O USO DO MAPEAMENTO CULTURAL COMO FERRAMENTA PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA HISTORIOGRAFIA DOS POVOS INDÍGENAS A PARTIR DO POVO KAPINAWÁ
DOI:
https://doi.org/10.25247/hu.2024.v11n21.p165-182Palavras-chave:
Indígenas Kapinawá, Mapeamento Cultural, HistoriografiaResumo
O presente artigo propõe uma análise de um material produzido por indígenas do povo Kapinawá em parceria com Centro Luiz Freire e a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental em Terras Indígenas, intitulado de “O tempo e a Terra: mapeando o território indígena Kapinawá”. O estudo analisa o mapeamento cultural como ferramenta para a construção e divulgação dos indígenas na história do Brasil, e em específico do Nordeste. A pesquisa parte de um recorte bibliográfico com autores que dedicaram parte de suas pesquisas aos kapinawá e ao mapeamento cultural, como ANDRADE (2014), BARBOSA (1987) e SAMPAIO (1995; 1997), assim como autores que questionam o fazer historiográfico como NAVARRETE LINARES (2020). O artigo está estruturado em três seções, na primeira apresentamos resumidamente o Povo Kapinawá. Na sequência, trabalhamos os conceitos de mapeamento cultural, localidade indígena e territorialidade, buscando a aproximação destes com a ciência histórica. Por último, analisamos a obra citada, procurando nela elementos de uma historiografia que considere e contribua para o entendimento das complexidades próprias dos povos originários, em específico dos kapinawá. Acreditamos que a metodologia do mapeamento cultural contribui consideravelmente para um pensamento e afirmação histórica dos povos indígenas no Brasil.
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