A romaria do Juazeiro do Padre Cícero Romão e as facetas da espiritualidade missionária
DOI:
https://doi.org/10.25247/2595-3788.2021.v4n1.p165-187Palavras-chave:
Religiosidade popular, Romaria e missão, Espiritualidade romeira, Pobre e oprimido, Igreja em saída.Resumo
A romaria a Juazeiro do Norte/CE é um dos maiores eventos religiosos do Brasil e, por seu caráter de resistência popular, tem atraído a atenção de pesquisadores e pesquisadoras em diversas áreas do conhecimento, que buscam explicar suas origens e motivos, bem como os seus processos e transformações. O padre Cícero Romão juntamente com o fenômeno das romarias do Juazeiro do Norte representa uma história que só pode ser compreendida a partir de um cenário mais amplo, onde desenvolveu-se uma Igreja de missionários populares como Ibiapina, Conselheiro e Zé Lourenço. O objetivo deste artigo é analisar o fenômeno da romaria do Juazeiro do padre Cícero Romão em perspectiva de missão dentro de um cenário de grandes e marcantes conflitos entre a hierarquia da Igreja católica, religiosidade popular e o Estado brasileiro. Para a missão acontecer e ter continuidade surgiram personagens que se deixaram evangelizar pelos pobres como monsenhor Murilo Barreto e as religiosas Ana Teresa e Annette Dumoulin. Constatou-se que o movimento religioso popular do Juazeiro revela um potencial social subversivo, escondido sob as aparências de passividade alienada, caracterizando um Cristianismo Místico Beato em torno das romarias do padre Cícero, que faz parte de um universo simbólico, marcado pela inclusão do pobre e pela comunhão solidária. Assim, situa historicamente as romarias do Juazeiro do Norte, ressaltando a autoprodução religiosa popular que transformou a região do Cariri cearense em importante centro de peregrinação no Nordeste do Brasil. Identifica a romeira e o romeiro do padre Cícero Romão como protagonistas de uma liturgia própria, uma espiritualidade que se desenvolve em negociações com poderes públicos e com a Igreja.
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