O Fórum Inter-Religioso da UNICAP, organizado pelo nosso Observatório, articula desde 2007 uma série de encontros com animadores das tradições espirituais da região, para re-conhecimento humano da fé e exercício do respeito à diversidade de suas expressões, para reflexão sobre a vivência pluralista do sagrado e ensaio de uma mística trans-religiosa. Após estudar as principais religiões no Recife e também aprofundar temáticas transversais às grandes tradições espirituais, o Fórum da UNICAP está se debruçando agora sobre os desafios teóricos, fenomenológicos e hermenêuticos, para a compreensão crítica e engajada da nossa religiosidade.
Uma dimensão central das religiões da gente é a devoção popular, a dedicação ritual e as promessas e votos aos santos e divindades “intermediárias”, frente a um poder “Criador”. Essa fé simples e envolta em êxtases e transes por vezes levanta muros (como no caso do Cristo “evangélico” contra a santidade dos outros ou dos messianismos católicos contra os males do “século”), mas também derruba fronteiras de crença (como nas festas sincréticas de São Jorge/Ogum ou de Xangô/São João e Conceição/Iemanjá).
A devoção ao santo dá materialidade às experiências religiosas comuns, feito nas festas da natureza e peregrinações em diferentes contextos culturais, revelando e escondendo o poder carismático dos seus beatos – mesmo os high-tech. Resta aprofundar se aí o povo empodera-se junto e comunitariamente, ou se esses intermediários (beatos e santos) favorecem a instrumentalização dos devotos por instituições político-religiosas; resta saber qual a relação da experiência mágica desse imaginário com o processo de emancipação e humanização da história…
Dia 12 de junho, então, segunda-feira, das 17 às 18h30, na sala de teleconferências (térreo do bloco G4) da Universidade, temos uma sessão do Fórum com o tema A fé do povo: exercícios de religião comparada. Participarão da roda de conversa Gilvan Neves, Silvério Pessoa e Maximilien de la Martiniere: eles vão compartilhar as suas pesquisas e ajudar a aprofundar, através da história comparada, a nossa religiosidade popular. A entrada é franca para quem tem interesse em debater, com esses estudiosos da religião, sobre os portais para a transcendência do povo, suas velhas e novas configurações.
Prof. Gilbraz Aragão