Comida e comunhão nas religiões afro-brasileiras: um olhar antropológico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25247/2595-3788.2020.v3n2.p461-477

Palavras-chave:

Religiões afro-brasileiras, Sacrifício, Comida, Comunhão, Sagrado.

Resumo

Denominamos de religiões afro-brasileiras o complexo das diversas tradições religiosas trazidas para o Brasil pelos negros africanos escravizados e que surge de um processo híbrido e sincrético proveniente de um confronto de valores lusos, ameríndios e afro-brasileiros e não como uma fusão de elementos diferenciados. Partindo dessa concepção, o objetivo deste artigo foi demonstrar que a comida ou refeição é um dos atos mais importantes nessas religiões. Para tanto, enveredamos por suas características e singularidades. A partir daí, descrevemos sua organização e a hierarquia e ressaltamos que o sacrifício de animais (no caso das religiões afro-brasileiras) e as oferendas de frutas (no caso da Umbanda e da Jurema) constituem obrigações centrais nos rituais. Essas, por sua vez, estão diretamente relacionadas às festas e às refeições. Dessa forma demonstramos que não só os humanos, mas os deuses e os objetos se alimentam e comungam.

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Biografia do Autor

  • Zuleica D Pereira Campos, Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP
    Pós-doutora em Ciências da Religião, pela Universidade Metodista de São Paulo (2010). Doutora em História (UFPE, 2001). Mestra em Antropologia (UFPE, 1994). Graduada em Ciências Sociais (Bacharelado e Licenciatura, UFPE 1990). Atualmente é professora titular da Universidade Católica de Pernambuco, atuando no Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião (Cursos de Mestrado e Doutorado) como coordenadora e no Curso de Licenciatura em História.

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Publicado

2020-12-10

Edição

Seção

Dossiê Temático

Como Citar

CAMPOS, Zuleica D Pereira. Comida e comunhão nas religiões afro-brasileiras: um olhar antropológico. Fronteiras - Revista de Teologia da Unicap, Recife, PE, Brasil, v. 3, n. 2, p. 461–477, 2020. DOI: 10.25247/2595-3788.2020.v3n2.p461-477. Disponível em: https://www1.unicap.br/ojs/index.php/fronteiras/article/view/1807.. Acesso em: 22 dez. 2024.

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