Depois de sete meses desde que a COVID-19 deu seus primeiros sinais no Brasil, o país atinge a marca de 150 mil mortos pela doença, e 5 milhões de infectados – o segundo país mais afetado, atrás apenas dos Estados Unidos. Entretanto, o aumento desses números tem desacelerado, os estados brasileiros já buscam pela reabertura total e planejada do isolamento social e as pessoas já estão de volta às ruas, às praias e aos trabalhos presenciais. O “Novo Normal” já chegou, e já é seguro continuar a viver normalmente? Ou o país precisa se preparar com uma segunda onda do vírus, em decorrência da movimentação nas ruas?
Desde o primeiro registro de óbito pelo coronavírus, o Brasil precisou lidar com desinformação, brigas internas entre os seus líderes, trocas de ministros da saúde, e com pessoas determinadas a contradizer as medidas de prevenção ao vírus. Hoje, meses depois, diversos municípios começam a retomar suas atividades, e a população volta a ocupar bares, restaurantes e praias sem que o sistema de saúde entre em colapso. Enquanto isso, outras cidades ainda precisam lidar com grandes números de infectados e em situação de risco, sobrecarregando os hospitais.
Contudo, é um fato que o aumento dos índices de óbitos e infectados pelo vírus têm desacelerado. Em entrevista ao UOL, Márcio Sommer Bittencourt, médico do centro de pesquisa clínica e epidemiológica do hospital universitário da USP, explicou que a queda nos números de novos contaminados é um processo natural.
“Quando você soma uma parte dos doentes que não sai de casa; uma parte da população usando máscara; uma parte da população higienizando as mãos; uma parte da população permanecendo distanciada; uma parte da população já infectada e, provavelmente, já imune; tudo isso se soma e faz com que a curva desacelere. Aí, temos uma queda lenta e gradual.”
Mesmo durante o processo de desaceleração, o Brasil continua a bater novos recordes de óbitos e contaminação – como a recém atingida marca de 150 mil mortos pelo COVID-19. Para a vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), Bernadete Perez, esse número poderia ser muito maior, mas também poderia ter sido evitado, se não fosse pela ausência do Governo Federal no combate da pandemia. “Nós tivemos uma ausência do Governo Federal na resposta à epidemia, tanto do ponto de vista clínico-epidemiológico, como do ponto de vista simbólico, social, de investimento em pesquisas. Mas ela poderia ser maior, não fosse a articulação de serviços e instituições que ainda resistem nos territórios, que representam o SUS (Sistema Único de Saúde),” afirma.
Com a reabertura do comércio e das áreas de lazer em quase todo o país e a grande movimentação de pessoas nos estabelecimentos e nas praias, é fato que o “novo normal” já começou a se instaurar, mas isso não significa que a pandemia acabou – na realidade, os riscos existirão até existir uma vacina eficiente em circulação. Então, para continuar retomando a vida fora do isolamento, é necessário continuar seguindo os protocolos de segurança: uso de máscaras, higienização das mãos com álcool em gel 70%, distanciamento social e o auto isolamento em caso de sintomas do vírus.
TEXTO: Guilherme Anjos