Amazônia (s): Permanente colonialidade versus Ecologia integral
DOI:
https://doi.org/10.25247/2595-3788.2019.v2n1.p35-64Palavras-chave:
Amazônia. Colonialidade. Complexidade. Ecologia Integral. Laudato Sí.Resumo
O pano de fundo deste artigo é a celebração do Sínodo Panamazônico a se realizar em outubro de 2019. Sua trama, o nítido conflito entre dois paradigmas irreconciliáveis: “permanente colonialidade” e “ecologia integral”. O primeiro, apesar de hegemônico, tem apresentado visíveis sintomas de adoecimento. Posto que emergente, o segundo encontra-se em processo de gestação. É nosso intuito, num primeiro momento, explicitar as vicissitudes pelas quais vem atravessando a região amazônica desde a conquista e exploração colonialistas até os dias que correm, situando-as no bojo de um processo que se tem caracterizado por uma “permanente colonialidade”. Em seguida, analisaremos três das principais “invenções” da Amazônia, excogitadas pela Modernidade Colonial, que continuam vigentes: mata virgem, vazio demográfico e integridade nacional. Trata-se de construções ideológicas cujo objetivo é justificar discursos e práticas colonialistas e “entreguistas”, em prejuízo dos direitos básicos das populações que vivem na Amazônia. E, ao final, apresentaremos a proposta feita pelo papa Francisco na Laudato Sì’, publicada em maio de 2015, de uma ecologia integral enredada em torno a três nós interconectados: 1) a índole mistérica e complexa do real; 2) uma nova epistemologia: reconhecer, compreender e curar; 3) a consciência de que desafios complexos demandam práticas e saberes integrais. E a conclusão à qual chegamos é a de que, a partir da integralidade constitutiva da fé cristã, buscaremos discernir e reconhecer a complexidade inerente à vida e corresponder a ela mediante propostas e iniciativas igualmente integrais. É com esta específica atitude, portanto, que nos inserimos no processo em curso de preparação ao Sínodo.
Downloads
Referências
BOFF, L. Todos os pecados ecológicos capitais: a Amazônia. In: ID. Ecologia. Grito da Terra. Grito dos pobres. Dignidade e direitos da Mãe Terra. Petrópolis: Vozes, 2015, p. 173-211.
BOFF, L. A encíclica do Papa Francisco não é “verde” é integral. In: MURAD, A.; TAVARES, S. Cuidar da Casa comum. Chaves de leitura teológicas e pastorais da Laudato Si’. São Paulo: Paulinas, 2016, p. 15-23.
FRANCISCUS. Laudato Si. Louvado sejas. Sobre o cuidado da casa comum. São Paulo: Paulus/Loyola, 2015.
MELLA, P. La teología latinoamericana y el giro descolonizador. Perspectiva Teológica, Belo Horizonte, v.48, n. 3, p. 439-461, Set./Dez. 2016.
MIGNOLO, W. Desobediencia epistémica: retórica de la modernidad, lógica de la colonialidad y gramática de la descolonialidad. Buenos Aires: Ediciones del Signo, 2010.
MIRANDA, E.E. Quando o Amazonas corria para o Pacífico. Uma história desconhecida da Amazônia. Petrópolis: Vozes, 2007.
PORTO GONÇALVES, C.W. A Globalização da Natureza e a Natureza da Globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.
PORTO GONÇALVES, C.W. Amazônia, Amazônias. São Paulo: Editora Contexto, 2015.
QUIJANO, A. “Colonialidad del poder, cultura y conocimiento en America Latina”, Anuário Mariateguiano, IX-9, p. 113-121, 1997.
QUIJANO, A. “Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina”. IN: LANDER, E. (ed.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas Latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2000, p. 201-246.
RIBEIRO DE OLIVEIRA, P. A difícil integração humana na comunidade de vida da Terra. In: MURAD, A.; TAVARES, S. Cuidar da Casa comum. Chaves de leitura teológicas e pastorais da Laudato Si’. São Paulo: Paulinas, 2016, p. 90-102.
SANTOS, B. S. Justicia entre saberes. Epistemologías del Sur contra el epistemicidio. Madrid: Ediciones Morata, 2017.
SUSIN, L.C. Conversão ecológica: “conversão da conversão”. In: MURAD, A.; TAVARES, S. Cuidar da Casa comum. Chaves de leitura teológicas e pastorais da Laudato Si’. São Paulo: Paulinas, 2016, p. 40-51.
TAVARES, S.S., “Entre a cruz e a espada: a religião no mundo da tecnociência, do mercado e da mídia”. Horizonte, Belo Horizonte, v. 12, p. 382-401, abr./jun. 2014.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à Fronteiras - Revista de Teologia da Unicap o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta Revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), desde que reconheça e indique a autoria e a publicação inicial nesta Revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer momento depois da conclusão de todo processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).