Rios, barragens, matas ciliares e o mito da restauração da natureza prístina
DOI:
https://doi.org/10.25247/hu.2020.v7n14.p345-361Palavras-chave:
Barragens, Matas ciliares, História Ambiental.Resumo
Analisa-se neste artigo a permanência de concepções como a de “mata ciliar” na legislação ambiental, nas medidas mitigadoras dos impactos ambientais, nas concepções de movimentos ambientalistas e, também, em pressupostos de pesquisas científicas relacionadas a lagos artificias. Essa noção só seria passível de ser aplicada à realidade ambiental pretérita. A represa de Capivara, no rio Paranapanema (PR/SP) e o seu reservatório de aproximadamente 560 km² são utilizados para a demonstração das transformações ambientais que uma barragem provoca na dinâmica natural de um rio. São alterados os tempos biológicos e históricos, as dinâmicas da economia natural do rio, como correnteza, margens e espécies de peixes e animais, constituindo uma máquina orgânica.
Downloads
Referências
ANA (Agência Nacional de Águas). Relatório de Segurança de Barragens. 2017. Disponível em: http://www.snisb.gov.br/portal/snisb/relatorio-anual-de-seguranca-de-barragem/2017/rsb-2017-versao-enviada-ao-cnrh.pdf. Acesso em: 15/04/2020.
ANDRADE, Jocéli de; SANQUETTA, Carlos Roberto; UGAYA, Cássia. Identificação de Áreas Prioritárias para Recuperação da Mata Ciliar na UHE Salto Caxias. Espaço Energia, n. 3, p. 6-13, out. 2005.
ANJOS, Dulcimar Ferreira dos. Represa Capivara: impactos sócio-ambientais e econômicos no município de Primeiro de Maio. In: O professor PDE e os desafios da escola pública paranaense: produção didático-pedagógica. Secretaria de Educação do Estado do Paraná. Curitiba, 2008. vol. II. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2008_uel_hist_md_dulcimar_ferreira_dos_anjos.pdf. Acesso em: 15/05/2020.
ARRUDA, Gilmar. Entre a natureza “natural” e a natureza “sonhada”: a propaganda de condomínios nas margens da represa Capivara, Rio Paranapanema, PR. História: Debates e Tendências, Santa Maria (RS), v. 16, n. 1, p. 92-112, jan./jun. 2016.
ARRUDA, Gilmar. Turismo, natureza e história ambiental: chácaras de lazer na represa de Capivara-PR. Antíteses, Londrina, v. 6, p. 269-292, 2013.
BENNEMANN, Sirlei T. et al. Dinâmica trófica de Plagioscion squamosissimus (Perciformes, Sciaenidae) em trechos de influência da represa Capivara (rios Paranapanema e Tibagi). Iheringia, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 96, n. 1, p. 115-119, mar. 2006.
BORGHI, Wagner Antonio et al. Caracterização e avaliação da mata ciliar a montante da Hidrelétrica de Rosana, na Estação Ecológica do Caiuá, Diamante do Norte, PR. Cadernos da Biodiversidade, v. 4, n. 2, p. 9-18, dez. 2004.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Resolução CONAMA nº 302, de 20 de março de 2002. Dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno. Brasília, DF, 2002. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=298. Acesso em: 12/05/2020.
BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Brasília, DF, 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm. Acesso em: 12/05/2020.
CABRAL, Diogo de Carvalho. O Brasil é um grande formigueiro: território, ecologia e a história ambiental da América portuguesa, parte 1. Halac, Belo Horizonte, v. III, n. 2, p. 467-489, mar./ago. 2014.
COMISSÃO NACIONAL DE BARRAGENS. A história das barragens no Brasil, séculos XIX, XX e XXI: cinquenta anos do Comitê Brasileiro de Barragens. Coordenador e supervisor: Flavio Miguez de Mello. Editor: Corrado Piasentin. Rio de Janeiro: CBDB, 2011.
COPEL (Companhia Paranaense de Energia Elétrica). Um século de eletricidade no Paraná. Curitiba: Departamento de História/Universidade Federal do Paraná/COPEL, 1994.
CORREA, Dora Shellard. História ambiental e paisagem. HALAC, Belo Horizonte, v. II, n. 1, p. 47-69, set. 2012.
CRONON, William. Introduction: in search of Nature. In: CRONON, William (Org.). Uncommon ground: rething the human place in Nature. New York: W. W. Norton, 1996.
DIEGUES, Antonio Carlos Sant´Anna. O mito moderno da natureza intocada. São Paulo: Editora Hucitec, 1996.
ENGEL, Vera L.; PARROTTA, John A. Definindo a restauração ecológica: tendências e perspectivas mundiais. In: KAGEYAMA, P. Y. et al. (Eds.). Restauração ecológica de ecossistemas naturais. Botucatu: FEPAF, 2003. p. 1-26.
HOBSBAWM, Eric. Não basta a história de identidade. In: HOBSBAWM, Eric. Sobre a história: ensaios. Tradução de Cid Knipel Moreira. São Paulo: Cia das Letras, 1998. p. 281-293.
LEUZZI, Maria Sueli Papa et al. Analysis by RAPD of the genetic structure of Astyanax altiparanae (Pisces, Characiformes) in reservoirs on the Paranapanema River, Brazil. Genetics and Molecular Biology, v. 27, n. 3, p. 355-362, 2004.
LIMA, Ivone T. C. Itaipu: as faces de um mega projeto de desenvolvimento. Marechal Cândido Rondon (PR): Germânica, 2006.
LINDNER, Elfride Arain; SILVEIRA, Nará de Fátima Quadros da. A Legislação ambiental e as áreas ripárias. In: I Seminário de Hidrologia Florestal: Zonas Ripárias, 2003, Alfredo Wagner (SC). Anais [...]. Disponível em: http://www.labhidro.ufsc.br/Artigos/Seminario%20Hidrologia%20Florestal%20(2003).pdf#page=57. Acesso em: 07/11/2017.
LUPION, Moyses. Mensagem apresentada à Assembléia Legislativa do Estado por ocasião da abertura da Sessão Legislativa de 1948. Curitiba, PR, 1948. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui /bitstream/handle/123456789/136545/Ano_1948_MFN_941.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 08/05/2020.
MACHADO, Maria Helena S. H. Primeiro de Maio - História e Memória. In: O professor PDE e os desafios da escola pública paranaense: produção didático-pedagógica. Secretaria de Educação do Estado do Paraná. Curitiba, 2007. vol. II. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2007_uel _hist_md_maria_helena_silveira_hernandes_machado.pdf. Acesso em: 15/05/2020.
MCCULLY, Patrick. Silenced rivers: the ecology and politics of Large Dams. London/New York: Zed Books, 2006.
MCEVOY, Arthur F. Toward an Interactive Theory of Nature and Culture: Ecology, Production, and Cognition in the California Fishing Industry. Environmental Review, v. 11, n. 4, special issue: Theories of Environmental History, p. 289-305, 1987.
MEDRI, Moacyr E. et al. Estudos sobre tolerância ao alagamento em espécies arbóreas nativas da bacia do rio Tibagi. In: MEDRI, Moacir et al. (Eds.). A Bacia do rio Tibagi. Londrina: M.E. Medri, 2002. p. 133-172.
PÁDUA, José Augusto. As bases teóricas da história ambiental. Estudos Avançados, São Paulo, v. 24, n. 68, p. 81-101, jan. 2010.
PIZZATO, Luciano; PIZZATO, Raquel. Dicionário socioambiental brasileiro. Curitiba: Tecnodata Educacional, 2009.
PROGRAMA de revegetação. CTG Brasil, 2016. Disponível em: http://www.paranapanemaenergia.com.br/ Paginas/Programa-de-Revegeta%C3%A7%C3%A3o.aspx. Acesso em: 12/04/2020.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1997.
SEVÁ, Oswaldo. Estranhas catedrais. Notas sobre o capital hidrelétrico, a natureza e a sociedade. Ciência e Cultura, v. 60, n. 3, p. 44-50, 2008.
WCD (World Comission on Dams). Dams and development. A new framework for decision-making. The Report of the World Commission on Dams, London Earthscan Publications, 2000.
WHITE, Richard. The organic machine: the remaking of the Columbia River. New York: Hill and Wang, 1995.
WORSTER, Donald. Transformações da terra: para uma perspectiva agroecológica na história. Ambiente & sociedade, v. 5, n. 2, 2003.
WORSTER, Donald. Under western skies: nature and history in the American West. New York: Oxford University Press, 1992.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Concedo a Revista História Unicap o direito de primeira publicação da versão revisada do meu artigo, licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution (que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista).
Afirmo ainda que meu artigo não está sendo submetido a outra publicação e não foi publicado na íntegra em outro periódico e assumo total responsabilidade por sua originalidade, podendo incidir sobre mim eventuais encargos decorrentes de reivindicação, por parte de terceiros, em relação à autoria do mesmo.
Também aceito submeter o trabalho às normas de publicação da Revista História Unicap acima explicitadas.
A História Unicap está licenciada com uma licença 