CIGANOS PASSAM NECESSIDADE POR NEGLIGÊNCIA DO PODER PÚBLICO

Existem cerca de 20 mil ciganos em comunidades localizadas em diferentes municípios do território pernambucano. A negligência dos governos federal, estadual e municipal já era uma realidade, mas com a pandemia, o problema apenas piorou.

Apesar de serem estigmatizados como um povo nômade, muitos ciganos vivem do comércio e da arte, apesar de também existirem agricultores, policiais, advogados e professores. Ainda assim, muitos ainda vivem marginalizados, e dependem do auxílio da população e de grupos de assistência social, que arrecadam alimentos e organizam sopões comunitários.

Pernambuco é o terceiro estado com a maior população cigana no Nordeste, com as principais comunidades localizadas em Petrolina, onde vivem aproximadamente 2 mil ciganos. Entretanto, nem mesmo o grande volume de pessoas foi suficiente para despertar o interesse do poder público, já que desde antes da pandemia, a situação do povo cigano já era de frequente desassistência, e a invisibilização da causa torna difícil até mesmo a busca de informações sobre as comunidades locais.

Entretanto, o auxílio popular não é a regra. O preconceito contra os ciganos no país é tão real quanto contra qualquer outro grupo étnico, inclusive, por parte das instituições, que não reconhecem a sua existência por falta de documentações – inacessíveis para muitos. Com a pandemia, essa realidade apenas se agravou. “A situação do nosso povo está muito complicada dependendo da região. Como não podemos sair para negociar, estamos passando por necessidades”, afirma Enildo, cigano da etnia calon.

Com um número aproximado de 20 contaminações e 5 óbitos por Covid-19 entre ciganos em Pernambuco, Enildo conta que as comunidades também não recebem assistência médica. “O poder público não está vindo nas comunidades, nem para vacinar, nem para dar equipamentos de segurança contra a Covid”.

Segundo matéria publicada pela Marco Zero Conteúdo, no final do ano passado, Pernambuco estava em segundo lugar em número de mortes de ciganos no Brasil, empatado com o Goiás e ficando atrás da Bahia, que contabiliza 10 óbitos. A escassez de informações sobre as comunidades ciganas impede a confirmação desse número em março de 2021.

 

TEXTO: Guilherme Anjos

FOTO: Reprodução ICB

BANNER: Ana Júlia Duarte

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