Nos últimos anos, o aumento do acesso à Internet possibilitou que as pessoas formassem um novo modelo de mobilização nas redes sociais. Provavelmente o maior caso, até agora, foi o da primavera árabe no ano de 2010. O twitter foi uma peça crucial para a organização dos protestos. Para o movimento negro, esse espaço significou iniciar uma série de debates que ficam, muitas vezes, restritos pois as pautas da negritude não são consideradas relevantes em outros ambientes. Assim, a Internet se tornou uma ferramenta importante para o movimento negro.
De acordo com a última pesquisa realizada pelo IBGE sobre o assunto, feita em 2018, a Internet era utilizada em 79,1% dos domicílios brasileiros. O fluxo massivo de informações em canais do YouTube, blogs, sites e redes sociais (como Facebook e Twitter) faz com que as pessoas tenham um acesso mais intenso a diversos temas. É nesta situação e contexto que se encontra a militância virtual. São compartilhados artigos, vídeos e debates sobre vários tópicos (entre eles, negritude) em grupos, páginas e perfis pessoais.
Catarina de Angola, jornalista, feminista negra e diretora executiva da Angola Comunicação, uma agencia de comunicação que tem como público as ONGs e pequenas empresas, declara sobre ativismo negro nas redes: “Essa popularização da internet conseguiu reforçar os movimentos sociais como um todo […] Eu acredito que essa possibilidade de produzir conteudo online foi muito importante para o movimento negro, porque nos possibilita, de certa forma, a ecoar nossas pautas e nossas histórias pelo mundo. […] Representatividade importa, eu não acho que é o único caminho que a gente tem para fortalecer nossas lutas, mas é importante.”
Aida Monteiro, professora de educação em direitos humanos da universidade federal de pernambuco, explica que a internet é apenas um meio de comunicação, que se mal usado pode até atrapalhar os movimentos sociais. “Há um ativismo virtual de fato negativo, que é quando ele trás fake news e preconceitos. E isso não é apenas uma questão da internet, e sim das pessoas em si.” E ela explica como o ativismo nas redes pode ser positivo, e trazer articulação e mobilização das pessoas: “Eu penso que podemos dizer que a internet está sendo bem utilizada quando ela trás a flexibilidade de atuar com a socialização das informações. Isso atinge todos os movimentos, não só o movimento negro. Desde que sejam comunicações verdadeiras e sérias, e que tragam informações com legitimidade e credibilidade, tem tudo para dar certo.”
Reportagem especial produzida pelos alunos da disciplina de Jornalismo e Direitos Humanos da Universidade Católica de Pernambuco.
Dara Alves – @_alvesdara
Luís Lucena – @luisfim
Agradecimentos:
@crespografia / @catarinadeangola / @angolacomunicacao