Taxa de transmissão de coronavírus volta a subir no Brasil

Texto por Vitória Floro.

O Brasil é um dos países que está preocupando a Organização Mundial de Saúde (OMS). O diretor geral Tedros Adhanom Ghebreyesus destacou, na coletiva de imprensa em Genebra, nesta segunda-feira (30), que os brasileiros precisam ter cautela e levar a sério a situação “muito preocupante” que o país se encontra.

Essa semana a taxa de transmissão (rt) da covid-19 no Brasil chegou em 1,30, um número tão alto como esse não era registrado desde maio, quando o índice atingiu 1,31, de acordo com dados do Centro de Controle de Epidemias do Imperial College, de Londres. 

A taxa de transmissão é um medidor que indica para quantas pessoas um paciente infectado pode transmitir o vírus. Quando ela é maior que 1, significa que cada infectado tem potencial de transmitir a doença para mais de uma pessoa. Assim, com base nos atuais números do Imperial College, um grupo de cem infectados transmitem o vírus para outras 130 pessoas.

Alguns estados do país já estão sentindo os efeitos dessa elevação no número de casos. Em Pernambuco, o governo anunciou na quinta-feira (26) a disponibilização de 70 leitos para assistência a casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag). Segundo André Longo, secretário estadual de Saúde, essa ativação de leitos é prevista para quando há uma ocupação maior que 80%. 

Em São Paulo, o governador João Dória (PSDB) está retomando as medidas mais rígidas de isolamento social. Em coletiva, na segunda-feira (30), ele anunciou que o estado retornará para a fase amarela do Plano Sp. Essa medida restringe o horário de funcionamentos de bares e restaurantes, permite apenas 40% da ocupação máxima dos locais, exceto em academias onde o limite fica em 30% e cancela as festas e grandes eventos que só poderão acontecer após 28 dias de cumprimento da fase amarela. 

No início de novembro a jornalista Mônica Bergamo havia anunciado em sua coluna na Folha o aumento do registro de atendimentos, por causa da doença, em hospitais particulares de São Paulo. O número de internações no hospital Sírio-Libabêns, que caiu para 80 em outubro, voltou a subir chegando em 120 admissões. Entretanto, o secretário-executivo do comitê de contenção do novo coronavírus, João Gabbardo, negou que a situação estivesse tão grave quanto os jornais estavam relatando. “Números de São Paulo não estão piorando. Os aumentos de internação não se confirmam nos indicadores que acompanhamos. Variações de um dia para o outro acontecem. Mas em períodos maiores, como na média móvel, não se confirma o aumento. É definitivo? Não é. Então continuaremos acompanhando”, explicou o secretário.

Enquanto os estados se mobilizam para tentar conter os danos que a segunda onda da epidemia pode causar no país, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desconsiderou a possibilidade de um novo pico de infecções. “Agora tem essa conversinha de segunda onda”, disse o presidente no início do mês de novembro.  

 

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