Para não esquecer do lado obscuro da história brasileira do período ditatorial e suas consequências, ocorrerá nos dias 24, 26 e 27 de maio, o evento “Pelo Direito à Memória: Ditadura nunca mais! 50 anos da morte do Pe. Henrique”.
O assassinato do Pe. Henrique chocou a sociedade pernambucana e brasileira na década de sessenta. Uma morte prematura e brutal que tinha cunho político e interesse de impor medo a quem se opunha ao regime militar que se apresentava contra ao movimento “comunista”. O professor e padre Antônio Henrique Pereira neto, aos 28 anos foi encontrado morto no Recife, no dia 28 de maio de 1969. Seu corpo apresentava marcas de torturas e foi lançado no canteiro de uma avenida na Cidade Universitária, durante o período da ditadura militar brasileira (1964-1985).
O esclarecimento do assassinato do padre aconteceu 45 anos depois de sua morte, em 2014, pela investigação da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Camara e pela Comissão Nacional da Verdade (CNV). O inquérito do assassinato foi determinado como crime político. O Pe. Henrique era assessor de Dom Helder Camara, ambos eram considerados personas non grata, na época, pelo regime ditatorial e sofriam ameaças veladas do Comando de Caça aos Comunistas (CCC).
A celebração tem o papel importante de mostrar a resistência a um regime que oprimia a liberdade e o direito de expressão de ideias contrarias ao seu absolutismo ideológico. No dia 24, no auditório Dom Helder Camara, às 19h, no térreo do bloco A, da Universidade Católica de Pernambuco, a solenidade vai ter mesa redonda com o tema: Missão, Martírio e Verdade. Foram convidados a participar e contribuir com o debate o assessor da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre José Ernanni Pinheiro, o jurista e político, Roberto Franca e Henrique Mariano, Secretário Geral da Comissão de Memória e Verdade Dom Helder Camara.
No dia 26 (9h), por sua vez, ocorrerá a celebração eucarística presidida pelo arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, na Catedral da Sé, no alto da Sé, Olinda.
O último dia do evento (27) vai ser na Igreja de Nossa Senhora das Fronteiras, rua Henrique Dias, no Recife. Será realizado uma vigília em memória aos 50 anos do martírio do Pe.Henrique e contará com apresentação compacta da peça O Pro(fé)ta: O bispo do povo, com a atuação de Júnior Aguiar e de Daniel Barros. Três dias para lembrar, debater e criar consciência do respeito a liberdade de expressão e ideológica, pois pouco se produz em terreno árido.