Despejo durante Pandemia vulnerabiliza ainda mais populações mais pobres

A Organização Mundial de Saúde recomenda que todas as pessoas permaneçam em casa durante a pandemia do novo coronavírus. Mas como ficam os que não têm casa? E para os que foram retirados de seus lares?

No dia 7 de maio, famílias da comunidade Taquaral, em Piracicaba-SP, foram despejadas com reforço policial, após uma ação judicial declarar reintegração de posse a um coproprietário que tem monopólio indireto da área ocupada. A polícia afirmou que haviam 20 pessoas quando iniciaram a operação, a prefeitura do município afirma que 19 delas foram cadastradas no programa social de habitação, mas o grupo da comunidade, assim como a Articulação Justiça e Direitos Humanos (JusDh), afirmam que em torno de 50 famílias habitavam a área.

Antes da operação, no dia 5, alguns grupos, como advogados populares, elaboraram um documento pedindo a prefeitura uma intervenção, afirmando que é fundamental assegurar o direito à alimentação, moradia, segurança e saúde, e tomar essa medida de despejo dificulta as ações de isolamento social durante a crise epidemiológica. Apesar disso, na noite do dia 6, a Justiça decidiu manter a decisão, abordando que a ocupação pode vir a crescer e propagar ainda mais a contaminação.

Uma nota de repúdio foi divulgada pela JusDh, afirmando que a ação ignora a vulnerabilidade já sofrida pelas famílias desde janeiro deste ano, e alimenta a desassistência dessas pessoas. Por fim, a Articulação reivindicou que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lance uma recomendação para que não mais haja ações de despejo nesse período.

📸 JusDh
📝Mayara Moreira Melo

OLMA participa de lançamento da campanha ‘A vida por um fio: autoproteção e lideranças ameaçadas’

O Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (OLMA) esteve entre as entidades que marcaram presença no lançamento da campanha ‘A vida por um fio: autoproteção e lideranças ameaçadas’, que aconteceu na segunda-feira (25/5), em videoconferência que contou com aproximadamente 100 pessoas de todas regiões do país. A iniciativa tem por objetivo defender e promover eficazes políticas públicas de defesa das comunidades e pessoas ameaçadas, denunciar a nível nacional e internacional as ameaças sofridas por tais atores sociais e comunidades, além de auxiliar na construção de protocolos comunitários de autoproteção.

A campanha foi apresentada ao grupo que reuniu atores das pastorais sociais, representantes das organizações eclesiais e da sociedade civil vinculadas a defesa dos direitos humanos, lideranças de povos tradicionais, religiosos, religiosas, entre outros, e é uma iniciativa da Cáritas Brasileira, Comissão Episcopal para a Amazônia e Comissão Episcopal, Pastoral para a Ação Sociotransformadora da CNBB, Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Escola Nacional de Fé e Política (CEFEP), Instituto Agostin Castejon (IAC), Pastoral Carcerária Nacional, REPAM-Brasil, Centro Popular de Formação Vida e Juventude, Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) e Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (OLMA), da Província dos Jesuítas do Brasil.

A formação está dividida em cinco módulos virtuais que abordarão os principais elementos teóricos e práticos dos Direitos Humanos no âmbito socioambiental. Metodologicamente os participantes farão uma Trilha de Aprendizagem autônoma, com confluências coletivas em seminários gerais. Utilizando a plataforma Moodle, contarão com fórum de noticiais, subsídios de reflexão e atividades diversas. Cada módulo conta com diferentes facilitadores especialistas nos temas específicos que passaram por formação prévia dentro da própria plataforma.

O lançamento, além de apresentações gerais e combinações iniciais, contou com depoimentos de pessoas vinculadas ao programa federal de proteção a pessoas ameaçadas e assim, trouxe a real dimensão do desafio que os participantes encontrarão na defesa de seus objetivos.

Para assistir o lançamento basta acessar: https://www.facebook.com/vidaejuventude/videos/251706026100736/?v=251706026100736

A Campanha também desenvolveu um Guia Metodológico que busca alinhar as diferentes perceptivas a respeito dos Direitos Humanos e subsidiar pessoas e comunidades em ações concretas de defesa e autoproteção. O Guia pode ser acessado em:  http://olma.org.br/wp-content/uploads/2020/05/Guia-Metodológico_web.pdf

De acordo com o Caderno de Conflitos no Campo, desenvolvido anualmente pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), cerca de 580 mil pessoas lutam pelo direito a terra e água, hoje no Brasil. Apenas no último ano (2019) ocorreu um aumento de 23% dos conflitos no campo e nestes casos, foram identificados mais de 6 mil casos envolvendo pistoleiros, totalizando 32 assassinatos.

Com esta ação, a Igreja no Brasil e suas organizações de base, firmam seu compromisso com a defesa da vida, no caminhar junto com as comunidades do campo, da floresta e das águas. Acima de tudo, neste tempo de pandemia, inovam com coragem, em ambientes virtuais e no uso das novas tecnologias a favor da vida. Este é um marco histórico!

Fonte: Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida

A influência da desigualdade racial no número de mortes por covid-19.


Pesquisas sobre o novo coronavírus não apontam raça como um dos fatores de grupos de risco. No entanto, o número de internações e óbitos de pacientes pretos e pardos é cinco vezes maior que o número de óbitos de pacientes brancos. Se raça não é um motivo de agravamento da doença, por que a população negra está morrendo mais?

A reposta pode estar em questões socioeconômicas e raciais. A pandemia da covid-19 deixou ainda mais evidente a desigualdade social e racial brasileira. Por muito tempo, o critério racial definiu quem tinha acesso a saneamento básico, moradia, educação e a serviços de saúde, aquilo que deveria ser direito essencial e básico para todos. Essas disparidades ainda são muito fortes no Brasil.

Grande parte da população negra do Brasil vive em comunidades. Lugares que, em sua grande maioria, tem saneamento básico precário, onde a falta de água é constante, e casas pequenas com mais de cinco moradores, que acarreta falta de espaço para cumprir o isolamento, o que torna difícil para essas pessoas realizar as recomendações básicas para evitar a infecção. Além disso, nem todos os brasileiros tem fácil acesso à informação, que seria essencial para entender os cuidados necessários, fora a dificuldade de entrada em hospitais públicos, que estão lotados e muitas vezes sem estrutura, a demora em conseguir o tratamento necessário pode ser letal. Então, sim, a desigualdade racial é o principal fator que explica a diferença nas taxas de letalidade e infecção entre negros e brancos.

Um aspecto socioeconômico, que também influência na taxa de mortalidade da população negra, é a necessidade de trabalhar, o que torna essas pessoas ainda mais expostas ao vírus. Muitos trabalham em serviços que exigem a presença física. Sem privilégio de Home Office, essa parcela da população precisa escolher entre seguir o isolamento social e ficar sem renda ou perder o emprego, ou sofrer com o risco de infecção.

Vale lembrar que há uma subnotificação de casos no Brasil, e nas periferias, o diagnóstico da covid-19 é ainda mais baixo, o que mostra que o número é ainda maior do que o que os registros apontam. Diante da necessidade da coleta de dados, uma liminar da Justiça Federal do Rio de Janeiro, determinou que casos confirmados e óbitos, que resultem do coronavírus, devem incluir informação de raça e cor dos pacientes.

Portanto, há um equívoco quando afirma -se que a pandemia é capaz de igualar todos, pois é evidente que uma parte da população sofre mais que a outra. E essa parte, tem cor e classe declaradas.

Matéria: Odara Hana

Imagem: Jerome Gilles

COMUNICARDH 👀 Clipping da Cátedra Unesco/Unicap de Direitos Humanos Dom Helder Camara 

 

  1. ☑ COMUNICARDH
    👀 Clipping da Cátedra Unesco/Unicap de Direitos Humanos Dom Helder Camara

➡️ OIM doa 1,5 tonelada de alimentos para migrantes que aguardam abertura das fronteiras no Acre
ONU Brasil: https://bit.ly/2AXGe4k

➡️ Pandemia pode provocar aumento do tráfico de pessoas no mundo, alerta relatório do UNODC
ONU Brasil: https://bit.ly/3em4ThA

➡️ Hackathon virtual reúne 82 propostas de transformação social diante da pandemia
ONU Brasil: https://bit.ly/2THRrMX

➡️ Sob pressão e invisibilizados, assistentes sociais garantem direitos a famílias de pacientes com Covid-19
Marco Zero Conteúdo: https://bit.ly/2AbPO34

➡️ Coronavírus: Desembargadora do Amapá tenta abrir comércio e cola cartas escritas à mão nas ruas pelo fim do isolamento
The Intercept Brasil: https://bit.ly/36uiEYC

➡️ Terceirizados e precarizados, operadores de telemarketing se arriscam ao contágio em salas sem janelas
Agência Pública: https://bit.ly/2yzÉQrDp

➡️ Relatoria da ONU enviou carta ao STF alertando sobre perigos do marco temporal, tese base do Parecer Antidemarcação
CIMI: https://bit.ly/3c1Bvvd

➡️ Enquanto o presidente ignora cientistas, enfrentamos a covid-19
Nexo Jornal: https://bit.ly/2B41zJy

➡️ Esta plataforma online monitora as ameaças à democracia no Brasil
Nexo Jornal: https://bit.ly/3caA2mI

➡️ Mães na quarentena: a desigualdade de gênero na ciência
Nexo Jornal: https://bit.ly/3eoHwnE

➡️ Mais da metade dos bancários da Caixa sofre assédio moral, aponta pesquisa
Brasil de Fato: https://bit.ly/3d5OTA3

➡️ Câmara inclui na pauta projeto de lei para socorrer trabalhadores ligados à cultura
Brasil de Fato: https://bit.ly/2yCFYag

➡️ Em Salvador quase 90% dos leitos de UTI estão ocupados
ANF: https://bit.ly/2A6z0e7

➡️ Jornais deixam cobertura do Palácio da Alvorada por agressões e xingamentos
ANF: https://bit.ly/2ZCEpEd

➡️ Defesa Civil de Olinda faz ações nos morros após fortes chuvas
Diário de Pernambuco: https://bit.ly/2zniYMY

➡️ Recife retira cloroquina e hidroxicloroquina de protocolo da Covid-19 após OMS alertar para riscos
Diário de Pernambuco: https://bit.ly/36uKJzf

☑ COMUNICARDH
Clipping produzido pela Cátedra Unesco/Unicap de Direitos Humanos Dom Helder Camara
Recife, 26.05.20

☑ Siga nossos programas nas redes sociais e fique por dentro das pautas atuais em direitos humanos
🎙️ https://bit.ly/3cJ6q09
📺 https://bit.ly/2VQoU8e

1ª MESA DE DEBATES ONLINE SOBRE OS DIREITOS HUMANOS NOS TEMPOS DE COVID -19

Nesta quarta-feira, dia 27.05, às 19 horas, através da plataforma Zoom com transmissão ao vivo no YouTube da OAB Olinda, será realizada a 1a Mesa de debates online sobre os Direitos Humanos nos tempos de COVID-19.
No debate, teremos a participação de

Ciani Sueli das Neves – Doutoranda em Direito (UNICAP), Mestre em Ciências Jurídicas (UFPB), Especialista em direitos humanos (UFPB), graduada em direito (ASCES). Pesquisadora em Justiça Restaurativa e Violência contra a Mulher (FACEPE). Professora de Direitos Humanos e Direito Internacional Público.

Tema: Violência doméstica durante a crise pelo Covid-19.

Diego Guimarães – Juiz federal (TRF5), Doutorando em Ciências jurídicas e Mestrado (Universidad de Granada)

Tema: A liberdade de reunião “sob cuidados intensivos”.

Manoel Moraes – advogado, professor, Cientista Político, doutorando em Direito pela UNICAP.

Tema: A Covid-19 e os Direitos Humanos: A experiência da rede solidária em defesa da vida-PE.

Marcel Luciano – Advogado Criminalista, Professor de Direito Penal, Doutorando em Ciências Criminais.

Tema: A dignidade da pessoa humana em tempos de pandemia (Covid-19).

Ricardo Russell – Defensor Público Federal. Professor do IFPE. Mestre pela UNICAP. Doutorando pela UMINHO.

Tema: A atuação da DPU em tempos de pandemia.

Imperdível!!! Inscrições gratuitas no link abaixo!

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https://www.sympla.com.br/1-mesa-de-debates-online-sobre-os-direitos-humanos-nos-tempos-de-covid–19__863517

Responsáveis por mortes evitáveis por Covid-19 podem responder por crimes

Instituições da sociedade civil lançaram um alerta sobre a responsabilidade pelas mortes evitáveis por Covid-19. No documento, as organizações alertam que não estão sendo adotadas medidas de isolamento social adequadas, cientificamente comprovadas como política mais eficaz para salvar vidas nos locais onde há aceleração da disseminação de casos e de óbitos, bem como o esgotamento da capacidade do sistema de saúde.

O alerta também informa que medidas excepcionais e urgentes de proteção social, como alimentação, alojamento e serviços essenciais para as populações mais vulneráveis não foram efetivadas e as de auxílio financeiro estão sendo mitigadas.

Os representantes das instituições ainda denunciam que a insuficiência de leitos, de respiradores e testes, a falta de médicos e de enfermeiros, a exposição de profissionais de saúde a riscos e as condições inadequadas de trabalho são mais letais do que o novo coronavírus, para o qual não há tratamento ou vacina.

O documento encerra informando que entidades científicas e de defesa de direitos estão reunindo evidências e provas para a demonstrar as consequências dessas irresponsabilidades com o objetivo de subsidiar iniciativas aptas a exigir a apuração de atos de improbidade e a reparação do dano coletivo.

O Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor está recebendo adesões de quem ainda quiser assinar o documento. Os interessados podem enviar um e-mail para: alertacoronavirus@idec.org.br

Além do Idec, assinaram o alerta em seu lançamento, a Oxfam Brasil, a SBPC – Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência, O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, a Anistia Internacional Brasil, o Inesc – Instituto de Estudos Socioeconômicos, a ABI – Associação Brasileira de Imprensa, o Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo, a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, o CIMI – Conselho Indigenista Missionário, o Sinmed/RJ – Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro e o Simesp – Sindicato dos Médicos de São Paulo.

Educação em tempos de COVID-19, quem tem acesso?

No Brasil a desigualdade social sempre foi perceptível, mas durante a pandemia do coronavírus esse contraste vem se escancarando. Na educação, ao mesmo tempo que alunos de classe média contam com o conforto de suas casas para continuar os estudos de forma remota, alunos mais carentes lutam pela sua sobrevivência e a de seus familiares.

Embora estudantes de instituições particulares tenham dificuldades com a adaptação do ensino a distância, eles possuem ferramentas necessárias para dar continuidade a seus estudos acadêmicos. Enquanto alunos de redes públicas em diversos casos não têm acesso a condições básicas de higiene, como água e sabão, quem dirá de dispositivos tecnológicos como celular.

Para a professora de Rede Pública, Simone Moreira:
“Na escola pública existem crianças que não têm acesso nem a telefone, então nós temos uma grande dificuldade para atingir essa quantidade de alunos que não têm acesso. Hoje, o professor está passando por um grande desafio, ele precisa repassar para o aluno de uma forma simples, onde o aluno consiga entender, não precisando que os pais intermediem.”

Apesar disso, a Secretaria Estadual disponibilizou materiais de apoio para discentes realizarem atividades e desenvolver seus aprendizados. Além de instruções sobre o projeto Educa-PE, que disponibiliza aulas ao vivo transmitidas pelos canais da TVPE, de segunda a sexta, das 13h às 17h, e também pelo Youtube da TVPE e do EDUCA-PE.

O mundo vem se reinventando, assim como a educação, dessa forma afirma a professora Simone: “A sociedade está reformulando a forma de aprendizagem, a forma de acesso à informação, principalmente do lado cognitivo.”