Homenagem ao Dia Internacional da Mulher

Esta semana vamos publicar a cada dia a vida e obra de uma fotógrafa. Os trabalhos foram produzidos pelos alunos na disciplina de História da Fotografia em 2014.1 ministrada pela Profª. Ms. Julianna Nascimento Torezani. Já falamos de Margaret Bourke-White, Dorothea Lange, Diane Arbus e Paula Sampaio, hoje vamos abordar a obra fotográfica da brasileira Cindy Sherman.

 

Cindy Sherman

Por Luara Olívia

 

Originais. Polêmicas. Ambíguas. Encantadoras. Assim pode ser definido os trabalhos da fotógrafa americana Cindy Sherman. Conhecida por tirar fotos de si mesma, Sherman distorce o sentido de “autorretrato” e utiliza sua imagem como um veículo para discursões sobre diversas questões do mundo moderno, como a representação da mulher na sociedade, a cultura americana, o poder da mídia e outras diversas situações implícitas. E é assim, sendo a fotógrafa, a modelo, a maquiadora, a estilista, a cabelereira de seus próprios ensaios, que ela se tornou umas das fotógrafas mais respeitadas do final do século XX.

Cynthia Morris Sherman nasceu em 1954,em Glen Ridge, Nova Jersey, num subúrbio de Nova York. Sua família mudou-se pouco tempo depois de seu nascimento e ela cresceu como a mais nova de cinco crianças na cidade de Huntington, Long Island. Não havia uma grande influência de arte pelos seus pais, sua mãe era professora de literatura e seu pai era engenheiro. “A minha ideia de ser um artista quando criança era limitada a desenhistas que trabalham em tribunais ou um daqueles artistas que fazem caricaturas nas ruas”, diz Sherman. Mas apesar disso, seus pais concordaram com sua escolha de entrar na escola de arte depois do Ensino Médio e ela entrou na Universidade State College, em Buffalo.

Sherman estudou Artes Visuais e começou a pintar, até que em pouco tempo se frustrou com as limitações da pintura e desistiu daquilo. E foi nesse momento que o bichinho da fotografia a pegou. Ela relembrou mais tarde ” … não havia mais nada a dizer (através da pintura). Eu estava meticulosamente copiando a arte de outros e então eu me dei conta que eu poderia somente usar uma câmera e colocar em prática uma ideia instantânea”. Então ela seguiu na faculdade, e direcionou seus estudos para a fotografia. Durante este tempo, ela conheceu uma pessoa que se tornou muito importante na sua vida: o artista Robert Longo. Juntamente com Longo e seu colega Charles Clough, Sherman formou Hallwalls, um espaço para exposição de artistas independentes.

Em 1976, Cindy Sherman se formou em fotografia e decide se mudar para Nova York e investir na sua carreira. E foi em um pequeno apartamentoem Fulton Street, Manhattan, que ela começou a tirar fotos de si mesma. Em 1977, surge uma série de fotografias conhecida como “Untitled Film Stills”, talvez o trabalho mais conhecido e reconhecido da carreira dela até agora. Nessa série, constituída por 69 fotos e finalizada em 1980, ela cria personagens femininas sempre solitárias, mas em situações distintas, que nos retomam a personagens de filmes hollywoodianos, sensuais e luxuosas ou mulheres comuns, em momentos de descontração na intimidade de suas casas.

Estas fotografias deram a Sherman muita publicidade e aclamação da crítica, que resultaram em sua primeira exposição no espaço sem fins lucrativos, a Kitchen,em Nova York. Emsuas séries subsequentes, “Rear Screen Projections” e as “Centerfolds or Horizontals”, seus autorretratos mudam de cenários e principalmente de ângulo. A fotógrafa faz referência às revistas pornográficas e utilizas ângulos mais incomuns.

Sempre buscando o incomum e o polêmico, Sherman fugiu um pouco do gosto popular nas suas séries “Fairy Tales”, “Disasters” e “Civil War”.  Pela primeira vez em sua carreira ela não serviu de modelo em todas as fotos, substituindo seu corpo por

bonecos e próteses de partes do corpo retratando cenas não muito agradáveis, repletas de vômitos, mofo e elementos que usava para explorar o nojento.

Em torno de 1988-1990, é produzido o segundo trabalho mais conhecido da obra de Sherman – “History Portraits”. Neste, ela novamente utiliza-se como modelo porém resgatando a ideia das séries anteriores de usar próteses em seu próprio corpo. Em cenários que retomam pinturas famosas ela recria grandes obras de arte.

Em 1992, Sherman parte para, talvez, o seu trabalho mais polêmico: a série de fotografias chamadas “Sex Pictures”. Dessa vez, totalmente ausente de suas fotos, ela usa somente bonecas e próteses de partes do corpo, em poses altamente sexuais. A fotógrafa provoca e choca o público com fotos que criticam os absurdos, como situações diversas de violência, ocasionadas por um cultura que cultiva a pornografia.

O avanço da tecnologia caminhou em total favor desta incomum artista. Entre 2003 e 2004, ela produziu a série “Clowns”, onde o uso da fotografia digital permitiu-lhe criar cenários cromaticamente aberrantes e montagens apavorantes. Em 2008, ela faz autorretratos onde representa mulheres altamente bem vestidas e claramente com os rostos modificados como uma crítica aos padrões de beleza da sociedade e a busca incontrolável a esses padrões.

E foi com o seu trabalho inovador, crítico e único, que Sherman conquista um espaço na história da fotografia e uma valorização de suas fotos ao longo da última década. Em 1999, o preço médio de venda de uma de suas fotografias foi de US$ 20.000 a50.000. Ainda mais inovador foi um leilão em que uma das fotografias de Film Stills tinha sido vendida por supostos US$ 190.000. Esse lance foi talvez inspirado pelo Museu de Arte Moderna: em 1996, eles compraram um conjunto completo da série “Film Stills” por um milhão de dólares. Em 2011, uma de suas fotos foi vendida na casa de leilões Christie’s por 3,9 milhões de dólares, tornando-se, na época, a mais cara fotografia vendida em um leilão de arte.

Também atuou como cineasta em sua carreira, teve fotos para publicidades, exibidas em revistas consagradas como a Vogue francesa, teve reconhecimento de artistas populares renomados, como a cantora Madonna que patrocinou sua exposição no Museu de Arte Moderna de Nova York. Hoje com 60 anos, Cindy Sherman continua fazendo seus projetosem Nova York, onde vive e trabalha.

Untitled Film Still #7. 1978

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Untitled Film Still #13. 1978.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Untitled Film Still #21. 1978.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Untitled Film Still #50. 1979.

 

 

 

 

 

 

 

 

Untitled Film Still #71. 1980.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Untitled #153. 1985.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Untitled Film Still #6. 1977

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Untitled #465. 2008.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Untitled #466. 2008.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Untitled #132. 1984.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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