Nietzsche, Brás Cubas e o tédio como a “volúpia do aborrecimento” [Nietzsche, Brás Cubas and de tedium as “voluptuousness of the boredom”]
DOI:
https://doi.org/10.25247/P1982-999X.2011.v1n1.p123-148Resumo
O trabalho procura analisar o fenõmeno do tédio a partir do romance MemóriasPóstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e também a partir das reflexões
feitas por Nietzsche, sobretudo no discurso de Assim falou Zaratustra intitulado
da visão e do enigma e, no parágrafo 341, de A Gaia Ciência. O objetivo é
mostrar o tédio como uma afecção determinante do homem, que marca a sua
história como sendo movida pelo supremo desejo de negação da vida. Negar a
vida significa aqui negar o movimento súbito e gratuito que lhe é próprio de
precisar sempre vir a ser. O eterno retorno desse movimento que não visa a nada
fora dele mesmo é, para o homem entediado, sem sentido, em vão, pois é um
desperdício e esbanjamento inútil de esforço. O entediar-se com a repetição do
sem sentido mostra que o homem entediado não admite vida como sendo
sem sentido, como sendo um irromper gratuito e espontâneo que não visa a
nada além do seu eterno aparecer. O tédio é um sentimento de cansaço
diante da vida, através do qual o homem foge da sua mais profunda dor, a
dor-homem, a dor de nada ser que o aflige, a dor de saber que existir é
esforço contínuo para ser, para conquistar o seu próprio ser. Ao ser entendido
desse modo, o fenômeno do tédio mostra-se em sua íntima conexão
com a compaixão, compreendida como apiedamento do homem por si mesmo
e pela existência enquanto esforço para ser.
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Publicado
2012-01-13
Edição
Seção
Artigos
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Como Citar
CORDEIRO, Robson Costa. Nietzsche, Brás Cubas e o tédio como a “volúpia do aborrecimento” [Nietzsche, Brás Cubas and de tedium as “voluptuousness of the boredom”]. Revista Ágora Filosófica, Recife, PE, Brasil, v. 11, n. 1, p. 123–148, 2012. DOI: 10.25247/P1982-999X.2011.v1n1.p123-148. Disponível em: https://www1.unicap.br/ojs/index.php/agora/article/view/24.. Acesso em: 2 jul. 2024.