Indígenas não aldeados ficam fora do plano de vacinação

Para garantir a imunidade contra a Covid-19 para os grupos de risco, o Ministério da Saúde divulgou o Plano Nacional de Imunização (PNI), que tem a população indígena como um dos grupos prioritários.

Segundo o órgão, era esperado que um pouco mais de 26,5 mil indígenas fossem vacinados apenas em Pernambuco, mas não aconteceu bem assim; de acordo com dados fornecidos pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Pernambuco (Dsei), cerca de 15 mil indígenas, em sete territórios do estado, não foram imunizados. O motivo? Para o PNI, apenas indígenas aldeados receberão prioridade.

João Vitor, indígena do povo Pankararu e morador da aldeia Brejo dos Padres, conta que no seu território os aldeados receberam as vacinas, mas os membros de seu grupo étnico que vivem na cidade ficaram de fora. “Existem pessoas que são daqui, mas moram na cidade por que trabalham, por que não possuem um terreno para fazer uma casa ou por qualquer outro impedimento, mas elas não deixam de ser indígenas. Essas pessoas são nossos tios, nossos primos, nossos parentes que estão morando lá fora por uma necessidade e não uma escolha”, explica. 

“A pandemia da covid-19 trouxe também outras pandemias, sendo essas a da exclusão, do ódio, da invisibilidade e do apagamento e elas acabam refletindo no extermínio e etnocídio das populações indígenas, visto que as políticas nacionais se tornam apenas documentos e não são executadas na prática”, menciona João, acerca da segregação imposta pela proposta do PNI.

Também é importante levar em consideração que os indígenas que vivem em áreas urbanas, em sua maioria, se encontram nas periferias das cidades e acabam indo parar no Sistema Único de Saúde (SUS), onde nem sempre conseguem receber atendimento de acordo com suas especificidades. Em entrevista para a Marco Zero Conteúdo, Ana Lúcia Pontes, coordenadora do Grupo Temático Saúde dos Povos Indígenas da Abrasco, conta que a população indígena sofre com graves problemas de saneamento básico e com o aumento de doenças crônicas. Além do crescimento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), aumentando o número de mortalidade.

Texto: Deborah Amanda

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