AS POPULAÇÕES INDÍGENAS NAS VILAS DE ASSUNÇÃO E SANTA MARIA (SÉCULOS XVIII E XIX)

EXPERIÊNCIAS HISTÓRICAS E TERRITORIALIZAÇÃO NO SERTÃO DO RIO SÃO FRANCISCO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25247/hu.2024.v11n22.p%25p

Palavras-chave:

Índios no Nordeste, Territorialização, Vilas de Índios

Resumo

Este artigo tem como proposta a compreensão das experiências históricas vivenciadas pelas populações indígenas nas vilas de Assunção e Santa Maria, localizadas nas ilhas do rio São Francisco, na região do Sertão de Pernambuco entre os séculos XVIII e XIX. Experiencias relacionadas com os processos de misturas e territorialização quando os aldeamentos missionários dessa região foram extintos e transformados em vilas. As populações indígenas dos aldeamentos foram obrigadas a se “misturarem” tanto com outros indígenas quanto com a população de colonos brancos, pois a proposta da política pombalina era a civilização dos índios através dos casamentos interétnicos. Inseri-los ao corpo de súditos da Coroa portuguesa sem o agenciamento dos jesuítas e outras ordens religiosas. Dessa experiencia da “mistura” os indígenas das citadas vilas vivenciaram outras experiencias relacionada com a sedentarização, trabalho compulsório, assimilação e a invasão das suas terras por colonos brancos. Diante dessas situações, os índios de Assunção e Santa Maria reelaboraram suas estratégias sociopolíticas para o enfrentamento contra os invasores de seus territórios. Estratégias que faziam para dos seus “acervos de experiências” utilizadas tanto em defesa de seus territórios quanto na afirmação da identidade indígena. As fontes manuscritas sobre as vilas de Assunção e Santa Maria, na perspectiva da “Longa Duração”, nos ajudam a identificar as experiências vividas por suas populações e as estratégias por elas pensadas contra a invasão de seus territórios e afirmação da identidade indígena.

 

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Carlos Fernando dos Santos Junior, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

    Doutorando em História pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e professor em História da Secretaria de Educação de Pernambuco. 

Referências

ABREU, Capistrano de. Caminhos antigos e povoamento do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1988a.

ABREU, Capistrano de. Capítulos de história colonial, 1500-18000. 7ª ed. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1988b.

ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. A atuação dos indígenas na História do Brasil: revisões historiográficas. Revista Brasileira de História (on-line), v. 37, n. 75, p. 17–38, 2017.

ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Metamorfoses indígenas: identidade e cultura nas aldeias coloniais do Rio de Janeiro. 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.

ALMEIDA, Maria Regina Celestino de; MOREIRA, Vânia Maria Lousada. Os povos indígenas e a formação do Estado nacional brasileiro. In: MOREIRA, V. M. L. et al. (org.). Povos indígenas, independência e muitas histórias: repensando o Brasil no século XIX. Curitiba: CRV, 2022. p. 123–148.

ARRUTI, José Maurício Paiva Andion. MORTE E VIDA DO NORDESTE INDIGENA: a emergência étnica como fenômeno histórico regional. In: Estdos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 8, n.15, 1995, p. 57-94.

BALANDIER, Georges. A noção de situação colonial. Cadernos de campo, n. 3, p. 107–131, 1993.

BARBOSA, Bartira Ferraz. Paranambuco: herança e poder indígena Nordeste Séculos XVI-XVII. Recife: EDUFPE, 2007.

BARBOSA, Bartira Ferraz. Parã-Nambuco: ocupação espacial e trabalho indígena na Capitania de Pernambuco nos séculos XVI e XVII. São Paulo: USP, 2003. (Tese de Doutorado em História).

BARBOSA, Bartira Ferraz. Índios e missões: a colonização do Médio São Francisco pernambucano nos séculos XVII e XVIII. Recife: UFPE, 1991. (Dissertação de Mestrado em História).

BARTH, Fredrik. Os grupos étnicos e suas fronteiras. In: O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2000. p. 25–68.

BENSÁ, Alban. Da micro-história a uma antropologia crítica. In: REVEL, Jacques. (Org.). Jogos de escala: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro:Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998. p. 39–78.

BRAUDEL, Fernand. História e Ciências Sociais. A Longa Duração. In: Escritos sobre a História. 3ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2014. p.41-78.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. Identidade, etnia e estrutura social. Săo Paulo: Pioneira, 1976.

CERTEAU, Michel de. A escrita da história. 3ª ed. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011.

COSTA, Francisco Augusto Pereira da. Anais pernambucanos. 1701-1739. Recife: Arquivo Público Estadual, v. 5, 1987a.

COSTA, Francisco Augusto Pereira da. Anais pernambucanos. 1795-1817. Recife: Arquivo Público Estadual, v. 7, 1987b.

DANTAS, Beatriz G.; Sampaio, José Augusto; Carvalho, Maria do Rosário. Os povos indígenas no Nordeste brasileiro: um esboço histórico. In: CUNHA, Manuela Carneiro da. (Org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1992, p. 431-456.

DANTAS, Mariana Albuquerque. Indígenas na Independência em Pernambuco: atualização política e Estado nacional. In: MOREIRA, V. M. L. et al. (Eds.). Povos indígenas, independência e muitas histórias: repensando o Brasil no século XIX. Curitiba: CRV, 2022a. p. 451–474.

DANTAS, Mariana Albuquerque. Uma História com o Outro: povos indígenas na historiografia brasileira. In: BARROS, J. D. (Org.). A historiografia como fonte histórica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2022b. p. 329–360.

DANTAS, Mariana Albuquerque. Dimensões da participação política indígena na formação do Estado nacional brasileiro: revoltas em Pernambuco e Alagoas (1817-1848). Niterói: UFF, 2015. (Tese de Doutorado em História)

LOPES, Fátima Martins. As mazelas do Diretório dos índios: exploração e violência no início do século XIX. In: OLIVEIRA, João Pacheco de. (Org.). A presença indígena no Nordeste: processos de territorialização, modos de reconhecimento e regimes de memória. Rio de Janeiro: Contracapa, 2011, p. 241-265.

LOPES, Fátima Martins. Em nome da liberdade: as vilas de índios do Rio Grande do Norte sob o Diretório Pombalino no século XVIII. Recife: UFPE, 2005. (Tese Doutorado em História).

MEDEIROS, Ricardo Pinto. Política indigenista do período pombalino e seus reflexos nas capitanias do norte da América portuguesa. In: OLIVEIRA, João Pacheco de (Org.). A presença indígena no Nordeste: processos de territorialização, modos de reconhecimento e regimes de memória. Rio de Janeiro: Contracapa, 2011, p. 115–144.

MELO, José Antônio Gonçalves de. O Diário de Pernambuco e a História Social do Nordeste (1840-1889) Vol. 1. Recife: Diário de Pernambuco, 1975.

MONTEIRO, John Manuel. Armas e Armadilhas. In: NOVAIS, Adauto (Org.). A outra margem do ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. Pp. 237-249.

MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

MOREIRA, Vânia Maria Lousada. Povos indígenas e novas experiências urbanas na América portuguesa: reformismo pombalino, participação política e pesquisa em rede colaborativa. Espaço Ameríndio. Porto Alegre. V. 17, n.1, p. 235-268, jan./abr. 2023.

MOREIRA, Vânia Maria Lousada. Espírito Santo indígena: conquista, trabalho, territorialidade e autogoverno dos índios, 1798-1860. Vitória: Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, 2017.

NICOLAZZI, Fernando. O conceito de experiencia e narrativa historiográfica. Porto Alegre: UFRGS, 2004. (Dissertação de Mestrado em História)

PACHECO DE OLIVEIRA, João. Uma etnologia dos “índios misturados”? Situação colonial, territorialização e fluxos culturais. In: O nascimento do Brasil e outros ensaios: “pacificação”, regime tutelar e formação de alteridades. Rio de Janeiro: Contracapa, 2016. p. 193–228.

PACHECO DE OLIVEIRA, João. A viagem de volta: etnicidade, política e reelaboração cultural no Nordeste indígena. 2ª ed. Rio de Janeiro: Contracapa livraria, 2004.

PIRES, Maria Idalina da Cruz. Resistência indígena nos sertões nordestinos no pós-conquista territorial: legislação, conflito e negociação nas vilas pombalinas. Recife: UFPE, 2004. (Tese de Doutorado em História).

PUNTONI, Pedro. A Guerra dos Bárbaros: povos indígenas e a colonização do Sertão Nordeste do Brasil, 1650-1720. São Paulo: Hucitec: Edusp: Fapesc, 2002.

POMPA, Cristina. Religião como tradução: missionários, Tupi e “Tapuia” no Brasil Colonial. Bauru/SP: EDUSC, 2003.

RAFFESTIN, Claude. Por uma Geografia do Poder. São Paulo: Ática, 1993.

REVEL, Jacques. Jogos de escala: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998.

SALDANHA, Suely Maris. Fronteiras dos Sertões: conflitos e resistência indígena em Pernambuco na época de Pombal. Recife, UFPE: 2002. (Dissertação em História).

SANTOS JÚNIOR, Carlos Fernando dos. Os Índios nos Vales do Pajeú e São Francisco: historiografia, legislação, política indigenista e os povos indígenas no Sertão de Pernambuco (1801-1845). Recife: UFPE, 2015. (Dissertação Mestrado em História).

SILVA, António Delgado da. Collecção da Legislação Portugueza – desde a última Compilação das Ordenações – Legislação de 1750 a 1762, Lisboa: Typografia Maigrense, 1830, pp.369-376.

SILVA, Kalina Vanderlei Paiva da. "Nas solidões vastas e assustadoras": os pobres do açúcar e a conquista do Sertão de Pernambuco nos séculos XVII e XVIII. Recife: UFPE, 2003. (Tese Doutorado em História).

THOMPSON, Edward Palmer. A miséria da teoria ou um planetário de erros: uma crítica ao pensamento de Althusser. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

VALLE, Sarah Maranhão. A Perpetuação da Conquista: a Destruição das Aldeias Indígenas em Pernambuco do Século XIX. Recife: UFPE, 1992. (Dissertação Mestrado em História).

Downloads

Publicado

2024-12-29

Como Citar

SANTOS JUNIOR, Carlos Fernando dos. AS POPULAÇÕES INDÍGENAS NAS VILAS DE ASSUNÇÃO E SANTA MARIA (SÉCULOS XVIII E XIX): EXPERIÊNCIAS HISTÓRICAS E TERRITORIALIZAÇÃO NO SERTÃO DO RIO SÃO FRANCISCO. HISTÓRIA UNICAP , Recife, PE, Brasil, v. 11, n. 22, p. 148–173, 2024. DOI: 10.25247/hu.2024.v11n22.p%p. Disponível em: https://www1.unicap.br/ojs/index.php/historia/article/view/2996.. Acesso em: 5 dez. 2025.

Artigos Semelhantes

51-60 de 254

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.