A servidão involuntária: Trabalho, educação e enraizamento em Simone Weil (II)
DOI:
https://doi.org/10.25247/P1982-999X.2015.v1n2.p47-60Resumo
Neste artigo apresentamos uma introdução ao pensamento social da filósofa judia francesa Simone Weil, tendo como eixo a articulação de trabalho e educação à luz da categoria de enraizamento. Peregrinando de corpo e alma junto a operários, mineiros e camponeses, Simone Weil oferece ao mundo contemporâneo uma das mais consistentes contribuições reflexivas em favor da superação da opressão social imposta aos trabalhadores da produção, cuja “carne de trabalho” é por ela assumida como locus hermenêutico de uma radical reposição da questão sobre o sentido do humano. Na contramão da histórica divisão social do trabalho que promove a degradação do labor manual, Simone mostra que uma civilização não atinge o estatuto humano se aqueles que contribuem com as suas mãos para edificá-la não levam, de direito e de fato, uma vida humana. Na perspectiva dessa transgressão civilizatória, tratava-se de assegurar aos trabalhadores da produção os “alimentos” para a satisfação de suas necessidades humanas básicas, mas também sua plena inserção na vida do espírito, seja pela apropriação da cultura “clássica” e universal que lhes é sonegada, seja pela afirmação da cultura – única e inestimável – enraizada em sua experiência vital. Em suma, a perspicácia subversiva do pensamento de Simone Weil está em mostrar que a opressão social não somente usurpa a dignidade de operários e camponeses, como empobrece a própria civilização, ao privá-la de uma espiritualidade que só pode nascer do corpo e da alma dos trabalhadores.Downloads
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Publicado
2016-01-26
Edição
Seção
Artigos
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Como Citar
SANTOS, Luciano Costa. A servidão involuntária: Trabalho, educação e enraizamento em Simone Weil (II). Revista Ágora Filosófica, Recife, PE, Brasil, v. 15, n. 2, p. 47–60, 2016. DOI: 10.25247/P1982-999X.2015.v1n2.p47-60. Disponível em: https://www1.unicap.br/ojs/index.php/agora/article/view/715.. Acesso em: 23 dez. 2024.