica, aliado ao método prosopográfico, a partir da documentação produzida pela Câmara de Natal, como os termos de vereações e os livros de registros de cartas e provisões, bem como as fontes paroquiais, a fim de se entender quem eram essas pessoas, famílias, e a chamada nobreza da terra.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Kleyson Bruno Chaves Barbosa, Universidade Federal Fluminense

    Doutorando em História pela Universidade Federal Fluminense.

Referências

ALENCAR, Júlio César Vieira de. Para que enfim se colonizem estes sertões: a Câmara de Natal e a Guerra dos Bárbaros (1681-1722). Natal, Dissertação (Mestrado), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2017.

ALVEAL, Carmen. Os desafios da governança e as relações de poder na Capitania do Rio Grande na segunda metade do século XVII. In: MACEDO, Helder; SANTOS, Rosenilson (Orgs.). Capitania do Rio Grande. Histórias e colonização na América portuguesa. João Pessoa, Natal: Ideia Editora, EDUFRN, 2013.

ALVEAL, Carmen. A Formação da Elite na Capitania do Rio Grande no pós-Restauração (1659-1691). In: Congresso Internacional Pequena Nobreza nos Impérios Ibéricos de Antigo Regime. Lisboa, 18 a 21 de maio de 2011.

ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. Lisboa: CNCDP, 2001.

BARBOSA, Kleyson Bruno Chaves. A Câmara de Natal e os Homens de Conhecida Nobreza: governança local na capitania do Rio Grande (1720-1759). Natal, Dissertação (Mestrado), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2017.

BARBOSA, Lívia Brenda da Silva. Com os ramos nas mãos, para o lucro dos homens e da Coroa: os autos de arrematação da Provedoria da Fazenda Real do Rio Grande (1673-1723). Temporalidades, v. 8, p. 392-408, 2016.

BICALHO, Maria Fernanda. A cidade e o império: o Rio de Janeiro no século XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

BICALHO, Maria Fernanda. As Câmaras ultramarinas e o governo do Império. In: FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fátima (Orgs.). O Antigo Regime nos Trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

BOXER, Charles. Conselheiros municipais e irmãos de caridade. In: BOXER, Charles. O Império ultramarino português 1415-1825. Charles Boxer; tradução Anna Olga de Barros Barreto. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

CASCUDO, Câmara. História do Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura/ Serviço de Documentação. 1955.

COMISSOLI, Adriano; GIL, Tiago Luís. Camaristas e potentados no extremo da Conquista, Rio Grande de São Pedro, 1770-1810. FRAGOSO, João; SAMPAIO, Antonio Carlos Jucá de. (Orgs.). Monarquia pluricontinental e a governança da terra no ultramar atlântico luso: séculos XVI-XVIII. Rio de Janeiro: Mauad X, 2012.

CORRÊA, Helidacy Maria Muniz. “Para aumento da Conquista e bom governo dos moradores”: o papel da câmara de São Luís na conquista, defesa e organização do território do Maranhão (1615-1668). Niterói, Tese (Doutorado), Universidade Federal Fluminense, 2011.

CURVELO, Arthur. Variações do Poder Camarário na Capitania de Pernambuco: Olinda e Alagoas do Sul na segunda metade do século XVII. Hist. R., Goiânia, v. 21, n. 1, p. 70–91, jan./abr. 2016.

DIAS, Patrícia de Oliveira. Onde fica o sertão rompem-se as águas: processo de territorialização da ribeira do Apodi-Mossoró. Natal, Dissertação (Mestrado), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2015.

FONSECA, Cláudia Damasceno. Arraiais e vilas d’el rei: espaço e poder nas Minas setecentistas. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

FONSECA, Marcos Arthur Viana da.; BARBOSA, Kleyson Bruno Chaves. A crise de 1724: conflitos e disputas de poder na capitania do Rio Grande a partir das eleições camarárias. In: Colóquio Nacional História Cultural e Sensibilidades, 2016, Caicó. Anais Eletrônicos do VI Colóquio Nacional História Cultural e Sensibilidades: histórias e memórias. Caicó: Ceres, 2016. p. 61-76.

FRAGOSO, João. A nobreza vive em bandos: a economia política das melhores famílias da terra do Rio de Janeiro, século XVIII. Tempo, Niterói, v. 8, n. 15, p. 11-36, 2003.

FRAGOSO, João. A Formação da economia colonial no Rio de Janeiro e de sua primeira elite senhorial (séculos XVI e XVII). In: FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fátima (Orgs.). O Antigo Regime nos Trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

KRAUSE, Thiago Nascimento. A Formação de uma Nobreza Ultramarina: Coroa e elites locais na Bahia seiscentista. Rio de Janeiro, Tese (Doutorado), Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015.

LYRA, A. Tavares de. História do Rio Grande do Norte. 3. ed. Natal, RN: EDUFRN – Editora da UFRN, 2008.

MELLO, Evaldo Cabral de. A Fronda dos Mazombos – nobres contra mascates Pernambuco 1666-1715. São Paulo: Cia das Letras, 1995.

MENEZES, Mozart Vergetti de. Jurisdição e poder nas Capitanias do Norte (1654-1755). Saeculum – Revista de História. [14]; João Pessoa, jan./jun. 2006.

MONTEIRO, Denise Mattos. Introdução à História do Rio Grande do Norte. 4. ed. Natal: Flor do Sal, 2015.

MONTEIRO, Nuno Gonçalo. Poder senhorial, estatuto nobiliárquico e aristocracia. In: HESPANHA, António Manuel.

História de Portugal. O Antigo Regime (1620-1810). Lisboa: Círculo de Leitores, 1993a.

MONTEIRO, Nuno Gonçalo. Os Concelhos e as Comunidades. In: HESPANHA, António Manuel. História de Portugal. O Antigo Regime (1620-1810). Lisboa: Círculo de Leitores, 1993b.

NOGUEIRA, Gabriel Parente. Fazer-se nobre nas fímbrias do império: práticas de nobilitação e hierarquia social da elite camarária de Santa Cruz do Aracati (1748-1804). Fortaleza, Dissertação (Mestrado), Universidade Federal do Ceará, 2010.

OLIVAL, Fernanda. As ordens militares e o Estado moderno. Honra, mercê e venalidade em Portugal (1641-1789). Lisboa: Estar Editora, 2001.

PIRES, Maria Idalina da Cruz. Resistência indígena nos sertões nordestinos no pós-conquista territorial: legislação, conflito e negociação nas vilas pombalinas 1757-1823. Recife: FUNDARPE, 1980.

PONTES, Annie Larissa Garcia Neves. Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos: festas e funerais na Natal oitocentista. João Pessoa, Dissertação (Mestrado), Universidade Federal da Paraíba, 2008.

PRADO JR., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

PUNTONI, Pedro. A guerra dos bárbaros: povos indígenas e a colonização do sertão nordeste do Brasil, 1650-1720.São Paulo: Hucitec, 2002.

RAMINELLI, Ronald. Nobrezas do Novo Mundo. Rio de Janeiro: FAPERJ; FGV, 2015.

RUSSELL-WOOD, A. J. R. Centro e periferias no mundo Luso-Brasileiro. Revista Brasileira de História. v. 18. n. 36. São Paulo, 1998.

RUSSELL-WOOD, A. J. R. O governo local na América portuguesa: um estudo de divergência cultural. Revista de História, v. 55, n. 109, 1977. p. 37-39.

SCOTT, STORRS, Ch Storrs (editor). Introdução - The Consolidation of Noble Power in Europe, c. 1600-1800. In: The European nobilities. Vol 1. Londres: Longman, 2005 (2 ed.).

SILVA, Tyego Franklin. A ribeira da discórdia: terras, homens e relações de poder na territorialização do Assu colonial (1680-1720). Natal, Dissertação (Mestrado), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2015.

SOUSA, Avanete Pereira. “Poder local e autonomia camarária no Antigo Regime: o Senado da Câmara da Bahia (século XVIII)”. In: BICALHO, Maria Fernanda; FERLINI, Vera Lúcia Amaral (Orgs.). Modos de governar: idéias e práticas políticas no Império Português, séculos XVI a XIX. São Paulo: Alameda, 2005.

SOUZA, Laura de Mello. O Sol e a Sombra: política e administração na América do século XVIII. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2006.

STONE, Laurence. Prosopography. In: Daedalus: journal of American Academy of Arts and Sciences, vol. 100, nº 1, 1971, p. 46-79.; STONE, Lawrence. Prosopografia. Rev. Sociol. Polít., Curitiba, v. 19, n. 39, p. 115-137, jun. 2011. p. 115-137.

XAVIER, Ângela Barreto; HESPANHA, António Manuel. As redes clientelares. In: HESPANHA, António Manuel. História de Portugal. O Antigo Regime (1620-1810). Lisboa: Círculo de Leitores, 1993.

Downloads

Publicado

2020-11-10

Como Citar

BARBOSA, Kleyson Bruno Chaves. Ser nobre na capitania do Rio Grande: Formação de uma conhecida nobreza da terra (1660 – 1760). HISTÓRIA UNICAP , Recife, PE, Brasil, v. 7, n. 13, p. 124–141, 2020. DOI: 10.25247/hu.2020.v7n13.p124-141. Disponível em: https://www1.unicap.br/ojs/index.php/historia/article/view/1656.. Acesso em: 27 dez. 2024.

Artigos Semelhantes

101-110 de 146

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.