HERDEIRAS DO MAR

VIOLÊNCIA DE GÊNERO, MEMÓRIA E RESISTÊNCIA FEMININA NA LITERATURA DE MARY LYNN BRACHT

Resumo

A obra Herdeiras do Mar, de Mary Lynn Bracht, constitui ponto de partida fundamental para refletir sobre a violência de gênero em contextos de guerra e o silenciamento histórico das mulheres, especialmente das "mulheres de consolo" coreanas forçadas à escravidão sexual durante a ocupação japonesa. Este trabalho propõe uma análise crítica da narrativa, explorando como a literatura pode atuar como instrumento de resgate da memória coletiva e denúncia das estruturas patriarcais que marcam o corpo feminino como território de dominação. Fundamentada na Literatura Comparada, conforme proposta por Remak (1961), a pesquisa articula a narrativa literária a dimensões históricas, culturais e sociais, utilizando como referencial teórico os estudos de Kim (1983), que discute a erotização da mulher asiática em contextos coloniais e militares; Spivak (1988), com sua noção de subalternidade; Hooks (2000), cuja abordagem interseccional amplia a compreensão da opressão; e Orlandi (2001), que oferece reflexões sobre linguagem e memória. A metodologia combina revisão de literatura e análise interpretativa do romance, visando identificar estratégias narrativas que denunciam a violência institucionalizada e resgatam vozes femininas silenciadas. Os resultados indicam que a obra atua como resistência simbólica, valorizando narrativas marginalizadas e denunciando a perpetuação histórica da opressão de gênero.