A PEDAGOGIA DAS MULHERES NEGRAS NO SÉCULO XIX: DORORIDADE E RESISTÊNCIA
Palavras-chave:
Violência colonial, Pedagogia das mulheres negras, Um defeito de corResumo
Este estudo é parte de uma tese de doutorado que tem por objetivo analisar a narrativa de Um defeito de cor, da escritora Ana Maria Gonçalves. Nesse recorte, propomos observar no romance citado momentos em que a pedagogia das mulheres negras contribui como movimentos de resistência à violência colonial. Ambientada no início do século XIX, a narrativa abarca a história de vida de Kehinde, uma mulher negra, nascida em Savalu, África, capturada e trazida ao Brasil para ser escravizada ainda quando criança. Ao longo de sua vida, Kehinde enfrenta muitos desafios pela necessidade de conviver em uma sociedade escravocrata, sob os efeitos da colonialidade do poder (QUIJANO, 2005), de gênero (LUGONES, 2014) e de tantas outras violências. Nesse contexto, Kehinde sofre diversos abusos, partilhando a dororidade (PIEDADE, 2017) entre as demais mulheres negras as quais convivia, aprendendo delas estratégias diversas de como sobreviver estando exposta a uma vida de hostilidades, cultivando em si a força necessária para obter sua liberdade e sucesso financeiro. Entre tais ensinamentos, destacamos, a sabedoria ancestral, a manutenção da fé, os ofícios ensinados/aprendidos, o despertar da consciência de sua condição de escravizada.
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Referências
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