“AOS COSTUMES NADA DISSE”: PROIBICIONISMO E CRIMINALIZAÇÃO DA POBREZA NAS AÇÕES DA DELEGACIA DE COSTUMES EM PERNAMBUCO (1970-1974)
Palavras-chave:
História de Pernambuco, Polícias, ProibicionismoResumo
Através de processos criminais e reportagens veiculadas nos jornais da capital, demonstram-se discursos proibicionistas e práticas de criminalização da pobreza na atuação da Delegacia de Costumes em Pernambuco durante os “anos de chumbo” da Ditadura empresarial-militar. No período a Costumes capitaneava as ações relativas à repressão da maconha no estado, centralizando a atividade policial que ia desde a prisão de pequenos traficantes na capital até a destruição de plantações no sertão. Destaca-se, além das práticas proibicionistas, outras atividades repressivas de identidades e sociabilidades difundidas entre as populações subalternizadas. Prisões de homossexuais e travestis, pais e mães de santo, bem como o tratamento dispensado a essas pessoas no âmbito jornais são demonstrativos dos marcos de criminalização da pobreza do regime ditatorial. Permanência de períodos republicanos anteriores, a Delegacia de Costumes tinha suas práticas voltadas à repressão das sociabilidades da população negra, constituindo objeto relevante para a compreensão do racismo estrutural no Estado de Pernambuco. É fundamental entender a polícia para historicizar a trajetória dos sujeitos criminalizados.
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