A violência contra mulher tem precedentes na cultura machista contida na sociedade. Hoje, diante de tanta luta, podemos dizer que tivemos alguns ganhos, como a Lei Maria da Penha e o reconhecimento do Feminicídio.
Porém, a mulher ainda é muito desrespeitada e agredida. Segundo Izabel Santos, coordenadora do Comitê de Enfrentamento a Violência e ao FeminicÍdio na região estratégica de Suape (COMFEM), dados do Instituto Patrícia Galvão apontam que a cada 11 minutos uma mulher é vítima de estupro no Brasil. Por outro lado, a cada duas horas, uma mulher é assassinada. Ainda segundo os dados, 503 mulheres são vítimas de agressão, a cada cinco horas, e outras cinco são vitimas de espancamento a cada dois minutos.
De acordo com o Instituto Patrícia Galvão, a maioria acredita que as vítimas não costumam denunciar os casos (53%). Entre esse grupo, também a maioria (66%) aponta o constrangimento como razão para manter silêncio perante as autoridades. A mesma parcela (66%) também considera a “vergonha” um importante fator que limita as denúncias.
Em casos de abusos e violência contra a mulher, um dos aspectos principais, é o acolhimento que, muitas vezes, é frio e desrespeitoso em delegacias comuns. A vergonha é muito compreensível pois, muitas vezes, a mulher é recepcionada de forma julgadora. Não é raro vermos exemplos como o caso recente que ocorreu em Santa Catarina (SC) em 2018, em que a vítima Mariana Ferrer foi estuprada pelo o Empresário André de Camargo Aranha que ganhou visibilidade devido a forma que o processo foi conduzido, no qual o advogado de defesa do agressor Claudio Gastão da Rosa Filho, humilha a vítima sem a interferência do Juiz Rudson Marcos do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). O promotor do Ministério Público de Santa Catarina, Thiago Carriço de Oliveira, pediu absolvição do agressor alegando falta de provas e afirmando que o empresário não tinha intensão de estuprar a jovem, demostrando um grande descaso jurídico.
A comoção em rede social foi grande e muitas mulheres se solidarizaram com Mari Ferrer, não só por serem mulheres, mas pelo o fato da impunidade trazer lembranças de alguma situação já vivida e que não foi relatada, por medo ou por ter a certeza de não ser ouvida. São traços de que a cultura machista ainda é muito evidente na nossa sociedade.
A violência sexual é um crime que vem crescendo no país. Esses atos começam com pequenos abusos que, para algumas pessoas são considerados normais, que nem sempre se revelam como agressão, por não ter contato corporal todas as vezes. No entanto, a violência pode começar na saúde psicológica da vítima e deixar ela vulnerável a ponto de se culpar pelo o ato do agressor, daí também a baixa notificação de casos. É preciso estar atenta para identificar esses episódios e enfrentar essa cultura que desrespeita e ameaça as mulheres.Matéria: Wilma Santos