Homicídios crescem pelo sétimo mês consecutivo no país

Artigo do presidente e secretária executiva do Fórum Brasileiro de Segurança pública, respectivamente Renato S. de Lima e Samira Bueno

Homicídios crescem pelo sétimo mês consecutivo no país

Com sete meses ininterruptos de crescimento dos crimes violentos letais intencionais (homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte e latrocínios) no país, a gestão de Jair Bolsonaro bate um recorde de meses consecutivos de alta da criminalidade violenta, de acordo com série histórica de dados compilados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública e do Monitor da Violência desde janeiro de 2016.

Mesmo que em patamares ainda menores do que aqueles observados no final de 2017, este é o período de meses mais longo da série histórica analisada e pode indicar o esgotamento dos efeitos das estratégias e políticas adotadas entre 2017 e 2018 e que permitiram a redução dos assassinatos a partir de janeiro de 2018.

E, mais, esse período pode ser o início dos efeitos de medidas como o esforço ideológico inconsequente que o governo Bolsonaro faz de desregulação e ampliação da posse e o porte de armas de fogo e munições, entre outras ações formuladas em sua gestão para a área. Esforço esse que culminou, agora em abril, com a determinação do presidente para a revogação de portarias do Exército Brasileiro que estabeleciam regras para rastreamento e identificação de armas de fogo no Brasil, mesmo após o Exército alertar para o fato de que a medida atentaria aos interesses da segurança nacional.

No plano subnacional, dados  do Monitor da Violência, parceria do Fórum Brasileiro de Segurança Pública com o NEV/USP e o G1, revelam que 20 das 27 Unidades da Federação apresentaram crescimento de assassinatos entre janeiro e fevereiro de 2020, em relação ao mesmo período de 2019. No total Brasil, comparando os mesmos períodos, houve um crescimento de 7,6% nos assassinatos.

Dessas 20 Unidades da Federação, chama atenção o Ceará, que enfrentou uma greve/motim de policiais militares em fevereiro que resultou, entre outras questões, no aumento abrupto dos homicídios durante o movimento paredista e que quase anulou o ganho de cerca de mais de 50% de queda nas mortes que o estado havia obtido no ano passado. Mas, tão grave quanto a situação do Ceará, destacamos o crescimento dos crimes violentos letais intencionais em UF que estavam conseguindo, até então, reduzir seus índices de violência criminal por vários anos, a exemplo do Distrito Federal, Santa Catarina, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Espirito Santo e São Paulo.

É muito revelante que quase todas essas Unidades da Federação possuem sistemas de metas e/ou bonificação por resultados e são caracterizadas pelo esforço de articulação e integração entre suas polícias. A capacidade incremental e gerencial que os governos estaduais detêm na segurança pública ficou fortemente constrangida, ao que tudo indica, pela incapacidade do governo federal em articular respostas federativas às novas dinâmicas da violência e do crime organizado, bem como pela crise fiscal que reduziu a margem para o financiamento de um sistema historicamente desfuncional.

Também contribuiu para este quadro um ambiente de excessiva politização das forças policiais que, em nome de justas reivindicações por melhores condições de salário e trabalho, passaram a defender pautas com forte carga corporativista e ideológica. A política invadiu os quartéis e as unidades das polícias e a atividade cotidiana de segurança pública ficou em segundo plano.  E, se esse movimento já vinha sendo estimulado desde os governos do PT, foi sob Jair Bolsonaro e Sergio Moro que a segurança virou de vez bandeira político-partidária.

Em artigo de balanço de gestão de Sergio Moro à frente da pasta da Justiça e Segurança Pública publicado na edição da Folha do último sábado, alguns pontos objetivos foram descritos. Porém, a disputa por protagonismo dos dois políticos mais populares da atualidade teve, como efeito colateral, o abandono da segurança como política pública e o descaso com as demandas histórica de modernização e reforma da área no país.

Como exemplo, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, que legalmente é quem coordena as políticas de segurança pública do país, ficou a reboque do Planalto na discussão sobre a já citada ampliação do porte e posse de armas de fogo e munições. Também teve uma atuação omissa no combate às milícias e referendou a mensagem leniente com o uso desproporcional da força letal, com o tecnicamente falso discurso presidencial da excludente de ilicitude para integrantes das forças de segurança. De igual modo, reduziu suas conversas com os secretários de segurança e defesa social dos estados; e não participou das conversas para a modernização do R200, decreto que regula as Polícias Militares no país, que estão sendo tocadas pelo Palácio do Planalto e pelo Ministério da Defesa, e que visam a proposição de Projeto de Lei que instituí a Lei Orgânica das Polícias Militares.

O governo Bolsonaro diminuiu o número de operações da Força Nacional de Segurança Pública em áreas indígenas e de proteção ambiental, com sérias implicações diplomáticas e econômicas. Para se ter uma ideia, vale relembrar que, em 2019, as ações ambientais e/ou em terras indígenas responderam por 12% das operações da FNSP. Em 2018, por 24%. Já dados do Portal da Transparência sobre Execução Orçamentária da União, em 2019, corrigidos pelo IPCA revelam que o Ministério da Justiça e da Segurança Pública reduziu em 24,9% os gastos com a FUNAI.

Da mesma forma, Sergio Moro rivalizou com governadores para assumir protagonismo da queda de crimes observada até meados de 2019 e sumiu quando percebeu que vários índices voltaram a crescer e que seria cobrado por isso. Ele também politizou demais, no começo do ano, o episódio em torno do motim da Polícia Militar no Ceará, dificultando as negociações do governo estadual com os policiais amotinados. A transferência de lideranças de facções de base prisional para presídios federais foi estimulada mas, sozinha, ela não resolveu a estrutural crise carcerária, com superlotação e domínio das prisões por parte do crime organizado.

O governo Bolsonaro igualmente não apresentou nenhuma política de enfrentamento para a violência contra a mulher, que agora mostra sua face durante a pandemia de Covid-19, quando crescem os feminicídios ao mesmo tempo em que os serviços de acolhimento às mulheres vítimas de violência estão sucateados. Os Ministérios da Justiça e da Saúde não dialogaram entre si e não tiveram a capacidade de planejamento e aquisição em tempo hábil de EPI para as polícias diante da pandemia.

Nesse processo, jabutis começaram a brotar em árvores, como a proposta do DEPEN (Departamento Penitenciário Nacional) apresentada ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária – CNPCP para, diante da pandemia de Covid-19,  acomodar presos em contêineres, relembrando as “prisões de lata” dos anos 2000 e, ainda, o alojamento incendiado das categorias de base do Flamengo, no “ninho do Urubu”.

Sergio Moro não obteve êxito em fazer avançar suas principais vitrines, o Pacote “Anticrime” e o programa “Em Frente Brasil”. O primeiro foi alterado no Congresso com apoio tácito do Palácio do Planalto e, o segundo, ficou na esfera da boa intenção, sem ganhar escala e efetividade. Ainda é importante destacar que o ex-ministro sempre manteve rota de conflitos com parcela do STF e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), tensionando as relações entre os poderes e diminuindo o espaço para ações coordenadas.

Os recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública foram bloqueados por Paulo Guedes e o STF precisou determinar a liberação do dinheiro para que ele pudessem ser repassado aos estados. A Polícia Federal, por uma questão de restrição orçamentária, diminuiu o número de operações especiais. O Fundo Nacional Anti-drogas recebeu mais recursos a partir da facilitação da venda de bens apreendidos, mas eles não foram executados ou foram convertidos em medidas concretas de prevenção.

E, por fim, o Governo Bolsonaro, alegando que uma consultoria da CGU teria encontrado problemas de desenho institucional da Política Nacional de Segurança Pública aprovada no final de 2018 paralisou a implementação do SUSP (Sistema Único de Segurança Pública), que tentava, exatamente, criar um novo ambiente federativo de cooperação e aperfeiçoamento da área. Com a desculpa de que a legislação era falha, o que não é fato, medidas que estavam sendo conduzidas na direção da coordenação federativa foram abandonadas.

Em suma, construir uma política de segurança eficiente leva anos e é obrigatoriamente uma construção coletiva. Porém, destruí-la é sempre muito rápido e quase sempre decorrente da irresponsabilidade política ou institucional de quem prefere surfar na onda da sua fugaz popularidade e/ou de quem fica cego por concepções ideológicas toscas e não mede as consequências de seus atos na vida real da população.

Várias hipóteses podem ser mobilizadas para compreendermos essa reversão de tendência, mas, em uma síntese política, a aliança entre Jair Bolsonaro e Sergio Moro teve, na prática, resultados pífios para a segurança pública. Ao contrário do que disse o ex-ministro Sergio Moro no início de janeiro deste ano, na segurança não existe Mago Merlin ou feitiços prestidigitadores mas evidências e trabalho árduo.

Fonte: Faces da Violência/UOL.

https://facesdaviolencia.blogfolha.uol.com.br/

Rede Tumulto movimenta comunidades periféricas

Devido aos impactos da pandemia do Coronavírus, o projeto Rede Tumulto, por meio da Campanha Enche Panela, está arrecadando alimentos, materiais de higiene pessoal e dinheiro através de doação online ou presencial, para distribuição cestas básicas para famílias periféricas da Região Metropolitana do Recife (RMR).

Os protagonistas da Rede Tumulto são jovens periféricos, que produzem ações provocativas em diferentes favelas da cidade, tendo uma unificação das comunidades do Totó, Arruda, CDD, Santo Amaro, Jardim Brasil, Coque, Jaboatão, Vasco da Gama, Água fria, Alto José do Pinho,Favela do Papelão e do Detran.

Essas 12 comunidades vêm fazendo um movimento necessário para cuidar uns dos outros, tendo em vista a negligencia do governo que coloca em situação de mais vulnerabilidade a maioria dessas comunidades.

A integrante da Rede Tumulto e cineasta periférica, Yane Mendes, explicou que o nome da ação Enche Panela é uma provocação ao panelaço. Afirmando que não tem tempo para bater panelas, optou em encher a panela um do outro salvando vidas e cobrando ação individual das pessoas, sem deixar de cobrar a responsabilidade dos governantes.

Yane afirma ainda que o Enche Panela atualmente ajuda 85 famílias das 12 comunidades. Segundo ela, existem cerca de 25 famílias na lista de espera e esse número não para de crescer. É importante ressaltar que a iniciativa ajuda as pessoas vulnerabilizadas devido à Covid-19. Yane explica que trata-se de comunidades fortes, unidas para combater uma crise que se agrava a cada dia. A cineasta afirma também que existem outros objetivos na ação e que um deles é o combate às fake news e a democratização da comunicação.

O coletivo promove ações de comunicação com a linguagem da periferia. Os conteúdos promovem o debate para que as pessoas não se culpem pelo que estão passando, e alertam para a responsabilidade dos governos. Você também pode fazer sua parte para contribuir com o Enche Panela. As doações podem ser feitas presencialmente, na Rua Custódia, na comunidade do Totó ou através de vakinha virtual acessando: Link da Vakinha: http://vaka.me/997637

Para quem tem dificuldade em doar através do site e está respeitando o isolamento social, a Rede também está aceitando transferência bancária, para informações sobre os dados, entrar em contato com Yane Mendes (81) 9.86082376 ou pelo Instagram @redetumulto e @eu_sou_yane.

Matéria: Wilma Santos

A CIDH e sua REDESCA pedem aos estados da região que garantam os direitos das pessoas de ascendência africana e previnam a discriminação racial no contexto da pandemia do COVID-19.

Washington, DC – A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e seu Escritório do Relator Especial de Direitos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (REDESCA), no âmbito de sua Coordenação e Resposta Atempada e Integrada à crise em relação à A pandemia do COVID-19 (SACROI COVID-19), exorta os Estados da região a materializar os direitos das pessoas de ascendência africana, a prevenir e combater a discriminação racial nesse contexto. Em particular, a Comissão e sua REDECA instam os Estados a garantir acesso oportuno à saúde pública, por meio de medidas para prevenir, mitigar e tratar esta doença, em condições dignas, de igualdade e não discriminação para todas as pessoas de ascendência africana e comunidades tribais.

Leia mais: http://www.oas.org/es/cidh/prensa/comunicados/2020/092.asp

A CIDH anuncia o fortalecimento e a data provisória de instalação do Grupo Interdisciplinar de Peritos Independentes (GIEI) para auxiliar as investigações sobre atos de violência e violações de direitos humanos na Bolívia.

Washington, DC – A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) anuncia o fortalecimento e a data provisória para a instalação do Grupo Interdisciplinar de Peritos Independentes (GIEI), criado como um mecanismo para auxiliar as investigações de atos de violência e violações de direitos humanos em CIDH. Bolívia entre o 1º. Setembro e 31 de dezembro de 2019, com base no Acordo assinado pela CIDH e pelo Estado Plurinacional da Bolívia em 12 de dezembro de 2019.

Leia mais: http://www.oas.org/es/cidh/prensa/comunicados/2020/091.asp

Bolsonaro veta projeto que regulamenta profissão de Historiador

O presidente Jair Bolsonaro vetou integralmente projeto de lei que dispõe sobre a regulamentação da profissão de Historiador e lista condições e requisitos para seu exercício. O veto está publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, 27.

Leia mais: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/04/27/bolsonaro-veta-projeto-que-regulamenta-profissao-de-historiador.htm?utm_source=facebook&utm_medium=social-media&utm_campaign=noticias&utm_content=geral

☑ COMUNICARDH👀 Clipping da Cátedra Unesco/Unicap de Direitos Humanos Dom Helder Camara

 

➡ Covid-19: Combate ao crime relacionado a produtos médicos falsificados
ONU Brasil: https://bit.ly/2VKoQIk

➡ Cartilha multilíngue auxilia na promoção da saúde de indígenas venezuelanos refugiados no Brasil
ONU Brasil: https://bit.ly/2KK5UD2

➡ Pacto Global discute importância do saneamento básico na luta contra o novo coronavírus
ONU Brasil: https://bit.ly/3eRRdMa

➡ Coronavírus: trabalhadores de serviços essenciais merecem mais que aplausos e máscaras. Precisam de apoio permanente.
The Intercept: https://bit.ly/2SdUHiz

➡️ Covid-19: ministério da saúde impõe restrição ilegal para impedir que médicos cubanos voltem a trabalhar no Brasil.
The Intercept: https://bit.ly/2xgU00D

➡ Acampamento Terra Livre abre série de eventos online sobre a luta dos povos indígenas
Brasil de Fato: https://bit.ly/2VKIVhO

➡️ Ministério da Saúde prevê pico do coronavírus no Brasil dentro de duas a nove semanas
Brasil de Fato: https://bit.ly/2Ybwn4q

➡ Doméstica e a carga de preconceitos no limite da escravidão moderna
ANF: https://bit.ly/35eYeSI

➡ OAB condena ação policial no Alemão que impediu ajuda comunitária
ANF: https://bit.ly/2Ydfo1D

➡ PGR extingue Secretaria de Direitos Humanos, responsável por federalização de investigações travadas nos estados
O Globo: https://bit.ly/2W0RcNq

➡ ONU teme ‘desastre’ para direitos humanos com medidas contra coronavírus
UOL: https://bit.ly/2KHYiRC

➡ Devido a restrições durante pandemia Bachelet ressalta risco de desastre de direitos humanos
A Voz da Cidade: https://bit.ly/2SfrLXb

➡ Comitê de Direitos Humanos fala em ‘crise humanitária’ em Guayaquil
R7: https://bit.ly/2W4Q8YV

➡ Facebook cria sistema de vale-presente para pequenos negócios na pandemia

Folha de São Paulo: https://bit.ly/3aKvJNZ

➡ Mais de 90% dos médicos que atuam no combate ao coronavírus em SP não fizeram teste para a doença
G1: https://glo.bo/2xfuAjQ

☑ COMUNICARDH
Clipping produzido pela Cátedra Unesco/Unicap de Direitos Humanos Dom Helder Camara
https://bit.ly/2Jp877M
Recife, 28.04.20

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🎙https://bit.ly/3cJ6q09
📺https://bit.ly/2VQoU8e

Mapa da Resistência ao Coronavírus

Em meio à pandemia do Coronavírus, há diversas iniciativas que buscam arrecadar doações a fim de apoiar aos menos favorecidos e que se configuram como grupo de risco social. Em Pernambuco, foi criado o Mapa de Resistência ao Coronavírus, que localiza campanhas comunitárias de solidariedade na Região Metropolitana do Recife.

O estado de Pernambuco tem 7 das 20 cidades com maior mortalidade por COVID-19 no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Com isso, campanhas estão sendo realizadas cada vez mais, principalmente em comunidades onde está localizada a população mais carente e necessitada de ajuda neste período de isolamento social.

No mapa estão localizadas campanhas como o da Comunidade Frei Damião em Abreu e Lima, Campanha de Santo Amaro, no Recife e Campanha da ONG Movimento Social Cores do Amanhã, no Totó. O site localiza os pontos de arrecadação, deixando as informações para contato e possui a opção de registrar uma nova campanha.Link para ter acesso ao mapa: https://mapasolidario.riacho.inf/

📸 mapasolidario.riacho.info
📝 Mayara Moreira