Do corporar da existência ao fazer clínico da fenomenologia-hermenêutica
DOI:
https://doi.org/10.25247/P1982-999X.2025.v25n2.p98-115Palavras-chave:
gesto, psicologia, sofrimento, corpoResumo
A reflexão proposta parte de inquietações do saber-fazer psicologia no âmbito da clínica. Tomando como ponto de partida a compreensão da Ação Clínica e as suas ressonâncias no modo do sofrimento contemporâneo, este estudo tem como objetivo de discutir a compreensão de gesto, enquanto corporar da existência, como atitude no fazer clínico de orientação fenomenológica-hermenêutica. A compreensão basilar para este escrito é a noção de Dasein, aqui compreendido enquanto abertura. Assim, o caminho a ser trilhado perpassa pelos indicativos formais heideggerianos presentes em Ser e Tempo (1927) e nos Seminários de Zolikon (1969) em diálogo com o Giorgio Agamben em “Notas sobre o gesto” (2008), Vilém Flusser, no clássico Gestos (2014), alinhado à compreensão de Ação Clínica discutida por Carmem Barreto (2006). À guisa de explicação, a prerrogativa aqui não é fundamentar outros modos de saber-fazer a clínica psicológica, mas (re) pensar o lugar do gesto na perspectiva clínica fenomenológica-hermenêutica.
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