Profissionais de saúde e professores alertam para os perigos da retomada das aulas presenciais em Pernambuco

FOTO: Athit Perawongmetha/Reuters

Diante do anúncio da retomada das aulas presenciais em Pernambuco, feito no mês passado, professores e profissionais de saúde começaram uma luta pela conscientização do Estado e da sociedade civil. O objetivo é alertar para os perigos que uma gradual volta das atividades escolares pode oferecer para alunos, familiares, professores e funcionários.

Pernambuco apresenta, atualmente, uma taxa estável de ocupação de leitos, abaixo de 60%, mas a Secretária Estadual de Saúde (SES-PE) adverte que a transmissão do vírus ainda é comunitária e os cuidados precisam ser mantidos. A Rede Solidária em Defesa da Vida (RedeSol-PE), composta por profissionais de saúde da região, também atenta para o fato de que, “reabrir as escolas implica ainda em um aumento da circulação de escolares, professores e familiares, diariamente, em transportes públicos inadequados e com excessiva “carga de exposição” ao vírus”, afirma em documento publicado na internet.

Na Rede Privada, algumas escolas do Recife já iniciaram suas atividades presenciais e não obtiveram bons resultados. O colégio Damas, localizado no bairro das Graças, Zona Norte, anunciou suspensão das aulas para as turmas do 3º ano do ensino médio, devido a casos de Covid-19 entre os estudantes. O Colégio de Boa Viagem, bairro da Jaqueira, também relatou um caso da doença. Em nota, a instituição afirmou que a aluna infectada estava assintomática e que, só retornará às aulas presenciais quando tiver liberação médica”. Entretanto, as aulas para os outros estudantes estão mantidas porque “nenhum outro aluno da turma presencial ou da equipe de colaboradores da escola apresentou qualquer sintoma de gripe ou foi diagnosticado com resultado positivo”.

O Sindicato dos Professores do Recife (Simpere), repudiou a reabertura das escolas, “até em um dos maiores colégios privados do Recife não se foi possível conter o contágio, colocando em risco a vida dos profissionais de educação e toda comunidade escolar. Nos solidarizamos e apoiamos a greve das trabalhadoras e trabalhadores em educação da rede estadual, assim como os professores e professoras contratadas que estão sofrendo assédio moral por parte da Secretaria de Educação do Estado”, comenta, em nota.

 

Panorama Mundial

A Europa já enfrenta a segunda onda de Covid-19, que de acordo com o infectologista Arnaud Fontanet, conselheiro científico do governo francês no combate à pandemia, está se espalhando com mais rapidez do que a primeira. Em situação semelhante a do Brasil, a França relaxou as medidas de isolamento social em julho, devido a queda no número de casos que criou uma atmosfera de falsa segurança. Durante esse período, mais de 400 mil escolas voltaram com suas atividades, uma semana depois, mais de 70 foram fechadas. O ministro da educação Jean-Michel Blanquer afirmou que a maior parte dos casos aconteceram fora das escolas, mas envolveram a comunidade escolar e pessoas que mantinham contato direto com as crianças. É essa mesma preocupação que a RedeSol-PE, expressa com a reabertura das escolas em Pernambuco. “As crianças e adolescentes são mais propensos a serem assintomáticas podendo disseminar o vírus de modo silencioso para os adultos diretamente envolvidos com os seus cuidados, como professores, babás e a família, e serem responsáveis pela ocorrência de surtos”, alerta a organização.

 

Por: Vitória Floro

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